Como você imagina que serão seus últimos dias de vida? Você mudaria algo na sua história ou pediria para viver algo pela última vez? Eu não sei qual será sua resposta, mas com certeza não acredito que você imagine que um papagaio gigante apareceria em seus últimos momentos para levar sua alma. Essa é a premissa de Tuesday – O Último Abraço, da diretora Daina Oniunas-Pusic.

A História

A comédia dramática dirigida por Daina conta a história de uma jovem vivendo com uma doença terminal. Sua mãe, Zora (Julia Louis-Dreyfus), faz tudo o que pode para dar uma vida adequada e tratamento para ela. O que nenhuma das duas esperava era a visita da Morte, que, nessa versão, é figurada por um papagaio falante. Com o passar do tempo, tanto Tuesday quanto a Morte decidem viver seus últimos dias intensamente, enquanto Zora precisa entender e compreender tudo o que está acontecendo. Dessa forma, ela passa a viver em função da aceitação do luto prematuro e da necessidade de aprender a dizer adeus.

Daina encontrou uma forma muito interessante de falar sobre a morte. Claro, não é como se fosse um assunto novo e inexplorado, mas admito que não me lembro de assistir a nada parecido. Uma mistura de fantasia com suspense, quase beirando o terror. Mas, ao analisar a obra de forma profunda, a conclusão que cheguei é que a morte por si só é aterrorizante. Ou melhor, o desconhecido nos assusta de forma aterrorizante.

Tuesday - O Último Abraço
Tuesday – O Último Abraço | Foto: Reprodução

Roteiro, Fotografia e Trilha Sonora Impressionam para o Gênero

Uma das maiores qualidades desse roteiro é sua leveza, que usa a comédia como uma ferramenta importante para descrever a passagem pelo luto, que muitas vezes começa antes mesmo da partida. Tuesday é uma jovem cheia de sonhos, mas que vive reclusa em sua própria bolha de medo. Medo de morrer, medo de sua mãe sofrer, medo de que, após sua partida, sua mãe deixe de viver pensando nela. E, para mim, a grande sacada é que, ao se deparar com a morte, Tuesday consegue viver momentos intensos e genuinamente felizes.

A A24 tem se empenhado em entregar filmes esteticamente perfeitos e com roteiros muito bem elaborados. Com uma estética surrealista e uma trilha sonora intensa, somos surpreendidos com um filme que mistura cores, sons e brinca com o espaço que ocupa. Seja dentro da casa, seja no meio de uma floresta à noite, as cenas são intensas e instigantes.

Vale a Pena Assistir?

Tuesday – O Último Abraço é um tanto quanto inquietante e mexe profundamente com nossas emoções. Mesmo optando pela comédia, ainda assim trata com seriedade e cuidado o luto prematuro e os anseios perante a iminência da morte.

Esse é um daqueles filmes que, apesar da pouca divulgação, merecem a atenção do público. Eu recomendo que assistam no cinema e, se possível, tirem um tempo para refletir sobre como você pretende chegar ao fim da vida.