A terceira e última parte do live-action de Fullmetal Alchemist chegou na Netflix, levantando mais e mais dúvidas quanto à sua trama e sua qualidade.
Com a promessa de dar um final épico a jornada dos irmãos Elric que se iniciou em 2017, a dupla parte em uma jornada em busca de reaver seus corpos perdidos durante a realização de uma transmutação humana a fim de reviver sua mãe. Contudo, a busca os coloca em uma conspiração envolvendo o governo e coloca o país inteiro em perigo.
No entanto, vale lembrar que os filmes anteriores trouxeram uma história muito confusa e um certo problema em manter a continuidade em suas próprias tramas e ao longo da história como um todo.
Portanto, apesar de todas as promessas, ainda restam suspeitas quanto ao nível da nova adaptação.
Afinal, a última parte dessa história consegue superar seus antecessores?
Uma troca não equivalente
Se suas expectativas são baixas para o longa, então você vai se surpreender logo com o começo do filme: seu início consegue dialogar com os filmes anteriores em vários pontos e ainda assim consegue trazer novidades ao núcleo maior.
Em outras palavras, seu começo dá ao público um tom esperançoso do que virá pela frente. Contudo e infelizmente, a luz no final do túnel era apenas um vagalume perdido enquanto procura uma saída.
Isso porque o enredo não perde oportunidades para tropeçar e se complicar, causando mais e mais confusão para seu entendimento. Mas não é somente o público que sofre com todo o caos da direção e roteiro: o terceiro filme também é vítima destes e, principalmente, dos resultados entregues pelos filmes anteriores.
Assim, cabe a terceira parte em arrumar os erros de seus antecessores, tendo que arranjar espaço responder e preencher tantas lacunas deixadas tanto de lado ao longo destes anos.
As lacunas são tantas que em diversos momentos, o público se depara com erros de continuidade ou erros quanto ao tom narrativo. Por exemplo, quando o protagonista afirma em meio ao desespero “esses caras de novo não!”, sendo que é a primeira aparição dos personagens ao longo destes três filmes.
Esquecimentos, lacunas, confusão narrativa, enredo forçado… Todos esses elementos ressoam ora em problemas da adaptação, ora na negligência e preguiça da direção em buscar desenvolver o que está acontecendo.
Ok, o filme não é uma tragédia, calma: por incrível que pareça, a maior parte dos acertos não está voltado no núcleo principal, mas sim naquele secundário e que está enfrentando desafios diferentes e simultaneamente aos protagonistas.
A maioria das cenas de impacto realmente vieram deste núcleo, o qual foi mais bem trabalhado e teve um tempo mais aproveitado, apresentando dessa maneira uma esperança para a adaptação.
Uma adaptação de Fullmetal Alchemist?
Antes de continuar, é necessário falar melhor sobre o aspecto de adaptação.
Algumas obras são ótimas adaptações para o live-action – como o Samurai X (2012) -, enquanto outras seriam histórias boas e melhor avaliadas se tivesse outro nome, como acontece com Dragon Ball Evolution, o qual, para alguns, é uma boa história se não for considerado como live-action do mangá.
Fullmetal Alchemist: The Final Alchemy não se encaixa em nenhum desses casos.
No conceito de adaptação, isso poderia ser visto como uma ofensa a obra original de Hiromu Arakawa, a qual, por anos e anos, desenvolveu uma trama que se move com naturalidade, respeitando seus passos, sabendo quando ser dinâmica e quando é necessário pisar no freio.
Dessa forma, poucas explicações e muitos furos ressaltam os erros da produção, ao mesmo tempo em que, com muita pressa, tenta dar explicações rasas e não tão bem elaboradas. Os personagens chegam a suas conclusões porque sim, basicamente. Ou seja, suas resoluções são muito convenientes e superficiais, de modo a não ser convincente.
Entre fãs e leigos
Enquanto isso, o filme não se sustenta sozinho, deixando leigos da obra original sem entender o que está acontecendo. Isso é, apesar de todos os erros, fãs conseguirão entender o andar da história, enquanto leigos, não compreenderão e quando chegar lá no final, não fará tanto sentido.
Por fim, a adaptação falha em harmonizar as emoções entre as cenas. Momentos com potencial de arrepiar ora são deixadas de lado, ora são tratadas às pressas e tão superficialmente que desagrada.
Como já foi dito anteriormente, houve o acerto em cenas focadas no núcleo secundário. Além deste, outro ponto que a adaptação acerta é no tom caricato presente na obra original e que é bem-vindo aqui. Esse tom talvez soe como não natural para alguns, mas aos fãs, será um deleite.
Além disso, o final da trama agrada. Chega a aparecer que foi o foco principal de toda a produção. Em outras palavras, a adaptação acerta, a sua maneira, em trazer um final digno e similar com a obra original, mesmo esquecendo dos outros personagens.
Portanto, apesar dos acertos, a troca não é equivalente. Os erros são grandes e desagradáveis, não sendo passíveis de passarem despercebidos.
E como uma trilogia? Funciona?
Como trilogia a história dá voltas e se perde com certa frequência.
Parece que chegou um momento em que os produtores do filme simplesmente cansaram da história e quiseram terminá-la de qualquer jeito.
Como micronúcleos, os filmes apresentam os mesmos erros: um desenvolvimento repleto de furos e tropeços. Quando começam a acertar, voltam atras e leva tudo abaixo.
Esses tropeços refletem no macronúcleo, apresentando uma história com erros de continuidade, furos e inconsistente, com pequenos lapsos de acertos que conseguem aquecer o coração.
Quanto à qualidade técnica, a trilogia varia um pouco entre cada parte, mas no geral não apresenta um CGI tão bem trabalhado ou finalizado. Outro ponto é a fotografia que não se destaca, mas não peca. Ela está ali, mas não tenta enaltecer os momentos ou causar um contraste entre cenas.
Por outro lado, questão sonora é bem difernte: a trilha sonora impacta, ela acompanha e é interessante, enaltecendo o tom das cenas, seja pelo contexto de tensão ou pelo cômico.
Afinal, o live-action de Fullmetal Alchemist vale a pena?
O live action contribui e entrega momentos que conseguem satisfazer. Contudo, entrega muitos e muitos outros que desagradáveis e nada envolventes. Seria como se ao invés de recontar a história, no live-action ela fosse constantemente dependente do anime.
Por fim, o live-action não é uma boa recomendação. Mas se você quiser ver uma boa adaptação, procure por Fullmetal Alchemist Brotherhood, um remake que se tornou um marco para muito público fã de animes. Abaixo, a última abertura do anime:
Matéria editada em 17/10/2023, às 17h53min
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