Nesta semana, a terceira temporada de The Boys chegou ao fim. A temporada que estreou no dia 03 de junho, foi alvo de muitas expectativas. Mas afinal, será que estas foram alcançadas?
Antes de tudo, a trama da nova temporada se passa 1 ano após os eventos culminantes da anterior. Agora, o mundo já sabe que os super poderes são adquiridos pelo composto V e Capitão Pátria aparenta estar sob controle devido a chantagem de Maeve e Luz Estrela.
No entanto, todos sabem que tal controle é temporário e é urgentemente necessário encontrar uma arma que possa derrotar o tão poderoso super. Diante deste cenário desesperador, o grupo se depara com novas oportunidades, fome por poder e por vingança, além do retorno do tão grandioso Soldier Boy.
Assim, com tanto potencial, será que a terceira temporada conseguiu manter o nível da série?
Nivelar o jogo
A terceira temporada tem a difícil missão de se nivelar ao resultado final das anteriores, especialmente com o season finale da segunda. Dessa forma, logo em seu primeiro episódio já se nota o desafio e percebe-se este capítulo, em um ritmo mais lento, tem a missão de contextualizar o público e trazê-lo de volta ao clima da série, visto que o mesmo ficou longe da série e seu estilo por quase 2 anos.
Tendo isso em mente, fica mais compreensível o motivo do excesso de cenas violentas e gores gratuitas. No entanto, se seu começo é mais demorado, a série logo não perde tempo: a história sabe utilizar a urgência dos acontecimentos para acelerar a narrativa, sem deixar de lado a qualidade e o bom aproveitamento da tensão. E tensão é uma palavra que resume muitos momentos dessa temporada.
Aqui, Capitão Pátria (Antony Starr) é a personificação do perigo. É impressionante como a performance de Starr não freia entre as temporadas, mas evolui. Mesmo em momentos sem diálogo, o mero olhar e a quietude são mais que o suficiente para compreender a urgência do núcleo heroico.
Os Garotos
Agora, se o Capitão Pátria se desenvolve e cresce tão bem nesta temporada, se espera o mesmo do outro lado da história.
Com um crescimento não não focado no coletivo: cada um dos personagens se desenvolvem e são aprofundados a camadas fundas de seu Eu, trazendo à superfície razões que os levaram até aqui. Tudo isso, de forma não cansativa e bem empolgante.
Desta forma, Laz Alonso consegue interpretar com maior nitidez, porém, ainda na sutileza os padrões do Transtorno Compulsivo Obsessivo (TOC) do Leitinho da Mamãe, sem diminuí-lo e fortalecendo ainda mais seu personagem, o qual carrega emoções e responsabilidades ambivalentes.
Contudo, um dos maiores altos desta temporada está na relação Francês-Kimiko (Tomer Capon e Karen Fukuhara, respectivamente). Aqui, a dupla apresenta não só uma das melhores interações, como também níveis e níveis destas, partindo de alívio cômico para cenas tensas e pesadas, com direito a uma grande e espetacular, porém breve, momento musical.
Assim, a relação Francês-Kimiko é uma das maiores riquezas desta temporada justamente por saber como melhorar o que já foi visto e de maneira inovadora.
Os Sete
E por falar em inovação, não poderia ser ficar de lado outro grande momento da temporada: Nathan Mitchell, o Black Noir, entregando uma atuação que diz tudo, sem falar nada. Sem expressões faciais, Mitchell entrega as emoções do herói e dá vida a um dos melhores momentos da temporada, isso é, a história do herói com uma visão única e inesperada.
Dessa maneira, a série deixa claro que não precisa de flashbacks para contar algo impactante: fica claro que Black Noir tanto para contar quanto sua história. História a qual casa-se perfeitamente com o momento da temporada, visto que envolve diretamente a trajetória de Soldier Boy (Jensen Ackles).
Quando Ackles foi cotado para o papel, muitos adoraram, porém, alguns temeram pela adaptação do personagem para a série. Isso pois, no original, Soldier Boy não é um dos personagens mais empolgantes, pelo contrário, ele é péssimo em sua construção, seja pela sua covardia ou por ser pouco aprofundado.
Porém, graças a visão da direção e dos roteiristas, Ackles pode entregar uma versão diferente do personagem, dando-lhe um novo contexto, uma nova personalidade e um novo tratamento a Soldier Boy, se tornando um dos personagens mais marcantes da série em si.
Inclusive, um ponto bem interessante está na relação do personagem de Ackles com Billy Bruto (Karl Urban) e Hughie (Jack Quaid).
Inovadora, porém, depende…
Quanto a Karl Urban, o ator consegue ter momentos que ora não surpreende por já ser conhecido pelos fãs, sendo aquele Bruto das temporadas anteriores, mas ora apresenta traços ainda mais absurdos e brutos que pode-se acreditar.
Em outras palavras, Urban fica a mercê do roteiro, o qual oscila entre o “tudo do mesmo” a uma versão mais “canalha” de seu personagem.
Por outro lado, infelizmente, Quaid passa pelo mesmo que Erin Moriarty passa com sua Luz-Estrela: diferente dos demais, ambos tem momentos sim de destaques e com performance fortíssimas (especialmente Moriarty), mas logo no episódio seguinte, perde essa energia, tornando-se mais do mesmo.
Às vezes, até parece que outros personagens tomaram o Composto V para se desenvolverem e esqueceram de repartir com a dupla.
Composto V na produção e na qualidade (e o Herogasm)
The Boys sempre apresentou alta qualidade em sua produção, seja por aspectos técnicos ou pelas partes do roteiro e atuação de seus atores. Assim, a terceira temporada não seria diferente, uma vez que elementos cinematográficos são tão bem vindos e super presentes, colocando sua produção em outro nível.
Dessa forma, em muitos casos, detalhes sutis enriquecem as cenas, como grafites em ambientes urbanos, ou músicas russas que complementam as cenas que se passam na Rússia, por exemplo. Por outro lado, a sutileza nunca foi o forte de The Boys: seja por cabeças explodindo, ou pelas cenas violentas e gore.
Então, a terceira temporada não só segue a tradição, como eleva estes aspectos, principalmente com a produção do famigerado e tão aguardado Herogasm. Aqui, a produção logo acerta ao aproveitar a fama do arco para entregar um dos episódios mais grandiosos da série, justamente pelo olhar de sua produção.
Portanto, seja pelas atuações, pelo roteiro incrível de Eric Kripke, pela visão de Philip Sgriccia na direção ou pelas atuações, The Boys entrega neste e nos demais episódios muita qualidade sim, conseguindo alcançar e talvez até superar as temporadas anteriores.
Isso é, até se pensar sobre seu season finale. Em sua resolução, mesmo com todas as qualidade, não consegue ser o ápice da temporada. Porém, continua sendo bem aceito e apreciado.
The Boys: uma série de super heróis com críticas reais
Infelizmente, a maioria das séries de super heróis (como as da Marvel Studios e da DC Comics) forjaram a ideia errada sobre as produções do gênero, retratando apenas ideias de “Bem X Mal”, herói contra vilão. Enfim, afundam-se mais e mais no fantasioso e deixando de lado a realidade.
Com isso em mente, The Boys é visto por muitos como uma série pessimista. No entanto, mesmo que seja, é inegável que pode ser vista como a série pessimista e fantasiosa mais realista do gênero da atualidade. Isso porque seu roteiro traz constantes temas atuais fantasiados e contextualizados ao seu universo.
Por exemplo, nesta temporada, discussões sobre divergências políticas e sociais, bem como a presente autoridade racista ou até questões de paternidade e repetição de comportamento de seus filhos. Esses são apenas alguns dos exemplos presentes na série e que podem facilmente ser trazidos à nossa realidade.
Agora, se formos mais a fundo, podemos fazer algumas relações:
- Em 2020 houve a revolta pela morte de George Floyd por um policial, nos EUA. Na série temos Blue Hawk, um super herói que matou um civil por motivos raciais durante sua vigília.
- Ao redor do mundo, há diversas discussão quanto a diferença de posicionamento de governos de direita contra esquerda, em The Boys temos o conflito entre apoiadores de Luz-Estrela e os de Capitão Pátria.
Enfim, a temporada não poupa verbos para dizer a seu modo o que pensa sobre diversos assuntos. Assim, estes pontos fazem sim a diferença quanto a qualidade da série, tornando esta em uma das melhores séries do gênero.
Afinal, a nova temporada de The Boys vale a pena?
Com 8 episódios, a nova temporada The Boys surpreende positivamente. Na trama, atuações, direção, roteiro e aspectos técnicos, a série alcança o mesmo nível das temporadas anteriores, senão até superior.
Sim, há pontos desgostosos, alguns arcos não são tão bem resolvidos e a continuação dentre alguns episódios pode causar certa estranheza para alguns. Porém, seu público não fica à deriva e logo é contextualizado daquilo que está por vir.
Aliás, a terceira temporada relembra a todos o porque The Boys tem tantos fãs e qual a razão por ser uma das melhores séries de seu gênero.
Portanto, sim, vale muito a pena assisti-la, seja continuar ou então começar a vê-la. Você pode acompanhar a trajetória de Billy Bruto e os garotos na Amazon Prime, onde você encontrará as 3 temporadas completas.