Aos 68 anos e com inúmeros projetos em aberto, Akira Toriyama acabou por nos deixar no dia 1° de março. Devido a um trágico Hematoma Subdural, nunca saberemos que ideias ainda estariam por vir da mente de Toriyama. Mas muitos de seus trabalhos já estavam devidamente encaminhados a muitos anos. Dragon Ball Super já não era mais desenhado por ele, e muitas de suas obras já estavam por finalizadas. Principalmente devido a popularidade colossal de sua arte, não é muito difícil encontrar novos artistas que a repliquem fielmente. Dentre alguns de seus projetos em andamento temos um que coincidentemente sairá próximo de sua morte. A adaptação para game de seu último mangá trabalhado, “Sand Land”, chega no dia 25 de Abril.
Historia
Sand Land é um mangá escrito e desenhado por Akira Toriyama que se passa em um mundo extremamente desértico, bastante semelhante ao clássico Mad Max. A trama do mangá gira em torno da privatização da água em seu mundo, mas apesar do tema até que sério, toda a história não foi pensada assim desde início. Tudo começa com o desejo de Toriyama em desenhar tanques de guerra e um idoso, inclusive todo o tema a respeito da escassez da água já era utilizada em outro mangá do autor, Pink. O desejo de desenhar personagens idosos vinha desde Dragon Ball, em que o autor brincava em encerrar a história com o protagonista idoso.
Sobretudo nesta história temos vários elementos muito clássicos do estilo de narração do autor. A jornada em busca de algo místico, a mistura entre humanos e não humanos, um mundo com cenários bastante contrastantes, onde arcaico se mistura com o futurista. O nosso protagonista assim como em Dragon Ball, também não é humano. Mas diferente de ser um alienigena evoluído para o combate, temos um demônio filho do próprio Lúcifer. Com “apenas” 2500 anos de idade, e toda sua imagem estar atrelada ao mal, quando o comparado com outras pessoas humanas, fica claro que o personagem é apenas uma criança ingênua. Com várias piadas tendo este elemento como base.
Elementos
Um feito muito interessante nas obras de Akira, é como ele trabalha a comédia em cima de questões sociais, principalmente as ligadas a sociedade japonesa. Sempre se utilizando de personagens jovens que por muitas ocasiões são impulsivos ou ingênuos, unidos a um estilo artístico único, com muito dinamismo e grande presença de detalhes a veículos. Acredito que por ser um grande fã de Fórmula 1, também deveria ser um grande apreciador de veículos. Dando um toque especial a eles, em que ao mesmo tempo eram cheios de particularidades com inúmeros elementos, ao passo que possuíam proporções muitas vezes cartunescas.
O jogo em si, pelas suas gameplays aparenta ser mais uma belo experimento que transforma a arte de Akira Toriyama em uma experiência jogável. Assim como Chrono Trigger, Dragon Quest e até mesmo o esquecido Tobal. O game se baseia em elementos de RPG com foco no combate entre veículos, novamente outra similaridade a Mad Max, com o seu jogo também se baseando nesses elementos.
Os inimigos do jogo são bastante contrastantes e até lembram Metal Slug. Típicos soldados e mercenários em meio a um caos contra seres semelhantes a dinossauros. Inclusive logo no início temos uma cena bastante semelhante a de Gohan fugindo do dinossauro em Dragon Ball Z. Apesar de se poder atacar normalmente, o foco do jogo é no uso entre diferentes máquinas controladas pelo personagem. Desde um mini tanque de guerra até Mechas, e um robô bastante similar ao de Chrono Trigger.
Expectativas
Por fim todo esse game além de se aproveitar de um rico mundo da mente de Toriyama. Também é uma forma de salientar que o autor não é apenas Dragon Ball. A desenvolvedora poderia muito bem ter feito mais um jogo de luta e que com certeza seria uma venda certa. Mas devido a toda a saturação da obra no mercado de jogos, optaram por algo mais distinto mas também não muito distante da mente do seu criador.
Ou seja Sand Land é a mais pura arte de Akira Toriyama de se fazer uma obra por vontade, como um produto leve e simples. Para quem já conhece mais a fundo o autor, sabe que ele era bastante procrastinador e que não fazia nada se não estivesse com muita vontade. Daí surgiu Dragon Ball Z como forma do seu desejo de amadurecer o Goku. Em contraste a transformação Super Sayajin, surge devido a preguiça que o autor tinha em pintar os cabelos dos personagens de preto, e como em mangá só existe preto e branco, a cor loira é representada apenas como branco.
