Análise: ISHURA, um anime confuso e apelativo

ISHURA fez sua estreia, recebeu seu último episódio, e talvez você nem tenha ouvido falar nele. Parte da culpa fica para a Star+ que continua com a curiosa tendência de não divulgar seus animes. Contudo, a animação também não faz sua parte, e em uma desesperada tentativa de chamar atenção, acaba tornando ISHURA, um anime confuso e apelativo. No entanto, a obra tem lá seus pontos positivos, vamos conhecer um pouco mais de ISHURA antes de falarmos se vale ou não a pena assistir.

Conhecendo a obra:

O anime de ISHURA é uma adaptação da Light-Novel de mesmo nome escrita por Kosei. Sua produção ficou por conta do estúdio Passione (Rokka no Yuusha) e o estúdio Sanzigen (BanG Dream!) cuidou do CGI. Além disso, Yuuki Ogawa (FLCL Progressive) ficou a cargo da direção do anime que está sendo distribuído no Brasil pela Star+.

A banda Sajou no Hana (Toaru Kagaku no Accelerator – Parole) faz um ótimo trabalho com a música Shura ni Otoshite, tocada na abertura do anime. Também vale um destaque para os animadores, que entregam uma belíssima animação, mostrando um pouco de cada um dos heróis que serão explorados. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo do encerramento. Apesar de Konomi Suzumi (Re:Zero – Redo) ainda conseguir dar um bom tom para as cenas estáticas com a música Shirobane.

A história de ISHURA se passa em um mundo fantástico onde o maléfico Rei Demônio foi derrotado, porém ninguém sabe quem o derrotou. Sem um herói para chamar de seu, a humanidade decide fazer um torneio, onde diversos heróis devem se enfrentar para conquistar o titulo de Verdadeiro Herói.

Caso tenha achado muito clichê, não precisa se preocupar, afinal, nem ISHURA se preocupa muito com a própria história. Ao invés disso, o anime passa metade de seus episódios mudando de protagonista, para apresentar seus “Heróis“, enquanto desenvolve uma trama politica entre dois reinos que estão em guerra. Por conta disso, toda a história do Rei Demônio e do torneio, acaba sendo esquecida, tanto que alguns dos personagens parecem nem saber o porquê de estarem lutando.

Estreia do anime de ISHURA, confuso e apelativo

O primeiro episódio de ISHURA é, para dizer o mínimo, um pouco bagunçado. Logo no começo, somos apresentados a Yuno e Lucelle, duas estudantes de uma escola de magia. O anime tenta, de forma falha, nos fazer criar alguma empatia por elas. Porém, o abuso de cortes rápidos, mostrando a relação das duas, em paralelo a um possível problema na dungeon da cidade, torna tudo muito confuso.

O que acaba nem importando muito, já que a história das duas, praticamente termina quando o Grande Labirinto ganha vida e se torna uma espécie de golem gigante e começa a destruir a cidade. Em meio ao caos, Lucelle é brutalmente despedaçada e ao tentar fugir, Yuno acaba encurralada.

Quando tudo parecia perdido, somos apresentados ao nosso primeiro herói. Soujiro, Espada de Salgueiro, e mesmo que por acaso, acaba salvando Yuno. Ao avistar o golem gigante, o jovem espadachim, parte para enfrentá-lo e nos proporciona uma grande cena de ação. Ao final, Soujiro vence o golem, e decide seguir para Aureatia junto com Yuno.

Apresentações Intermináveis

Apesar de tudo, Soujiro tem carisma o suficiente para nos arrastar, esperançosos, para um segundo episódio. Contudo, se achávamos que a história iria se desenvolver estávamos enganados. Ao invés de Soujiro, nos é entregue outra questionável decisão de direção. Desse momento, até final do 5º episódio, ISHURA decide nos apresentar diversos heróis, sugerindo que teríamos múltiplos protagonistas para apostar em quem conquistaria o titulo de Verdadeiro Herói.

E assim, conhecemos outro heróis, como Alus, o Corredor Estelar e Kia, a Palavra do Mundo. O problema é que, apesar de alguns deles compartilharem o carisma de Soujiro, outros deixam bastante a desejar, e no fim, não temos um real desenvolvimento de nenhum dos personagens.

Enquanto os personagens são apresentados, uma trama politica se desenrola nos bastidores. Onde, tanto o Reino de Aureatia quanto o Novo Principado de Lithia, começam a recrutar diversos heróis para travar uma possível guerra. Graças a este novo elemento, ISHURA deixa de lado o enredo do Rei Demônio e do torneio para dar espaço a uma história mais interessante.

A guerra e os tão esperados confrontos

A partir do 6º episódio, temos as duas facções reunidas, de um lado, o Reino de Aureatia, e do outro, o Novo Principado de Lithia. Vendo que a tensão está aumentando, Lithia decide dar o primeiro golpe, dando inicio a guerra. Ao mesmo tempo, Aureatia envia Soujiro e Yuno, em mais uma tentativa de assassinar Taren, líder de Lithia.

Dessa forma, ISHURA começa realmente a ficar divertido. Os heróis não perdem tempo e assim que se encontram, começam o combate. Alguns são de fato interessantes, como a luta ente Alus e Regnejee, uma batalha cheia de estratégias e reviravoltas. Por outro lado, alguns combates acabam decepcionando, infelizmente, o confronto entre Dakai e Soujiro é um deles.

A segunda metade do anime é recheada de ação, temos itens mágicos, grandes poderes e habilidades secretas sendo usadas o tempo todo. Os heróis fazem de tudo para conseguir a vitória, nos entregando diversas cenas de ação, com direito até mesmo de todo aquele sangue, que aqui sim está bem colocado.

Graças a isso, alguns personagens acabam se despedindo, enquanto uns vão cedo demais, outros não deixam saudades. Os campeões de cada embate também se encontram e se enfrentam criando ainda mais sequências de lutas, nem todas são interessantes, mas estão lá.

Já no último episódio, vemos as consequências da guerra. Aqueles que pereceram, e a movimentação e os planos dos heróis que ainda estão vivos. Além disso, o anime volta para Aureatia, um ano atrás, para tentar explicar melhor os eventos que sucederam a derrota do Rei Demônio e as ações do reino. Eles também trazem de volta o plot do torneio, provavelmente para preparar as coisas para a segunda temporada.

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Considerações finais

Ao finalizar essa primeira temporada, podemos ver seus pós e contras. Seu começo conturbado e o uso exagerado de gore, causam uma sensação de desconforto, e fazem ISHURA parecer um anime confuso e apelativo. Também vale lembrar das mudanças de protagonistas, que nos joga de um personagem a outro, sem desenvolve-los de fato. E por último temos a legenda da Star+, que em muitos momentos parece ser feitar por IA.

Já na segunda metade, o anime apresenta uma pequena melhora. Com uma, muito bem vinda, mudança no rumo da história e o começo dos combates entre heróis, ele até se torna divertido. Porém, o final e a carência de explicações e profundidade, deixam um gosto amargo na boca.

Por fim, a adaptação e ISHURA é bem mediana. Se você está procurando obras profundas e tramas interessantes, talvez seja melhor deixar o anime passar. Agora, se o que você quer é ver alguns personagens bacanas se digladiando, ISHURA pode ser uma boa escolha, apesar dos defeitos. Você pode encontrar todos os episódios de ISHURA, legendados em português no Star+, e uma segunda temporada já foi confirmada, ainda sem data prevista.