A narrativa de O Refúgio Atômico foca em como bilionários lidam com a ameaça do fim do mundo confinados em um bunker

O thriller O Refúgio Atômico, lançado pela Netflix, conta a história de um grupo de ricaços que decidem viver em um abrigo subterrâneo para escapar de uma suposta ameaça nuclear. A ideia de ir para uma hospedagem de luxo, super tecnológica, com sua família e outros super ricos parece um lugar perfeito para se estar durante o fim do mundo.

A trama se desenrola através de Max (Pau Simón) que após de alguns anos é libertado da cadeia e reencontra seu pai, Rafa (Carlos Santos). Após anos preso sob acusação de matar sua própria namorada, Max não vê a hora de retomar sua vida. Porém, seu pai precisa levá-lo para outro lugar, onde sua família já está.

Dos mesmos criadores de La Casa de Papel, Álex Pina e Esther Martínez Lobato, a série se aproveita do contexto atual das guerras internacionais. E assim, mergulha nas mentes megalomaníacas de bilionários. Desesperados com a possibilidade de morrer, o quanto esses indivíduos seriam capazes de pagar por um pouco de conforto exclusivo?

O Refúgio Atômico não é o que parece

Pau Simón e Carlos Santos são Max e Rafa Varela em O Refúgio Atômico
Pau Simón e Carlos Santos são Max e Rafa Varela em ‘O Refúgio Atômico’ //Crédito: Netflix / Tamara Arranz

Como núcleo principal temos as famílias Varela e Falcon, amigos de longa data, mas que desde a morte de Ane Falcon tudo mudou. O patriarca, Guillermo Falcon (Joaquín Furriel), não suporta ver Max Varela livre e no mesmo ambiente que ele após matar sua filha mais velha.

Dessa forma, o ressentimento guia as primeiras interações entre as famílias no bunker. Porém, Max precisa encontrar um jeito de se reconectar com sua família e com os amigos. Acontece que com a possibilidade de terem que passar mais tempo do que gostariam no abrigo, as coisas começam a fugir do controle.

Conforme a previsão de Minerva (Miren Ibarguren), os hóspedes do Kimera Underground Park começam a ter comportamentos fora do comum. Alguns, como Frida (Natalia Verbeke), começam a ter episódios de sincericídio, uma sinceridade visceral capaz de matar os sentimentos de quem ouve as declarações.

Enredo arrastado, personagens irritantes

Montse Guallar e Natalia Verbeke são Victoria e Frida em O Refúgio Atômico
Montse Guallar e Natalia Verbeke são Victoria e Frida em ‘O Refúgio Atômico’ // Crédito: Netflix / Tamara Arranz

É preciso sobreviver aos três primeiros episódios de ‘O Refúgio Atômico’ para começar a ver um pouco mais de sentido na produção. Dos oito, os dois são os mais calmos da trama, servem como contexto e apresentação do universo da série. O segundo capítulo fecha com uma grande perda para Minerva, a líder do bunker, e isso a torna uma personagem um pouco mais interessante. Enquanto o terceiro, começa a mostrar mais do potencial de Pau Simón.

Apesar da ótima atuação de Alícia Falcó, a jornada da personagem Asia, filha caçula de Guillermo, é arrastada e até entediante as vezes com tantos clichês. Assim como Mimi (Agustina Bisio), que fica secundária ao restante do elenco, apesar ter alguns poucos momentos de glória.

Lá pelo quinto episódio, conseguimos entender melhor quem é Minerva e porque ela e seu irmão Ziro (Álex Villazán), desenvolveram um plano tão mirabolante. Por sua vez, Rafa começa a sair discretamente do seu casulo. E romances cada vez mais inesperados são revelados.

Vale a pena assistir ‘O Refúgio Atômico’?

Pau Simón e Alícia Falcó em O Refúgio Atômico
Pau Simón, Alícia Falcó e Jason Fernandez como Max, Asia e Yako em ‘O Refúgio Atômico’ // Crédito: Netflix / Tamara Arranz

Mesmo sensação de pouco desenvolvimento, os três últimos capítulos de ‘O Refúgio Atômico’ são emocionantes. Com o passar do tempo, os hóspedes vão abrindo mão dos seus tabus ou receios e se tornam cada vez mais viscerais — para o bem ou para o mal. Nesse ponto, uma das personagens que mais surpreende é Frida. A mãe de Max, decide assumir o controle de sua vida logo no momento mais caótico possível.

Portanto, é preciso chegar até o final da história para entender que vale a pena assisti-la. Ainda assim, os personagens conquistam o público pouco a pouco. Um destaque para Joaquín Furriel, o ator argentino brilha enquanto personifica o canalha Guillermo Falcon. A cada cena o egocentrismo do personagem surpreende ainda mais.

A briga entre famílias, os romances proibidos e as revelações de cada um dão um tempero marcante da trama. Afinal, todo mundo já pensou alguma vez na vida sobre o que se passa na cabeça dos ricos. Para os hóspedes do Kimera Underground Park, o fim do mundo é só um detalhe que torna tudo um pouco mais picante. O que importa é viver cada dia, como se fosse o último.

Em resumo, se você gosta de histórias com um protagonista bad-boy em busca de redenção, uma mocinha inteligente, mas indecisa e um drama familiar com muitas reviravoltas, essa série é para você!

O Refúgio Atômico está disponível na Netflix.