Nesta sexta-feira (15), Justin Timberlake lançou o tão esperado álbum Everything I Thought It Was. Com ele, o cantor quebrou o hiato de seis anos desde o lançamento de Man Of The Woods, de 2018. Agora, nesta nova fase, Timberlake traz referências do pop Y2K anos 90, como marcado na faixa Selfish, lançada separadamente como single em janeiro deste ano.
Assim, o álbum não apenas conta com a atemporalidade do talento de Justin Timberlake, mas também com o afrobeat de Fireboy DML, a potência de Tobe Nwigwe e a nostalgia da *NSYNC.
Confira o álbum completo e confira o nosso review musical:
Abertura inesperada e sequência de disco
Admito que, quando comecei a escuta do “Everything I Thought It Was” com Memphis, eu esperei qualquer coisa menos o que soou na caixa de som. A faixa tem uma característica do trap, que é a marcação da voz com alterações fortes do tom da voz com autotune. No entanto, é uma exceção do álbum, que não mantém essa característica. Portanto, se você não gostar desta, não se preocupe! As próximas garantem.
Já F**kin’ Up The Disco trouxe uma vibe mais animada pra produção, lembrando um pouco os grandes sucessos do cantor do início dos anos 2000. De fato, há a energia de discoteca, assim como supõe o título, lembrando até o sucesso recente de Dua Lipa “Dance The Night”, que esteve presente na trilha sonora de Barbie.
There ain’t no angels here on the dance floor. Na sequência, No Angels se manteve na característica de música que funcionaria perfeitamente em uma discoteca, com passos de dança sincronizados. Uma realidade é que as alterações na voz fazem com que a impressão que passe é a de mais de uma pessoa performando na canção, mesmo que o único performer seja Justin Timberlake. O mesmo pode se afirmar sobre a quarta faixa do álbum, a Play.
Aliás, No Angels recebeu hoje um clipe poderoso, que conta com uma coreografia e enredo dramáticos dignos de filme.
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Toque de R&B e lembrança dos anos 2000
Então, a partir da quinta faixa, a Technicolor, o álbum entra em uma segunda vibe. Agora, as batidinhas de R&B dominam a sonoridade, em uma faixa que conta com um coro masculino quase angelical que acompanha a voz principal. No entanto, no momento de virada da primeira para a segunda metade da música, o ritmo se acelera e assume um pop mais característico do cantor, em uma escalada muito agradável de se acompanhar.
You didn’t even try to save me; you let me drown. Em Drown, a fã de Timberlake dos anos 2000 que há em mim foi acionada. Acompanha um ritmo constante e, mais perto da conclusão da faixa, assume uma viradinha de ritmo tão boa que faz com que o único defeito da música é ela terminar em 4 minutos e 20 segundos. No entanto, essa energia se mantém em Liar. Nesta faixa, o disco assume um ritmo bastante interessante, uma vez que adota o afrobeat característico do cantor nigeriano Fireboy DML. Nela é perptível a união dos pontos fortes de cada um dos dois, que se juntaram na composição.
Mais uma vez, Timberlake constroi uma máquina do tempo com Infinity Sex. Aqui, dá pra sentir tanto vibes dos anos 80 quanto da sensação que os fãs tiveram quando ouviram Rock Your Body, de 2002, pela primeira vez.
Melancolia também presente, mas rápida
You’re the only one that I fight for. Em Love & War, Justin assume uma melancolia ainda não presente nas faixas do álbum, fazendo desta a escolhida para “música triste”. Nesta, tanto a batida quanto a letra assumem uma postura melancólica, na narrativa de uma pessoa que ainda luta pela outra, mesmo que estejam “fazendo amor enquanto fazem guerra”.
Quebrando a sequência cronológica das canções, a segunda “música triste” do álbum é Alone. No entanto, diferentemente da anterior que apostou em batidas e coral, esta conta com a instrumentalização de pianos e violinos. Nesta, a aposta é de um novo clássico para momentos de coração partido. Principalmente, quando o cantor canta:
Who said that time was enough?
Alone, Justin Timberlake
‘Cause I still can’t get over your love
Mãos no alto!
Na sequência, Sanctified traz a presença tanto do piano quanto do breakdown do rock. Nesta, a parceria do cantor com Tobe Nwigwe fez com que a canção esteja no mesmo nível que Drown, sendo minha aposta para cair rápido no gosto do público. Nwigwe, que em 2023 ganhou o Grammy de Artista Revelação, deixou sua marca no álbum de forma linda, fazendo com que 10ª faixa seja, de longe, a melhor do álbum.
Ânimos lá em cima com My Favorite Drug! A faixa marca o momento de paixão entre duas pessoas na pista de dança. E, pensando nesse cenário, os ritmos abraçam 100% a atmosfera de balada, com pessoas animadas e interações com a plateia no meio da canção. Super animada, excelente.
And now we’re traveling through time
My Favorite Drug, Justin Timberlake
You’re my constellation I’m your sign
And I know it’s you
Ooo dance
I wanna touch your body
No hands
Da mesma maneira, Flame mantém a energia no nível alto, mas com uma letra não tanto assim. Isso porque narra a história de uma pessoa que, mesmo depois de muitos anos, ainda sente a chama do amor, mesmo que a outra pessoa não o sinta. É o clássico de música triste em um ritmo super alegre.
Mais uma fase de disco, porém tão boa quanto
Imagination, a 13ª faixa de “Everything I Thought It Was”, é mais uma que vai cair com muita facilidade no gosto do público. A letra é a clássica de flerte do cantor, que pretende que quem a escute “use a imaginação” para levantar possibilidades sobre o que podem fazer à noite. Da mesma maneira, What Lovers Do também traz uma narrativa de flerte, com os movimentos iniciais de um casal que possa desenvolver algum envolvimento, com uma ritmação um pouco mais lenta que a anterior.
Já Selfish, assim como citado anteriormente, mantém viva a característica das antigas do cantor. É como se suas canções fossem, literalmente, atemporais, trazendo uma nostalgia absurda na voz de um Justin Timberlake de 20 anos depois.
Fechamento com chave de ouro
A 17ª faixa do álbum traz algo surpreendente! Isso porque Paradise não conta apenas com a voz de Justin Timberlake, mas também com Lance Bass, JC Chasez, Joey Fatone e Chris Kirkpatrick, que compõem a *NSYNC juntamente de Timberlake desde 1995. O grupo, que foi um dos mais amados pelo público na década de 1990, faz seu comeback com a canção, depois de ter lançado apenas uma música para a trilha sonora do filme Trolls (Better Place, 2023) em um intervalo de 21 anos do último álbum.
Por fim, Conditions fecha o álbum com chave de ouro. Não tão animada quanto às nas seções de disco, mas também não tão emotivas quanto às da melancolia. O fechamento do disco deixa a sensação de algo sendo concluído, de fato, com a potência da voz de Timberlake em uma parceria com o piano. Além disso, a letra da canção é uma obra-prima.
Sometimes you gotta put the car in reverse to move forward
Conditions, Justin Timberlake
Gotta make it through the night ‘til you get to the mornin’
Sometimes you gotta lose it all just to know what’s important
Sometimes you gotta write the verse ‘til you get to the chorus
If I lose myself and I go missing
Make a couple hundred bad decisions
Do some shit I know won’t be forgiven
Could you love me under those conditions?
Com toda a certeza do mundo, “Everything I Thought It Was” é a comprovação de como Timberlake se mantém, há 20 anos, como um dos maiores artistas da indústria musical.
Excelente!