Wall Of Eyes é o mais novo álbum da banda The Smile, lançado nesta sexta-feira, 26 de janeiro, em todas as plataformas de áudio digitais. Com um toque clássico e angelical, as oito faixas do álbum transmitem a sensação de uma viagem psicodélica com diversas sensações sendo estimuladas simultaneamente. E não vou dizer que é uma surpresa: Wall Of Eyes é, literalmente, “Parede de Olhos” em português.

A The Smile é uma banda paralela, formada pelo vocalista Thom Yorke e o guitarrista Jonny Greenwood, originalmente do Radiohead. Além deles, o baterista Tom Skinner, da Sons of Kemet, também compõe o grupo. Assim, a banda teve seu início durante o lockdown, uma vez que os membros da Radiohead tinham o desejo de produzir e finalizar músicas com o baterista da SOK, além de seu produtor de costume Nigel Godrich. Sem mais delongas, ouça o álbum completo:

Convite para uma viagem

Wall Of Eyes, a faixa-título e abertura do álbum, é como um convite para uma grande viagem psicodélica. Com 5 minutos e 10 segundos, a música mantém um ritmo constante com a combinação de um solo de violão e batidas ao longe. Assim, a sensação que perdura durante a canção é de um passeio de barco durante um pôr do sol no Havaí.

I try, but it don’t go away

Let us raise our glasses

To what we dont deserve

What we’re not worthy of

So rich and white

To the grains of sand

Slipping through our hands

Wall Of Eyes – The Smile

Com a mesma duração, Teleharmonic continua a viagem psicodélica com vocal ecoado como se ao longe debaixo d’água. Nesta, a energia ganha uma escalada ritmica bastante interessante, atingindo o ápice no minuto 2:22 com a junção de batidas, vocais em coro e flauta. Essa canção é de longe uma das minhas favoritas do álbum, com nuances tão detalhadas que fazem a faixa ser única.

Em seguida, Read The Room adota um ritmo dançante e instigante. No ápice, no minuto 2:36, a música atinge um nível de bagunça sonora que deixa o ouvinte realmente. De todas, esta é a mais catchy.

Em Under Our Pilows, a The Smile mantém a energia de Read The Room e a explora de maneira impressionante. Dessa maneira, o grande destaque para a canção é a presença do baixo durante todos os seis minutos de duração. Além disso, o minuto 4 da faixa recebe o toque singelo e arrepiante de vocais quase sirênicos.

Membros da banda The Smile em filtro preto e branco
Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner da banda The Smile. | Foto: Alex Lake

Psicodelia instrumental

All of that money, where did it go? In somebody’s pocket, a friend of a friend, all the loose change. Friend Of A Friend tem uma caracterítisca diferente das demais. Nesta faixa, o psicodélico eletrônico deixa de ser protagonista para dar espaço a um tom de melancolia ao som de piano.

Em I Quit, senti uma forte influência de Radiohead. Dessa maneira, a canção adota um ritmo com constantes toques metálicos que centraliza a faixa sonora principal. Em adição a isso, a sexta faixa do álbum tem uma característica quase celeste com o advento de violinos suaves ao fundo. Utilizando a ideia de uma viagem psicodélica, é como se essa música fosse a trilha sonora de uma quase-chegada ao destino final.

Na sequência, Bending Hectic provoca diversas sensações. Dessa maneira, em 8 minutos e 4 segundos de duração, é como se a canção traduzisse um momento de expectativa, além de ansiedade contraposta de calmaria ao mesmo tempo. Ainda a faixa tem um constante acorde de violão que, ao elevar o tom a cada toque, transmite a ideia de algo inacabado. No minuto 5:30, a canção atinge o ápice sonoro com a junção de diversos instrumentos ao mesmo tempo, que explode em uma ponte arrepiante com bateria, guitarra e o vocal sem igual de Thom Yorke.

Por último, You Know Me! finaliza o álbum com um tom suave e angelical. Nesta faixa, a produção desceu a energia para um fechamento quase celeste, de maneira que poderia ser facilmente parte da trilha sonora de um filme de drama com final feliz.

Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner da banda The Smile olhando para a câmera em uma floresta, com semblantes sérios/tristes
Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner da banda The Smile. | Foto: Frank LeBon

Vale a pena ouvir Wall Of Eyes?

Com toda a certeza do mundo! Todo o novo álbum da The Smile é um convite para uma viagem psicodélica com muitas sensações sendo estimuladas. Assim, Wall Of Eyes promete marcar a história da música alternativa new age.