Threefold Recital chegou nesta terça-feira (14) na Steam, lançado pelos estúdios Everscape Games e INDIENOVA. O jogo se inspira e homenageia o folclóre da China antiga, trazendo um mundo co-habitado por humanos e criaturas híbridas chamadas beastlings.

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O jogo de plataforma tem foco em narrativa. Além disso, Threefold Recital também traz elementos de investigação e quebra-cabeças. A partir dessa premissa, te convida a imergir em um universo culturalmente distinto enquanto acompanha os três beastlings que protagonizam a história.

Assim, o game entrega uma narrativa bem elaborada, com direito a reviravoltas e diálogos profundos sobre questões sociais ou existenciais. No entanto, sofre com uma falta de ritmo e derrapa em certos momentos, principalmente por conta de mistérios facilmente resolvidos e quebra-cabeças que exigem pouco do jogador.

Foto: Everscape Games e INDIENOVA

História de Threefold Recitals

O ponto de partida do game é a origem dos beastlings: uma cobra, uma raposa e um lobo presenciam a relação entre um monge um padre que formaram uma amizade única. Ao presenciar discussões profundas sobre a sociedade, o significado da vida e religião, os três animais adquirem conhecimento e voltam à floresta e compartilham o que aprenderam com os demais.

Após séculos de um processo evolutivo, temos os beastlings: seres híbridos de animais-humanos altamente inteligentes. Dessa forma, a história dos protagonistas começa na metrópole Bluescape, que mistura a tradição oriental com tecnologia. No ponto em que conhecemos este universo, a sociedade está dividida em zonas que separam as classes sociais.

Em Threefold Recital, o jogador acompanha Triratna, um lobo capaz de resolver mistérios com sua habilidade de enxergar as linhas do karma, Taiqing, uma raposa simpática e sábia que segue a tradição filosófica do leste asiático Taoismo, e Transia, uma serpente artista capaz de atravessar pinturas.

Cada personagem tem um capítulo dedicado para si, onde conhecemos mais sobre seu passado, personalidade e as habilidades que os tornam especiais.

Jogabilidade

O jogo se desenvolve em side-scrolling com gráficos 2D e comandos bem simples, apenas salto, movimento para frente e para trás e o uso de interação para diálogos e para as habilidades especiais quando solicitado.

Ao longo dos capítulos, Threefold Recital traz mistérios, exploração de ambiente e quebra-cabeças a serem solucionados com as habilidades especiais dos protagonistas, sempre remetendo ao folclóre chinês. No entanto, os desafios apresentados ao longo do jogo não tem alto nível de dificuldade e as resoluções são rápidas demais.

Outro ponto negativo é o mal aproveitamento das habilidades especiais dos protagonistas. São conceitos interessantes na teoria, mas que precisavam ser acompanhados de quebra-cabeças melhor elaborados. A sensação deixada em muitos momentos é que o jogador está apenas cumprindo uma check-list para poder ler os próximos diálogos.

Além disso, até os momentos interessantes da exploração de ambiente e dos desafios acabam sendo interrompidos excessivamente por diálogos e o jogo termina por solucionar mistérios através deles ao invés de dar liberdade para que o jogador explore por conta própria.

Vale a pena jogar Threefold Recital?

Requisitos de sistema. (Foto: Steam)

A narrativa é muito bem elaborada e aborda assuntos complexos, como divisão de classes, espiritualidade e o sentido da vida. Apesar disso, ela derrapa em alguns momentos trazendo conversas longas e maçantes, que quebram o ritmo do jogo.

Apesar desses altos e baixos, os picos da história são suficientemente interessantes para sustentá-lo. Conta com um trio de protagonistas bem construído, com personalidades que se complementam e momentos que chegam a emocionar. A simpatia pelos personagens faz com o que o jogador se envolva na narrativa e alivia os pontos em que o jogo parece se perder na sua proposta.

O grande impasse para o mercado brasileiro é a ausência de legendas em português. A falta de tradução já seria um limitador natural, mas no caso de Threefold Recital é um agravante devido aos diálogos excessivamente detalhados, longos e que utilizam linguagem formal, o que transforma a fluência no inglês em um pré-requisito para o jogo.