Se você iniciou sua jornada recentemente na saga Zelda, deve ter notado que em todo jogo sempre existe um Link, Zelda e reino de Hyrule. Mas apesar de terem o mesmo nome, aparentam não terem uma clara conexão, ou no mínimo fazerem parte do mesmo universo. A verdade é que eles não fazem mesmo. Após anos de discussão entre os fãs, em 2011 a Nintendo lançou o livro que solucionaria todas as dúvidas dos curiosos, ou ao menos foi essa a intenção.
Em 276 páginas o livro The Legend of Zelda: Hyrule Historia, conta como tudo começou desde os primórdios, e que na verdade toda a franquia é um grande Isekai no multiverso da loucura. Existindo 3 linhas do tempo paralelas que envolvem muitas reencarnações, viagem no tempo e diversas variantes do mesmo personagem. Cada linha do tempo oferece uma perspectiva fascinante sobre as consequências das ações do herói Link e as ramificações dessas escolhas no universo de Hyrule.
Antes de mais nada, é perceptível que a Nintendo não planejou uma linha do tempo para os jogos de Zelda durante a sua concepção, com muitos elementos sendo obviamente um grande Retcom. É muito provável que assim como os jogos da saga Final Fantasy, Zelda foi planejado para cada jogo ter seu próprio universo, sem nenhuma intenção de se conectar com os anteriores ou futuros, com meras referências em pontos específicos. Mas assim que o burburinho dos fãs sedentos por uma profundidade em sua lore chegou aos ouvidos da Nintendo, ela se fez em dois, ou melhor em 3, para criar uma história coesa e interessante aos olhos do público.
Inicio de tudo
Em um grande vazio, onde 3 deusas chamadas Farore, Din e Nayru, decidem criar o céu, terra e a vida. Junto com um item mágico chamado Triforce. Este objeto que é um grande triângulo formado por outros 3 triângulos concede incríveis poderes aos seu portador, com cada triângulo representando respectivamente a coragem, conhecimento e força. Para que tamanho poder não caísse em mãos erradas, uma quarta deusa ficou responsável por proteger este objeto. A partir de agora entramos no primeiro jogo canônico da série, Zelda Skyward Sword.
A quarta deusa se chamava Hylia, enquanto protegia a Triforce, um poderoso demônio chamado Demise é atraído pelo seu grande poder, em uma medida desesperada de proteger a Triforce, Hylia isola todos os humanos em ilhas flutuantes e prende Demise em uma forma adormecida. Para fazer tudo isso a deusa teve que abdicar da imortalidade. Após muitos anos Hylia acaba morrendo e passa o seu dever a tribo Sheikah. Assim, em um mundo onde ainda nem existe Hyrule, nasce a primeira Zelda, que seria a reencarnação de Hylia, e Link, que assim como o nosso personagem nos jogos da From Software, é o grande Guerreiro escolhido.
Inicio de Hyrule
Após derrotar completamente Demise, as ilhas flutuantes retornam à superfície e se tornam o que será Hyrule. Dando início a grande profecia que se repetirá eternamente. Em que sempre uma reencarnação de Link e da princesa Zelda, surgirá para deter Demise, ou o mais conhecido Ganondorf, em suas também reencarnações. Após Skyward Sword temos os primeiros jogos em Hyrule canonicamente. Em “Zelda The Minish Cap” e “Zelda Four Swords”, temos uma história bem simples e bastantes semelhantes aos jogos do Mario. Em que um feiticeiro no maior estilo Bowser, decide atacar a região de Hyrule e sequestrar a princesa Zelda para que a mesma casasse com ele.
Agora chegamos no jogo divisor de águas, o jogo que causou todo o multiverso da loucura. Em Zelda Ocarina of Time, somos mais uma reencarnação de Link. Que sob a ameaça da nova reencarnação de Demise, agora chamada Ganondorf, vai em busca de Zelda e dos 3 pedaços da Triforce. Zelda acaba conseguindo o pedaço da Triforce que simboliza a inteligência e Link a da coragem, mas para o seu azar Ganondorf consegue o pedaço do poder. Para derrotar o mal, Link precisaria da Master Sword que era responsável por selar o pedestal do tempo.
Estopim da divisão
Ao tentar remove-la, a Master Sword reconhece que Link ainda é fraco, e o coloca em um estado de hibernação por 7 anos até que ele se torne um adulto. Porém esses 7 anos foram o suficiente para que Ganondorf se tornasse o rei demônio de dominasse toda a região. Durante todo o jogo utilizamos a Ocarina do tempo, que nos faz alternar entre o link criança e adulto. Ao encontrar Ganondorf, é onde todo o universo de Zelda se divide em 3 linhas do tempo baseadas em finais alternativos do jogo. As linhas do tempo são respectivamente, Herói Derrotado, Era da Criança e Era do Adulto
Herói Derrotado (Downfall Timeline)
Na Linha do Tempo do Heroi Derrotado. Testemunhamos uma Hyrule mergulhado em trevas após a derrota de Link nas mãos de Ganon em “Ocarina of Time”. Esta linha do tempo diverge se Link fosse derrotado no confronto final contra Ganon. Com o herói caído, Ganon obtém o controle de Hyrule, levando a um período de declínio e desespero. Os jogos nesta linha do tempo, “The Legend of Zelda” e “Zelda II: The Adventure of Link”. Exploram uma Hyrule dilacerado pelo caos, onde os descendentes de Link e Zelda lutam para restaurar a paz em meio à escuridão.
Era da Criança (Child Timeline)
Na Linha do Tempo Infantil, as consequências de “Ocarina of Time” são significativamente diferentes. Após derrotar Ganon, Link é enviado de volta ao passado, para viver os seus 7 anos que lhe foram tirados ao tentar empunhar a Master Sword pela primeira vez. Onde ele adverte as autoridades de Hyrule sobre as ameaças futuras do vilão. Esta intervenção de Link cria uma realidade alternativa na qual Hyrule se prepara para enfrentar os desafios futuros. Os jogos desta linha do tempo, “Majora’s Mask”, “Twilight Princess” e “Four Swords Adventures”. Exploram os resultados dessas ações, apresentando uma Hyrule que, embora enfrentando ameaças, está melhor preparado para lidar com elas.
Linha do Tempo Adulta (Adult Timeline)
Na Linha do Tempo Adulta, temos uma nova perspectiva da linha do tempo da criança. Após derrotar Ganon, e Link retorna ao passado, a linha do tempo anterior continua existindo sem o Link. Agora sem um herói escolhido, não demorou muito para Ganondorf se recuperar. Este evento leva ao estabelecimento de um novo mundo submerso, onde uma nova geração de heróis surge para enfrentar os desafios subaquáticos. Jogos como “The Wind Waker”, “Phantom Hourglass” e “Spirit Tracks” exploram essa nova realidade, oferecendo uma visão única de um Hyrule submerso e os heróis que surgem para protegê-lo.
E os novos Zeldas?
Após tudo uma pergunta ainda fica. Onde Zelda Breath of The Wild e Tears of The Kingdom se encaixam nessa confusão digna da série Dark? Bom, a verdade é que ninguém sabe, e dado ao histórico da Nintendo é provável que nem ela mesma saiba ainda. Porém os mais sábios da franquias teorizam que esses jogos se passem tão, mais tão no futuro, que todas as 3 linhas do tempo de alguma forma se sintonizaram e voltaram a ser apenas uma novamente. Sendo os jogos mais recentes um grande funil que amarra todas as histórias em uma só.