St. Vincent lançou nesta sexta-feira (26), o seu oitavo álbum de estúdio, “All Born Screaming”. Desde fevereiro, a cantora passou a postar dicas e spoilers do que estava por vir, começando pelo primeiro single, “Broken Man”, que acompanha um videoclipe.

Diferente da sua era anterior com o disco “MASSEDUCATION”, na qual as referências pop reinavam, este lançamento traz um lado diferente. Com tons menos chamativos e músicas mais voltadas para o rock, as 10 faixas propõe uma imersão na intensidade do sentir.

St. Vincent e seu olhar singular

Com toda certeza, o álbum nos leva para lugares extremos dentro de nós mesmos, mas, principalmente, dentro de Anne Clark. Conhecida como St. Vincent e produtora do disco, a artista é considerada uma das melhores guitarristas do século XXI (e de todos os tempos). Assim, se inicia uma jornada vibrante entre os limites do que é possível.

A primeira faixa, “Hell is Near”, começa um tom tranquilo, que logo se entrelaça entre os instrumentos para uma jornada em seu próprio mundo. A música também se refere a “The Nowehere Inn”, canção e pseudo-documentário no qual ela divide um pouco do seu processo criativo com sátiras e um pouco de terror.

Seguindo para “Reckless”, a voz de St. Vincent brilha como seu instrumento de maior destaque, cantando sobre uma vida que, aparentemente, se perdeu por um “descuido”. A melancolia e a dor aumentam conforme a música avança, sendo possível sentir cada palavra e acorde.

Já com “Broken Man”, a energia se difere por fugir um pouco da melancolia, e partir para a súplica. “Hey, what are you looking at?
Like you never seen a broken man” (O que você está olhando? Como se nunca tivesse visto um homem quebrado)
. A guitarra entra como protagonista, com vocais mais firmes e desafiadores.

Então, partimos para hit “Flea”, que além de contar com as participações especiais de Dave Grohl na bateria, e de Justin Meldal-Johnsen no baixo, continua com a firmeza, porém ainda suplicante.

Big Time Nothing” e “Violent Times” entram como a mistura ideal entre o indie e o alternativo, trazendo intensidade conforme os segundos passam. Assim, podendo abrir mais espaço para o sentimento ser compartilhado, principalmente, por meio do instrumental impecável.

Finais também são recomeços

“The power’s out, and no one can save us” (sem energia, ninguém pode nos salvar). “The Power’s Out” narra uma série de acontecimentos que culminam no mesmo final: a solidão de quando não há mais nada que se possa fazer. Voltando a melancolia, os vocais são o ponto alto e é como se te carregassem durante toda a canção.

No entanto, em “Sweetest Fruit” a perspectiva muda — o público pode ser abraçado novamente por uma melodia contagiante. “My God, then one wrong step took her down to the depths, but for a minute, what a view” (meu Deus, então um passo errado a levou às profundezas, mas por um minuto, que vista).

Porém, enquanto a melodia parece deixar a viagem sonora mais animada, a letra é como uma metáfora de que, embora as coisas possam não terminar da forma que esperamos, por um momento valeu a pena ter tentando e ter estado lá.

St. Vincent para álbum "All Born Screaming"
Foto: reprodução

So Many Planets” e “All Born Screaming” encerram o álbum majestosamente. Misturam a excentricidade musical de St. Vincent com um conceito que traz uma reflexão sobre como tudo o que o ser humano faz é fadado ao fim, sem significar que a vida não possa ser uma experiência inesquecível.

O princípio de que nenhuma vivência é individual torna o disco ainda mais pessoal e genial, colocando o público em um momento único entre aceitar o caminho que está seguindo, podendo recomeçar ou seguindo da mesma maneira.

Seres humanos vivem em constante evolução, por isso, St. Vincent ousou não apenas em suas letras, mas também no instrumental, que transitou entre a melancolia, a súplica, a fuga do seu estado atual para começar algo novo. E os solos de guitarra pesados foram responsáveis por elevar cada um desses sentimentos.

Ouça o álbum completo: