Cantora e compositora, Angela Ro Ro estava internada desde junho no Rio de Janeiro com complicações de saúde e não resistiu a uma infecção pulmonar
Angela Ro Ro, uma das vozes mais marcantes e autênticas da música popular brasileira, morreu na manhã desta segunda-feira (8), no Rio de Janeiro, aos 75 anos.
A informação foi confirmada pelo advogado Carlos Eduardo Lyrio. A cantora estava internada desde junho no Hospital Silvestre, na zona sul da cidade, em decorrência de uma infecção pulmonar grave, que evoluiu para complicações.
Em julho, ela passou por uma traqueostomia e chegou a ser intubada. Segundo o advogado, uma nova infecção contraída na UTI foi a causa da morte.
As origens de Angela Ro Ro
Nascida Angela Maria Diniz Gonsalves, no Rio de Janeiro, em 5 de dezembro de 1949, a artista recebeu ainda na infância o apelido que mais tarde se tornaria seu nome artístico.
A voz rouca e grave rendeu o complemento “Ro Ro”, que a acompanhou durante toda a vida. Desde cedo, demonstrou aptidão musical: começou a estudar piano clássico aos 5 anos e construiu uma carreira marcada pela fusão de estilos como blues, samba-canção, bolero e rock.
Sua trajetória profissional ganhou impulso na década de 1970, quando, após uma temporada na Itália, conheceu o cineasta Glauber Rocha. Por indicação dele, tocou gaita no álbum Transa, de Caetano Veloso.
Pouco depois, mudou-se para Londres. De volta ao Brasil, passou a se apresentar em casas noturnas do Rio de Janeiro até assinar contrato com a atual Universal Music.
Consagração de Angela Ro Ro na MPB
O grande reconhecimento nacional veio em 1980, quando, subiu sozinha ao palco do Teatro Fênix para cantar “Amor, Meu Grande Amor”.
A performance revelou ao público uma artista intensa, que falava de sentimentos sob a ótica feminina, abrindo espaço para novos discursos na MPB. No mesmo programa, dividiu a cena com a veterana Angela Maria.
Ao longo da carreira, Angela Ro Ro se consolidou como um nome de referência, tanto por sua autenticidade quanto por sua entrega emocional. Influenciada por artistas como Ella Fitzgerald, Maysa e Elis Regina, construiu um repertório de forte impacto poético.
Suas composições foram gravadas por grandes nomes da música, como Maria Bethânia, que interpretou “Fogueira”, e Ney Matogrosso, que cantou “Balada da Arrasada”. Já Frejat regravou o clássico “Amor, Meu Grande Amor”.
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Entre excessos, dificuldades e legado
Angela viveu de forma intensa suas paixões, alegrias e dificuldades. Ela mesma refletia sobre seus excessos e momentos de autodestruição.
Apesar de ter sido celebrada como uma das pioneiras do rock e da MPB, Angela enfrentou dificuldades nos últimos anos. Problemas de saúde e financeiros a afastaram dos palcos, chegando a pedir ajuda em redes sociais. Sua última apresentação ocorreu em maio, pouco antes da internação que resultaria em seu falecimento.
Em nota oficial, representantes da cantora afirmaram:
“A Angela faleceu hoje pela manhã no hospital Silvestre onde estava internada por uma infecção contraída no próprio hospital. A sua única companheira de 4 anos está absolutamente consternada com o seu falecimento”.
Com mais de cinco décadas de carreira, Angela Ro Ro deixa um legado que atravessa gerações. Sua voz, sua entrega artística e sua postura autêntica seguem como marcas da música brasileira, garantindo que sua obra permaneça viva na memória coletiva.
Imagem de capa: Eduardo Moraes/Divulgação
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