São raros os casos em que um diretor consegue deixar sua marca tão evidente que em qualquer novo trabalho que ele faça, está lá a marca, e é assim com Ambulância – Um Dia de Crime e Michael Bay. Simplesmente, Ambulância é adrenalina pura do começo ao fim. Sem tempo para respirar, ação, ação, ação, assinatura estampada de Michael Bay.
Neste thriller alucinante produzido e realizado por Michael Bay, o veterano condecorado Will Sharp (Yahya Abdul-Mateen II, ator de Candyman e Matrix Ressurections), desesperado para pagar as contas de hospital da sua mulher, pede ajuda à única pessoa a quem sabe que não devia pedir – o seu irmão adotivo, Danny (Jake Gyllenhaal, ator de Zodíaco e Homem-Aranha: Longe de Casa, e já nomeado aos Óscares). Criminoso profissional carismático, Danny faz-lhe uma contraproposta: o maior assalto a um banco na história de Los Angeles: 32 milhões de dólares. Com a vida da sua mulher em risco, Will não pode dizer que não.
Ambulância é aquele típico filme sem comprometimento com a realidade ou com o tempo, sem preocupações com detalhes bobos, é direto ao ponto. Ou seja, basta várias explosões, cenas de perseguições alucinantes e claro, uma história com uma lição de moral embutida para dar aquela emocionada entre uma explosão aqui ou uma bala perdida lá. Porém não achem que só de bombas e tiros vive os filmes de Michael Bay. O diretor entrega uma história que carrega consigo várias reflexões necessárias. Ele aborta de maneira sútil a questão da saúde pública nos Estados Unidos e como ela é exclusiva. Aborda o dilema que o ser humano precisa carregar em situações extremas, manter-se fiel aos seus princípios ou sucumbir a ganância.
Atuações incríveis
Assim como a trama, a escalação do elenco é explosiva. Jake Gyllenhaal, Eiza González, Yahya Abdul-Mateen II e Garret Dillahunt arrasam em seus papeis. Gyllenhaal vive Dany, um gangster super inteligente e maluco, uma mente insana dentro de uma sanidade meio improvável. Mas quem realmente consegue tirar água de pedra é Abdul-Mateen II. O meio-irmão de Dany, Will, é o oposto dele. Veterano de guerra, com princípios e um caráter a zelar. Ele vê sua vida sucumbir depois de descobrir que sua esposa não terá o tratamento do câncer pago pelo plano de saúde. O grande acerto do roteiro de Chris Fedak, Laurits Munch-Petersen, Lars Andreas Pedersen é essa balança criada pelos irmãos. Enquanto um é extremamente calmo, porém, maluco de pedra o outro é desesperado porém bem intencionando. Isso equilibra as coisas de maneira bem interessante.
Eiza González vive a paramédica Cam, uma profissional dedicada que tem como missão não deixar que um policial morra em suas mãos. Como já foi dito antes, a falta de compromisso com a realidade fica evidente com essa situação médica dentro de uma ambulância tomada como refém com um policial a beira da morte. Tudo isso em meio ao caos gerado pela perseguição alucinada, aos acordos entre as gangues envolvidas no assalto, a busca mal sucedida da policia e até mesmo e entrada de um “amigo” do criminoso que agora é agente do FBI. O que mais impressiona é a frieza e determinação de Cam em salvar a todos que necessitam ao cruzar seu caminho.
Enfim, Ambulância – Um dia de Crime é um filme que gera um debate sobre dilemas importantes do comportamento humano, sobre perdão, sobre ganância, sobre desespero, sobre amor. A impressão de que o crime compensa pode pairar ao final, mas cada pessoa irá tirar uma lição disso.