A vingança dos esquecidos
No sexto episódio da minissérie Pinguim, intitulado “Cúpula de Ouro”, vemos uma narrativa acelerada que abre mão de desenvolvimentos mais profundos em prol da urgência do formato.
A trama inicia-se com uma nova operação subterrânea liderada por Oz, que rapidamente se transforma em um esquema complexo de tráfico, abordado em elipses narrativas. O roteiro, escrito por Nick Towne, realiza um bom trabalho ao contextualizar o que aconteceu fora de cena e a maneira como Oz permanece oculto das alianças Maroni–Gigante, preservando seu arco de ascensão após uma queda acentuada no episódio anterior.
Apesar disso, a ascensão de Oz ainda depende de gangues menores e precisa se manter escondido, enfrentando uma série de dificuldades, como a constante falta de luz em Crown Point e os confrontos com sua mãe. Essa abordagem reforça sua posição de “underdog”, que está sempre à margem e precisa buscar alternativas para sobreviver. Em paralelo, há uma crítica social sutil, especialmente no arco de Victor, embora a intenção de Oz seja manipular todos à sua volta. A transformação de Pinguim em alguém ressentido e ferido, disposto a tudo por respeito e poder, é um ponto alto do episódio, trazendo camadas ao personagem.
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A produção continua humanizando o protagonista e os coadjuvantes, oferecendo uma história de “simpatia pelo diabo” ancorada em excelentes estudos de personagens e relacionamentos complexos. As interações entre Oz, Francis e Victor exemplificam isso com precisão. Mas, momentos como o apoio de Oz a Victor e as cenas familiares que misturam carinho e perversidade ilustram a disfuncionalidade dessas relações, criando uma narrativa que, mesmo com a agilidade necessária, ainda preserva a profundidade do desenvolvimento dos personagens.
A sequência onde Oz tortura um político corrupto revela-se justificada na lógica da série, enquanto Sofia continua a receber um tratamento empático dos roteiristas. A relação dela com Salvatore e Eve aprofunda suas motivações e cria uma tensão latente, tornando as personagens mais complexas e adicionando camadas à construção de Oz como o Pinguim. Victor, por sua vez, ganha um arco com Squid que evidencia sua entrada no mundo do crime de forma cada vez mais densa, unindo-o à “família” de Oz.
Embora o drama seja bem trabalhado, a narrativa sobre a guerra pelo controle de Gotham acaba deixando a desejar, com resoluções rápidas e falta de contexto visual da cidade. A criação da “Cúpula de Ouro”, que intitula o episódio, aparece de forma conveniente, mas encaixa-se nos temas de uma nova dinâmica de poder. Por fim, tanto Oz quanto Sofia oferecem à cidade a promessa de uma ascensão social para os marginalizados, reforçando a tensão entre seus objetivos. Com um gancho poderoso para o reencontro entre Oz e Sofia, o episódio mantém o público investido na história, prometendo grandes reviravoltas na reta final da minissérie.
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