Entre nostalgias e sabres de luz, mais uma série Star Wars chega ao fim nesta quarta-feira (22). Assim, com muitas teorias e expectativas, resta a dúvida: será que Obi-Wan Kenobi acertou? Primeiramente, vamos a sinopse:
Após 10 anos dos catastróficos eventos de Star Wars Episódio III: A Vingança de Sith, o Império Galáctico foi instaurado e a Ordem Jedi beira a extinção. Dentre seus sobreviventes, está o ex-mestre jedi Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor), que vive escondido e isolado no remoto planeta Tatooine.
Contudo, tudo é colocado em risco quando Obi-Wan precisa sair de seu retiro e embarcar em uma missão crucial pelo futuro da galáxia.
Esta review pode conter spoilers
Os desafios de uma trama limitada
Logo de início, a série do mestre encontra seu primeiro desafio: como contar uma história em que todos já sabem seu início e seu final? A história de Obi-Wan já foi contada na trilogia anterior e já se sabe que o ele volta no Episódio 4.
Pensando nisso, e apesar das dúvidas, as primeiras impressões da série são positivas e interessantes, ao mesmo tempo em que sua proposta vai além das expectativa criada até então.
Com um começo mais lento, o público é reapresentado ao personagem e ao universo de Star Wars. Reencontrar Ewan McGregor aqui é um deleite para os fãs. Isso porque, mesmo depois desses 15 anos, o ator ainda encarna o mestre jedi tão bem quanto no passado, aquecendo o coração dos fãs.
No entanto, vale ressaltar: encarnar é diferente de reviver.
Aqui, McGregor entrega uma releitura de seu personagem a partir de uma nova proposta da série: a busca pelo seu perdão, pela sua fé e autoconfiança.
Por isso, ao ver o ator na pele de Obi-Wan, o público não se depara com aquele grande mestre que já conhece, mas sim com a culpa que o consome. Tal culpa é bem contracenada com a raiva do outro lado da moeda: Darth Vader.
Apesar dos demais antagonistas serem a nível de “cão que ladra mas não morde“, o retorno de Hayden Christensen como Darth Vader se mostra o oposto! Aqui, o ator se redime e finalmente entrega uma personalidade mais sombria e impulsiva, além de um tom mais impactante e convincente ao personagem, características estas que fizeram tanta falta em sua atuação anterior e se mostra digno de ser um dos maiores vilões da cultura pop e geek que há tempos se esperava.
Porém, o título de maior vilão da série está nas mãos de outro: o roteiro.
O lado negro da força… e da série
Mesmo com uma trama interessante, seu roteiro se mostra inseguro, uma vez que o mesmo não permite que certos eventos fluam com a devida naturalidade.
Dessa maneira, o protagonismo interrompe o desenvolvimento constantemente, tudo a fim de proteger o protagonista. Em outras palavras, a trama por si só tem o seu potencial para se resolver, mas o roteiro age como uma mão invisível, forçando conclusões que não descem tão bem. Enfim, soa como se o roteiro não confiasse na capacidade da trama.
Por outro lado, a direção de Deborah Chow é interessante.
Dá para notar que a diretora tenta conquistar o público do mesmo modo que fez em The Mandalorian; apresentando uma relação entre o protagonista e personagens mais inocentes, como foi entre Mando e Grogu.
Contudo, aqui, a relação entre Kenobi e Leia (Vivien Lyra Blair) não funcione tão bem em Obi-Wan Kenobi. Até a dupla é vítima do roteiro, motivo o qual a fórmula utilizada em The Mandalorian não convence.
Assim, em outras palavras, apesar de parecer uma ideia interessante, a relação Kenobi-Leia não funciona na prática, uma vez que, novamente, o roteiro impede que o público de sinta a tensão e o medo pelos seus personagens.
Afinal, há uma nova esperança?
Sim, a série não é perfeita e apresenta falhas. No entanto, seus acertos também são notáveis.
Primeiramente, o desenvolvimento dos personagens e da trama são convincentes, e o uso de técnicas cinematográficas são bem vindas!
Os novos rostos de Moses Ingram como a Terceira Irmã e Vivien Lyra Blair como Leia são ótimas adições, sendo que ambas tem momentos marcantes!
Enquanto Kumail Nanjiani entra em cena como um alívio cômico, trazendo uma sutil leveza para as telas.
Outro acerto está na sábia noção em aproveitar o tempo de tela (cenas mais lentas ou dinâmicas) ou pela construção do episódio, em que flashbacks e atualidade se conversam muito bem.
Por outro lado, quanto ao CGI, este oscila entre cenas.
Se ele não é dos melhores em alguns pontos (como rejuvenescer Christensen), os efeitos especiais são bem agradáveis aos olhos em outros, principalmente durante o embate final.
E por falar em luta, as coreografias são empolgante e convincentes!
Com muita dinâmica e acrobacia, cada movimento dos sabres de luz exala a adrenalina de seus personagens, proporcionando o ápice da série. Ou melhor: em um dos momentos mais épicos e grandiosos da dupla McGregor e Christensen, e quiçá de Star Wars!
E ainda, para completar, a trilha sonora sabe qndo entra e como se encaixar ao longo da série. Esta alimenta as sensações, dando a pitadas emocionais para melhor fechar as cenas.
Afinal, vale a pena?
Com um proposta limitada e uma trama bem narrada, a nova série Star Wars proporciona o reencontro de personagens queridos em conflitos internos e externos em suas novas vidas.
Dessa maneira, entre culpa e o medo, o mestre Jedi consegue desenvolver uma nova jornada e proporcionar um resultado bem satisfatório quanto a busca pelo perdão e a retomada de sua fé.
Enquanto isso, no outro lado da moeda, temos a ira de Vader que é sentida e temida pelo público. Aqui, Christensen abraça a oportunidade e se redime, mostrando o quão feroz e impiedoso seu Darth Vader pode ser.
Quanto aos conflitos, há eventos que satisfazem, mas suas resoluções não fluem com naturalidade devido ao constante protagonismo e da insegurança do roteiro que impede o público de sentir o medo real pelo seu herói.
Por fim, mesmo Obi-Wan Kenobi estando em uma galáxia muito, muito distante, você pode assistir seus 6 episódios no Disney+. Que a força esteja com você.