Tragédia em Mariana: essas palavras estão marcadas até hoje na memória dos brasileiros. Abordando o tema, o documentário O Lugar mais Seguro do Mundo foi selecionado para ser exibido no festival canadense Vancouver Latin America Film Festival. A obra fala sobre as consequências da tragédia que assolou o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), após o rompimento da barragem do Fundão. O festival canadense iniciou no dia 7 de setembro e segue até o domingo (17).

Dirigido pelas paulistanas Aline Lata e Helena Wolfenson, o documentário acompanha Marlon, um jovem que tem sua vida transformada após se tornar vítima de uma das maiores catástrofes socioambientais do mundo. Forçado a migrar do campo para a periferia da cidade, ele passa a lidar com novos conflitos. Um tempo depois, ele testemunha a repetição de outra tragédia da mineração no Brasil, dessa vez em Brumadinho, escancarando o descaso no país.

O filme mostra Marlon entrando em conflito várias vezes com a Samarco, empresa responsável pela barragem juntamente com a Vale e a BHP. Além disso, o documentário aborda o drama das vítimas do acidente. Em sua estreia mundial, o filme O Lugar mais Seguro do Mundo conquistou o Prêmio Canon do Júri de Melhor Filme Internacional no festival DocLisboa. A obra ainda conquistou indicações para o Festival de Biarritz, FIDBA, Festival de Firenze e para o CineOP.

Em entrevista ao portal RFI, Aline Lata comentou sobre a importância da produção. “A mineração está em todos os países, nos objetos que a gente usa. E o filme fala das consequências dessa exploração só pelo lucro, sem pensar em sustentabilidade”, defende.

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O que aconteceu em Mariana?

O rompimento da barragem do Fundão da mineradora Samarco ocorreu em novembro de 2015 e é o pior desastre socioambiental da história brasileira. As empresas Vale e BHP Billiton exploravam o recurso em conjunto. Na época, a barragem despejou 55 milhões de metros cúbicos de lama tóxica que destruiram o pequeno distrito de Bento Rodrigues. A tragédia custou a vida de 19 pessoas e desalojou mais de 600 moradores. Além disso, o episódio destruiu um dos mais importantes rios da região, o Rio Doce, no qual a lama percorreu por mais de 800 quilômetros. Esse transtorno prejudicou 39 municípios em Minais Gerais e Espírito Santo.

O drama continua

Oito anos depois, muitas comunidades ainda precisam ser reconstruídas. O Brasil já investiu mais de R$ 20 bilhões em remediação, compensação de danos e recuperação do meio ambiente. A Justiça Brasileira retirou, em 2019, o crime de homicídio do processo. A decisão judicial atribuiu as mortes provocadas pelo rompimento da barragem a uma consequência da inundação causada pelo rompimento. 

Confira o trailer

Matéria editada em 13/09/2023, às 11:58hs

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