Enquanto os holofotes se concentravam em Barbie e Oppenheimer, um novo filme chegou na surdina e conquistando olhares nos cinemas norte-americanos. Som da Liberdade (Sound of Freedom, no original), acabou de ganhar data de estreia no Brasil após ter feito muito sucesso nos cinemas do exterior. Dividindo opiniões entre o público e os críticos, mas ainda considerado por muitos com um dos acertos de 2023, muitos se questionam: afinal, do que se trata a história? E qual sua importância para o cinema?
Desde o lançamento da dupla “Barbieheimer“, muitos acreditaram que as próximas premiações (como o Oscar) já teriam uma garantia de quem seria o vencedor. No entanto, na surdina, surge um novo possível oponente para a disputa. E indo mais além, muitos críticos no exterior acreditam que Som da Liberdade possa ser o “salvador” para os eventos de cinema deste ano, como apontou a Variety.
Mas primeiramente, sobre o que se trata o longa? Segue a sinopse:
O filme é baseado em uma história real e acompanha o ex-agente especial do Governo Americano Tim Ballard (Jim Caviezel), que embarca em uma missão arriscada para resgatar crianças vítimas de tráfico infantil. Na Colômbia, Ballard decide deixar seu cargo no Governo para seguir em busca da quadrilha em sua jornada que, agora, se torna pessoal.
Se até aqui você estava com dúvidas do porque o longa vinha chamando a atenção, acredito que agora você possa ter uma noção do porquê. Ainda segundo a Variety, Som do Silencio aborda de maneira realista a sombria verdade do trafico de crianças.
Um filme polêmico ou realista?
Dirigido e escrito por Alejandro Monteverde, o longa conta com Jim Caviezel no papel principal. Além deles, o filme ainda conta com Bill Camp, Cristal Aparicio e Javier Godino no elenco.
Contudo, o mais emblemático sobre sua produção refere-se aos números: com um orçamento de apenas 15 milhões, o longa já faturou mais de 163 milhões de dólares no mercado interno. Em outras palavras, o filmes não só se pagou, como já faturou mais de dez vezes o seu valor, e isso somente nos cinemas norte-americanos. Dessa forma, o filme conseguirá lucrar ainda mais nos próximos meses, já que estreará agora nos cinemas ao redor do mundo, como no Brasil, onde estreará em 21 de setembro deste ano.
No entanto, mesmo com a a bilheteria em ascensão, Som da Liberdade ainda vem dividido opiniões, seja pela polêmica de sua trama, ou então pelo tom ora exagerado, ora conservador, como apontam alguns críticos. Se o longa possui ou não o tom conservador, ainda não podemos afirmar pelo fato do longa ainda não ter estreado no Brasil.
Porém, será mesmo que é exagerado? Será que Som da Liberdade está indo muito além sobre a temática?
A verdade além das telas
Como já dito antes, Som da Liberdade baseia-se na história real de Tim Ballard. No entanto, esse cenário vai muito além da história do ex-agente e do longa. O tráfico de pessoas é um crime real e que ocorre ao redor do mundo todo, respirando no lado obscuro da sociedade e assombrando a diversas famílias.
Segundo a UNODC – Gabinete sobre Drogas e Criminalidade da ONU -, em seu Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas de 2022, constatou-se que mulheres ainda são as maiores vítimas do tráfico de pessoas, porém, o relatório afirma que a porcentagem diminuiu de 2019 para 2020. Quanto aos homens, notou-se que o número de vítimas aumentou em 3% no mesmo período de tempo.
Para uma analise melhor, a UNODC elaborou um gráfico, se baseando em “um total de 51.675 vítimas detectadas em 166 países em 2020 (ou a mais recente)“. Portanto, notou-se que as mulheres estão quase que duas vezes mais sujeitas ao tráfico do que os homens. Confira:
Além disso, o relatório também aponta que tanto mulheres quanto crianças estão mais propícias a sofrer mais com a violência durante seu período em cativeiro: mulheres sofreriam 3 vezes mais que os homens. Enquanto que as crianças estão duas vezes mais sujeitas a violência física e extrema que os adultos em si.
Entretanto, apesar dos números e porcentagens, o relatório traz uma significante esperança. Segundo o mesmo, esta é a primeira vez em 20 anos, que o número de tráfico de pessoas realmente diminuiu ao redor do mundo. Mas porque só agora? Ou melhor, o que dificulta o combate ao crime?
Agentes não facilitadores
Quando se fala em combate a um crime de proporção global, muito se pergunta quanto ao que pode atrapalhar na luta contra mesmo. Afinal, quais fatores possibilitam a vulnerabilidade das pessoas para este crime?
Segundo a UNODC, notou-se que tanto guerras ou conflitos armados, quanto mudanças climáticas (seja seca, quedas extremas de temperaturas ou até tsunamis) são fatores de grande risco. Isso porque ambos colocam famílias em situações de vulnerabilidade, sem moradias ou sem formas de se sustentar. Logo, em situações tão precárias, famílias acabam sendo alvos fáceis de traficantes.
Um exemplo atual é a própria Guerra da Ucrânia, que quanto mais se prolonga, mais áreas urbanas e habitadas são bombardeadas. Apesar de não confirmado ainda, infelizmente, podemos acreditar no alto risco que ucranianos estão se expondo com tanta terror e violência providos do desespero e da guerra.
E o Brasil?
Apesar dos dados fornecidos pela ONU, em relação ao Brasil, serem apontados até 2020 e afirmarem que o país segue no combate ao tráfico de pessoas, o assunto veio a tona neste ano, quando uma criança de 2 anos desapareceu em Santa Catarina, e foi encontrada em São Paulo, uma semana depois.
Logo, segundo o portal do Senado brasileiro e dados apontados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), o Brasil segue um cenário alarmante para os casos, mesmo com todo o empenho em combater a rede criminosa.
Isso é, apesar das investigações e das denúncias, ainda acredita-se que há muitos casos que não vem a luz do dia, sejam as vítimas adultas ou crianças. O relatório corrobora com os dados da ONU, uma vez que o relatório também aponta que os casos brasileiros são alimentados pela: desigualdade social, econômica, racial e de gênero, as quais, por sua vez, geram maior vulnerabilidade.
Além disso, os dados ainda afirmam que cerca de 56% das vítimas são levadas para a Espanha, e de lá são levadas a outros países. Ao mesmo tempo, também constatou-se que o tráfico de pessoas é um crime que abrange diversas camadas e tipos de crimes. Um desses exemplos é a violência de gênero, o qual, segundo o estudo, dentre as vítimas levadas ao exterior, 92,4% das vítimas do tráfico são para práticas envolvendo prostituição.
Além disso, um outro tipo que ocorre em muitos casos, principalmente no próprio território nacional, é para trabalho escravo, O cinema nacional fez seu papel com o filme Pureza, expondo outra vertente do tráfico de pessoas: a situação de trabalho análoga a escravidão. Segundo os dados expostos pelo senado, a escravidão ainda é uma realidade no país, atingindo por volta de 50 milhões de pessoas.
Som da Liberdade: exagero ou importância?
Por fim, para a grande discussão do longa de Alejandro Monteverde, Som da Liberdade pode ter uma trama que divida opiniões, porém, é um filme necessário. É necessário lembrarmos que é diante a quietude e a escuridão, que o terror acontece. É importante para lembrarmos que, como seres humanos, devemos buscar iluminar tal escuridão.
Devemos lembrar que, num país como o Brasil, em que a pobreza e a desigualdade social assumem diversas facetas, logo, mesmo em cidades pequenas, há a grande vulnerabilidade para o risco. Um risco que, como seres humanos, devemos combater. Por isso, caso ache algo suspeito, faça a sua parte: disque 100 e denuncie.
Som da Liberdade chega aos cinemas em 21 de setembro nos cinemas. Com muita emoção, confira o trailer abaixo:
Texto necessário, pois, está havendo muita informação falaciosa contra o filme que, como você bem disse, é filme “necessário”.
Um erro muito grande politizar um tema tão importante, que deveria ser encampado por toda a sociedade. Também está longe de ser um filme católico, como li em muitas resenhas. O filme é um chute no estômago e mostra o quanto estamos falhando como sociedade.
O problema todo está sendo gerado pela militância daquela parte podre da mídia sensacionalista e nojenta que deveria estar divulgando este filme com o intuito de ajudar a exterminar a pedofilia. Mas a preocupação atual da mídia é apenas sujar as pessoas que querem fazer o bem e espalhar fake news. O filme não tem viés bolsonarista nem de religião. Só conta a história de tráfico de crianças inocentes que são colocadas para a
prostituição e prazer dos poderosos.