“A ficção vaza. Imaginar é sempre revelar um pouco de si mesmo”. É isso que Carla Madeira, autora de “Tudo é Rio” expressa em entrevista ao Podcast da Semana. A obra tornou-se um fenômeno no Brasil, sendo um dos mais vendidos do ano na Amazon.
Mas por que esse livro ganhou tal proporção no país? A resposta pode variar de acordo com cada leitor que é fã dessa obra, mas a temática da história de um amor que se desfaz num ato brutal de violência e dá espaço para um triângulo amoroso justifica a curiosidade dos leitores.
Sobre a obra
O romance narra a história do casal Dalva e Venâncio, que tem a vida transformada após uma perda trágica. Tudo isso, sendo resultado do ciúme doentio do marido, e de Lucy, a prostituta mais depravada e cobiçada da cidade, que entra no caminho deles, formando um triângulo amoroso.
A metáfora do rio se revela por meio da narrativa que flui – ora intensa, ora mais branda – de forma ininterrupta. Mas também por meio do suor, da saliva, do sangue, de lágrimas e do sêmen.
O sucesso da obra
“Tudo é rio” é o livro de estreia de Carla Madeira. Ele foi lançado em 2014 pela Editora Quixote, mas seu sucesso foi no relançamento, em 2021. A obra ficou na lista de livros mais vendidos da PublishNews e Amazon. Além disso, em 2023, a autora conquistou o prêmio de melhor livro de ficção lusófona com “Tudo é Rio”, concedido pela Bertrand, a mais antiga e maior rede de livrarias de Portugal.
O processo de escrita começou em 2000, mas a obra ficou paralisada por anos. Inclusive, o enredo do que acontece com Venâncio, que apresenta um comportamento agressivo, resultou em um hiato da escrita pela autora. De acordo com ela, a relação de dor que o protagonista sentia e a violência contra a mulher fez com que Madeira tivesse um bloqueio criativo.
Posteriormente, o motivo que a fez parar de escrever se tornou o motivo do retorno à escrita. “O que veio antes? O que vem depois? Como sair daquela situação? A vida consegue continuar depois daquilo? A partir dessas perguntas e sem saber nada da história, eu fui fazendo. Em “Tudo é Rio”, eu fui escrevendo o texto na ordem que o leitor lê. Foi um jogo, uma coisa que fiquei muito tempo com aquilo adormecido, crescendo de alguma maneira”, declarou a autora.
Por fim, Carla Madeira revela intenções de diretores de cinema, entre eles Bruno Barreto, em adaptar a obra para o audiovisual. No entanto, ela se nega por entender que a obra não está estruturada para este fim, no momento. Além disso, ressaltou o desejo de que o filme fosse dirigido por uma mulher.
Sobre a autora
Formada em jornalismo e publicidade, Carla Madeira nasceu em 1964 em Belo Horizonte. A escritora trabalhou como professora de redação publicitária na Universidade Federal de Minas Gerais. Além disso, é sócia e diretora de criação da agência de comunicação Lápis Raro, baseada na capital mineira
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