Jovens Mães de Jean-Pierre e Luc Dardenne é um retrato sensível sobre gravidez na adolescência e acolhimento social
Jovens Mães é o novo filme de Jean-Pierre e Luc Dardenne. O drama retrata a vida de cinco adolescentes que, no auge de sua juventude, enfrentam os dilemas de uma gravidez não planejada. O enredo parece bastante familiar para nós brasileiros, o que chama atenção nessa obra é o serviço de acolhimento que a jovens belgas recebem. O filme estreia no Brasil em 1º de janeiro com distribuição da Vitrine Filmes.
O longa estreou mundialmente na Competição Oficial do Festival de Cannes 2025 e concorreu à Palma de Ouro, principal prêmio do evento. Embora não tenha vencido a disputa, o filme conquistou o Prêmio de Melhor Roteiro e, em seguida, recebeu também o Prêmio do Júri Ecumênico, que destacou a sensibilidade e a força de sua narrativa. Além disso, a Bélgica escolheu a obra como sua candidata oficial ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2026.
O roteiro, também assinado pelos Dardenne, impressiona pela fidelidade com a realidade. Ao retratar jovens em situação de vulnerabilidade e sem estrutura familiar que precisam do apoio governamental, através da casa maternidade, os irmãos expõem uma realidade mundial. Porém, para o contexto do Brasil, o serviço social e assistencial oferecido às jovens belgas parece uma realidade ainda distante.
Enxergando a realidade belga do ponto de vista brasileiro
Apesar da distância cultural, ‘Jovens Mães’ provoca uma reflexão sobre o como essas histórias se repetem ao redor do mundo. Pois, infelizmente, o “viralatismo” brasileiro muitas vezes não nos permite observar nossa própria realidade com um pouco mais de doçura. Muitos de nós, acreditam que algumas mazelas só nos ocorrem por sermos um “país de terceiro mundo”. Entretanto, a produção mostra que apesar das mesmas histórias tristes, o resultado pode ser diferente com um sistema mais acolhedor.

O avanço do debate na Bélgica fica claro quando o roteiro retrata e liberdade que as jovens mães têm de escolher entre criar seus filhos ou entregá-los para uma família acolhedora. É claro, que nenhuma das opções é fácil, afinal, todas elas lidam com traumas como abandono, alcoolismo, uso de substâncias, abuso sexual, violência doméstica e tantos outros.
Contudo, o serviço social belga retira as grávidas de seus lares e as leva para um abrigo, onde elas podem ser assistidas 24h por dia e podem vivenciar a maternidade enquanto decidem seu futuro. Nesse lar comunitário, as jovens também têm assistência para voltarem a estudar, conseguir um emprego, vaga em creche e até um aluguel social. Olhando assim, de fora, tudo parece lindo, mas devemos lembrar que elas são apenas adolescentes e mal começaram a vida.
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Vale a pena assistir ‘Jovens Mães’?
Sim. Com certeza, vale a pena ver ‘Jovens Mães’. O roteiro e a direção são tão precisos que levei um tempo para perceber que não se tratava de um documentário. É impossível não se sensibilizar com as histórias de Jessica (Babette Verbeek), Julie (Elsa Houben), Ariane (Janaina Halloy), Perla (Lucie Laruelle) e Naïma (Samia Hilmi). Refletir sobre a gravidez na adolescência é um tópico ainda muito negligenciado na sociedade. Muita vezes, o tabu que rodeia a educação sexual de jovens é o maior vilão dessa história.
O mais interessante do longa, é que em momento algum, Jean-Pierre e Luc tentam eximir as personagens de suas responsabilidades. Pelo contrário, por elas estarem dentro do serviço de acolhimento elas precisam demonstrar ainda mais compromisso com as oportunidades que estão recebendo. Esse é um filme para acender a chama interna que nos impulsiona a buscar uma sociedade melhor. Que algum dia essa realidade chegue ao Brasil.
Jovens Mães de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne estreia nos cinemas brasileiros em 1º de janeiro de 2026.
Imagem de capa: Reprodução / Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
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