A cantora e intérprete Ana Cañas estrela “Sobrepostas” no Canal Brasil, um programa em que recebe mulheres e pessoas não-binárias para conversas francas sobre sexo, prazer e autoconhecimento, no mês em que lança seu álbum “Ana Cañas Canta Belchior”. Nesta segunda-feira (18) ocorreu uma coletiva de imprensa que uniu seus dois trabalhos e os apresentou para o público.

A atração, criada e dirigida por Lívia Cheibub e Martina Sönksen, também presentes na coletiva, trata sobre a questão sexual do universo feminino e não-binario. A cada programa, Ana Cañas recebe convidadas e convidades em uma casa para conversarem sobre temas relacionados à sexualidade e à energia que motiva as mulheres a encontrarem prazer, afetos e intimidade. A abordagem de temas sensíveis e importantes de serem tratados é feita de forma nítida e direta, sem devaneios ou falta de aprofundamento. A proposta é, segundo Cañas, promover essa troca de energia e de experiência do prazer e da sensualidade para o resultado de aceitação e representação para mulheres que muitas das vezes são oprimidas ao falar de sexo. Em resposta a um jornalista Ana retratou a responsabilidade em conversar sobre o sexo da mulher:

“O convite [para o programa] surgiu a partir da ideia de trazer a pauta da sexualidade e expor histórias reais sobre temas pouco comentados para um aspecto televisivo que abrangesse outras pessoas. Eu, que sempre fui aberta quanto as minhas relações e nunca tratei como um tabu falar de sexo fui convidada a receber essas experiências de outras mulheres e apresenta-las ao público. Foi uma experiência de aprendizado, porém receosa pela quantidade de assuntos necessários e vulneráveis a serem tratados…” 

Divulgação: Canal Brasil

Ao falar sobre o início do projeto e a iniciativa de trazer a pauta sexual para a televisão, a apresentadora expôs suas preocupações quanto ao comandar uma conversa tão necessária e ao mesmo tempo tão delicada, para se considerar além de sua falta de experiência mas tambem no pouco espaço que este assunto ainda tem nos meios televisivos. Entretanto, para ela o tema se tornou tão importante que “mesmo não sendo apresentadora quis apresentar o programa”.

A importância do tema foi exaltada durante toda a coletiva. A questão que envolve os tipos de sexo e sexualidade presente na realidade de milhares de mulheres foi o assunto principal para a execução do programa. As entrevistadas complementaram suas respostas ao dizerem sobre a importância da narrativa do show:

“Muito importante a questão de se tratar o assunto de sexualidade feminina, pluralidade, gênero e etc para uma identificação e respeito aos temas que são abordados. Uma mulher, independente da sua experiência de gênero ou sexualidade, deve conseguir se enxergar e se sentir representada de uma maneira que o conteúdo por si só converse com ela e faça sentido

A troca de experiências entre eu e as nossas convidadas acontece por uma energia que intercala assuntos leves, descontraídos, a temas sinceros e emocionantes. Essa troca começa desde os bastidores, com assuntos que possam ser aprofundados na frente das câmeras. Por isso eu me emociono, dou risada, me espanto, pois essa reação é genuína e transmite a conexão que tenho com as convidadas. Tem histórias que escutei que estou digerindo até hoje pela carga emocional que trouxe, tinha vez que escutava três mulheres em seguida e todas as emoções que foram despejadas não foram processadas ainda.”

Divulgação: Canal Brasil

Com cenas de sexo explicíto, a pornagrafia é usada como ferramenta para a representação dos assuntos tratados e até para identificação do telespectador com o tema.  A construção de cenários, ângulos de filmagem, luz e ambiente são outras das ferramentas que se nota a percepção do público. As diretoras do programa explicam essa escolha de abordagem afirmando que as cenas de sexo e pornagrafias são momentos intimos e sensoriais de identificação do publico sobre o assunto que está sendo tratado, e que são imagens de subjetividade e prazer que naturalizam a sexualidade feminina de uma forma desconstrutiva.

Após serem questionadas sobre o nome “Sobrepostas” a diretora Martina Sönksen explicou que era o nome que fazia sentido pela profundidade do assunto que estavam tratando e como as experiências dessas mulheres se completavam de uma forma peculiar. Cada palta tratada se sobrepunha a outra e se tornava um conjunto de idéias. Portanto, para elas, não poderia ter sido outro nome.

A apresentadora Ana Cañas também contou sobre qual personalidade ela se inspirou para trazer seu lado apresentadora à tona. A cantora disse que Marília Gabriela é uma forte inspiração e que a admirava por tratar de assuntos considerados tabus em tempos completamente diferentes do nosso. Completou também que sua persona nos palcos trouxe uma experiência diferente na apresentação e, como completou Martina, seu eu cantora trouxe peculiaridades e somou no seu lado que comanda um programa de entrevistas.

Divulgação: Canal Brasil

Após ressaltar que seu lado cantora a ajudou no programa, Cañas foi perguntada sobre seu novo álbum de estúdio “Ana Cañas canta Belchior” e como ele influenciava na atração:

“Belchior com seus seis planetas em escorpião fez mais sentido trazer a música dele para o programa, a energia desses dois universos se complementam pois ele trata muito sobre sexo e sexualidade. O disco foi pautado por uma live que fiz, que já programou o repertório dos clássicos de Belchior e o que trouxe a responsabilidade de trazer as músicas de um artistas que compôs letras tão atuais. Como “ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” faz total sentido ao contexto atual que vivemos. Então, pra mim faz total sentido ser Belchior como minha estreia de intérpretes.”

Ao final as entrevistadas expressam o que o “Sobrepostas” representa e como ele deve ser visto e apresentado ao público. A ideia é que esse programa perdure todos os lares brasileiros, para promover essa troca, até os homens que estão em construção e promova a equidade de assuntos em pessoas que perdure a diversidade presente no set de filmagem para a realidade social. O sobrepostas é uma roda de conversa produtiva para representar e nutrir o assunto de sexo, desejo, e jorro para além do ato de prazer mas do cotidiano. O sobrepostas é sobre aceitar e celebrar as diferenças.

O programa estreia no dia 25 de outubro no Canal Brasil às 23:45 da noite, os 3 primeiros episódios estarão disponíveis no Globoplay + Canais ao vivo.

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