Claramente, poderia ser uma série da Sofia Falcone que todo mundo ia gostar

O quarto episódio de Pinguim, “Cent’anni“, surpreende ao não focar no desenrolar da fuga de Oz e Victor ou nas consequências para Sofia nas mãos de Nadia Maroni e seus capangas.

Em vez disso, os roteiristas decidiram explorar o passado da personagem “Hangman“, detalhando seu relacionamento com o pai, Mark Strong, interpretando uma versão jovem de Carmine Falcone, e sua posterior prisão no Asilo Arkham. O episódio se transforma em um mergulho profundo na trajetória trágica da personagem, antes de retornar aos eventos centrais da trama.

Review | Pinguim: Cent’anni
Reprodução: HBO Max

Essa escolha é interessante, especialmente por ser o segundo episódio consecutivo que não foca diretamente no Pinguim. Aqui, a narrativa é ainda mais centrada em uma única personagem, com Oz aparecendo apenas em momentos-chave que explicam sua traição quando era motorista de Sofia. Embora o protagonista esteja em segundo plano, o episódio é crucial para desenvolver os personagens ao redor dele, recontextualizando diálogos importantes entre ele e Sofia.

O episódio “Cent’anni” se destaca por sua execução. Ele abandona o realismo e mergulha em um tom mais surreal, com cenas que capturam a loucura do Asilo Arkham. A produção acerta ao usar mudanças de iluminação, enquadramento e montagem para mostrar a transformação de Sofia. Conforme a personagem perde sua sanidade, o visual do episódio se torna mais sombrio e caótico, refletindo sua deterioração mental e emocional.

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As cenas de tratamento de choque, o primeiro assassinato de Sofia e sua “despedida” de Rush, que não se desenvolveu como um romance, mostram as viradas dramáticas da personagem. A produção adota um estilo mais próximo dos quadrinhos, com Sofia se tornando uma vilã excêntrica e cheia de maneirismos divertidos. Cristin Milioti brilha no papel, transitando entre a versão mais contida e empática de Sofia e sua versão final, completamente insana.

Review | Pinguim: Cent’anni
Reprodução: HBO Max

No entanto, “Cent’anni” levanta uma preocupação: Sofia é retratada quase como uma heroína, apesar de sua moral ambígua. Isso pode gerar dúvidas sobre o impacto da decisão, mas, de qualquer forma, o episódio é uma excelente história de origem. A inspiração no melhor do Asilo Arkham contribui para desconstruir e reconstruir Sofia como uma vilã complexa. Tudo indica que ela será uma antagonista formidável para o Pinguim, criando uma dinâmica instigante e divertida para os episódios finais da minissérie, que mantém a qualidade de roteiros e produção, mesmo quando se afasta do protagonista titular.