Há pouco mais de 2 anos, graças a Round 6, série disponível na Netflix, as séries sul-coreananas ganharam ainda mais notoriedade. Graças ao feito da série que se tornou um fenômeno global, para surpresa de todos. Neste contexto, Uma Advogada Extraordinária também alçoou vôos fenomenais no ocidente e trouxe temas relevantes, dentre eles: o espectro austista.
No entanto, as séries coreanas – ou k-dramas, como são popularmente conhecidas – já fervilhavam na Netflix há muito tempo. Entretanto, simplesmente a maioria delas fazia parte de um gênero que muitas vezes era ignorado ou desprezado: dramas românticos no estilo novelesco.
Quem se der ao trabalho de pesquisar no imenso catálogo da plataforma encontrará centenas de ficções que parecem recortadas de um mesmo padrão. A maioria delas tem uma história romântica que costuma seguir parâmetros conservadores e, embora tenham momentos cômicos, o drama está sempre à espreita.
Embora, para quem está de fora possam parecer fotocópias infinitas, há algumas propostas que conseguem se destacar desse grande aquário. Justamente, foi o que conseguiu Uma Advogada Extraordinária, que entrou furtivamente na lista global das séries mais vistas da Netflix que não falam inglês.
Vale a pena assisir Uma Advogada Extraordinária?
Uma Advogada Extraordinária é cheia de sentimentos bons, pois parte de seu charme é ver como evolui o relacionamento entre a protagonista, que possui características comuns ao autismo, e seus colegas de trabalho.
Porém, também possui tramas mais duras que geralmente estão ligadas aos casos que os advogados enfrentam. Ademais, nos permitem compreender parte dos conflitos que existem na sociedade sul-coreana. Ao longo dos 16 episódios da 1ª temporada, a protagonista, Woo Young-woo (Park Eun-bin) e seus companheiros enfrentam casos como o de uma cidade que quer lutar contra a construção de uma estrada que atravessa a cidade. Além disso, de um menino que se autoproclama líder do exército de libertação infantil – uma trama que critica a educação ultra competitiva da qual as crianças coreanas são vítimas.
A série afasta-se, assim, do caráter de novela que muitas ficções do país asiático possuem. Obviamente, temos aqui também uma história de amor: Jun-ho (Kang Tae Oh), se surpreende ao admitir que está apaixonado pela Woo Young-woo. Como regra geral, o enredo conservador coreano torna as paixões da série extremamente castas. Porém, neste caso este elemento se justifica, já que tanto Young-woo quanto Jun-ho se sentem desnorteados e não sabem como administrar seu relacionamento. Neste contexto, a série, aliás, levanta em vários momentos questões como o consentimento sexual em um relacionamento entre uma pessoa com autismo e uma pessoa não portadora.
Com a elevada produtividade de ficção na Coréia do Sul, tudo parece indicar que os fenômenos provenientes deste país se tornarão cada vez mais comuns e menos excepcionais. Os diferentes governos coreanos aprenderam há muito tempo que a cultura é um poder que lhes permite abrir portas no estrangeiro e expandir o seu peso geopolítico e econômico no mundo. Primeiro houve a grande explosão do k-pop , agora chegou a vez dos k-dramas