Éramos Crianças tem aquele tipo de história que impacta muito a gente, e instiga a curiosidade, por isso filme é destaque no Festival Italiano de Cinema

O filme de Marco Martani traz uma história tocante sobre amizade e vingança, que choca pela crueldade de algumas cenas, e instiga pelo final, que apesar de aberto, é claramente uma visão ousada de seu diretor. A obra é baseada em uma peça de teatro de Massimiliano Bruno. A nova edição do FESTIVAL DE CINEMA ITALIANO NO BRASIL começa para o público no próximo dia 7 de novembro e se estende até 8 de dezembro, para diversas regiões do Brasil  e também via streaming.

A história

Marco Martani escolheu contar a história com recortes afiados de cada personagem. Logo no começo somos apresentados a cada um de nossos protagonistas, em suas respectivas vidas, e ainda sem saber como elas se conectam. É nesse momento que conhecemos um tímido carteiro, que ao ameaçar um policial com uma faca, é levado para a delegacia para dar explicações. Ao mesmo tempo, o roteiro começa a sua empreitada de nos introduzir as histórias de quatro amigos de infância, marcadas por uma tragédia.

Cacasotto (Francesco Russo), o carteiro tímido e tido por todos como um covarde idiota, é quem começa a história da jornada dos cinco amigos. Gianluca (Alessio Lapice) é o personagem mais extremo, policial e violento, tenta encontrar maneiras de reviver e dar um cabo das histórias do passado; Margherita (Lucrezia Guidone) é uma jornalista que vive uma vida infeliz, com relacionamentos conturbados, vive com seu irmão, Andrea (Romano Reggiani), um viciado em drogas e ladrão de carro, e por fim, (Lorenzo Richelmy) um cantor famoso que vive uma vida de arrogância e desprezo pelos outros. Além disso, temos dois personagens-chave nessa história, Peppino (Giancarlo Commare), que era amigo de infância do grupo e filho do temido senador Rizzo.

Filme, Éramos Crianças, deMarco Martani está no Festival Italiano de Cinema
Crédito: Divulgação

Enredo intenso cheio de excentricidades

O diretor soube explorar muito bem a fotografia, para nos dar a noção de tempo que necessita. Afinal de contas, o filme passeia entre vários tempos, o passado, o presente recente e um presente em flashbacks. Inclusive, raramente vemos montagens que se arriscam em passear tanto pelo tempo dando certo, mas aqui funciona muito bem. A sensação que ficamos, quase como uma labirintite, é mais um ingrediente nesse thriller de suspense.

Nós, como espectadores, somos convidados a agir como investigadores, tentando montar as peças de uma trama muito bem amarrada, que guarda seu troféu, ou seja, seu maior motivo, até o momento certo. Cada detalhe faz toda diferença no resultado, e temos que prestar atenção em cada detalhe que o ambicioso diretor quer nos ofertar. A cada nova reviravolta, somos compelidos a repensar cada passo e ver se não deixamos passar nada em branco.

Um dos pontos mais importantes desse longa, é o elenco, composto por jovens atores, com até certa pouca experiência, mas que dão conta do recado. O destaque, por outro lado, fica por conta do Francesco Russo, que interpreta o carteiro, que nos convence de que realmente é o mais leal do grupo.

Vale a pena assistir?

Quando somos colocados lado a lado com uma obra que nos instiga, que nos mantém focados na tela, e nos convida a participar como coadjuvantes da obra, tudo parece se encaixar. Éramos Crianças é um filme que tenta inovar em um gênero muito complicado, cheio de competidores habilidosos. O cinema italiano tem um charme e uma ousadia que cativa e torna qualquer tema interessante. Se você tiver a oportunidade de assistir a esse filme, não perca.