Onde está o Batman, mesmo!?
O episódio de Manda-chuva começa com um flashback que, à primeira vista, parece fora de lugar. Com a temporada chegando ao clímax, parecia ousado inserir mais uma história de origem. No entanto, essa decisão revela uma das mais sombrias backstories da série.
Em vez de ocupar todo o episódio, o flashback é usado de forma pontual, com cortes inteligentes ao longo da narrativa, o que evita que o episódio perca o ritmo e mantém a tensão dos eventos envolvendo a Cúpula de Ouro. Embora o personagem Pinguim pudesse ter seu próprio capítulo, esse momento breve e sucinto na minissérie é ideal.
No núcleo do episódio, conhecemos mais sobre o passado do protagonista, Oz e a disfuncionalidade de sua família. A câmera do diretor Kevin Bray destaca a relação conturbada entre Oz e sua mãe. Com close-up nos olhos de ódio de Oz, interpretado com maestria pelo jovem ator Ryder Allen, percebemos o lado sombrio do personagem. O interesse por crimes e o complexo de inferioridade de Oz são apenas alguns traços que se intensificam ao longo do episódio. Um dos momentos mais impactantes é a cena em que Oz prende seus irmãos em um túnel de esgoto, sabendo que eles se afogariam, evidenciado por olhares furtivos para a chuva enquanto assiste a O Picolino com a mãe.
Esses flashback não só adicionam complexidade ao personagem, como também ajudam a entender o relacionamento doentio entre Oz e sua mãe. As atrizes Deirdre O’Connell e Emily Meade oferecem atuações intensas como Francis, cuja presença também influencia cenas passadas, como a sequência na cozinha de Crown Point. O ciúme de Oz por sua mãe é visível, especialmente na cena em que ela acaricia o rosto de Vic. Agora que Oz sabe que sua mãe dançou com Vic, surge a questão: “Vic terá o mesmo destino de seus irmãos?“
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Além de explorar o passado de Oz, o episódio prepara o confronto entre ele e Sofia. Esse embate iminente é repetido em diversos momentos da série, o que pode passar a sensação de narrativa circular. Mesmo assim, a série mantém a tensão, especialmente quando Oz é sequestrado. Por outro lado, algumas decisões do roteiro soam exageradas, como Salvatore entrando no território de Oz com poucos capangas e a sequência de clímax envolvendo uma queda de energia, o que resulta em momentos um pouco previsíveis. Até o momento final com a bomba, que é visualmente impactante, tem um toque de previsibilidade.
A trama criminal da série, embora inicialmente inteligente, parece perder um pouco de seu brilho nos últimos episódios. Essa é uma das críticas à minissérie, que parecia promissora no início, mas perde um pouco de sua complexidade. No entanto, os arcos emocionais e os desenvolvimentos dos personagens continuam sendo um ponto forte. As cenas de Sofia são particularmente envolventes, destacando a crise de identidade da personagem e seu encontro com Gia, onde percebe que sua jornada a transformou de vítima a algoz. Essa narrativa cíclica é reforçada ao longo do episódio, fechando o arco de Sofia e preparando o confronto final.
Manda-chuva se reafirma como um profundo estudo de personagem, mantendo o tom sombrio e perturbador que caracteriza a série. A produção, a direção e as atuações preparam o terreno para um confronto final entre duas figuras trágicas: uma que nasceu monstruosa e outra que se tornou assim ao longo de sua jornada. O desfecho promete ser fascinante.
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