Diversas vezes nos deparamos com filmes com temáticas bíblicas/mitológicas. Mas na maioria das vezes temos uma abordagem clássica dessas histórias que acaba ocultando determinados personagens ou fatos, de acordo com as opiniões, crenças e até mesmo por causa de pressões religiosas.

A produção “Lilith” conta a história mitológica da primeira mulher na Terra, que veio antes de Eva. Ela é criada por Deus para ser a mulher de Adão. Entretanto, Lilith não aceita posição de inferioridade em relação ao homem, rebela-se e vai para o deserto. Lilith reaparece como um duplo de Eva, come o fruto proibido, se vinga de Adão, de Deus, e torna-se a primeira mulher a se levantar contra o sistema patriarcal dominante.

A direção é de Bruno Safadi. Já o roteiro é de Safadi e Vera Egito. No elenco temos Isabél Zuaa, Renato Góes e Nash Laila.

Uma figura com diversas interpretações

Lilith é uma figura que aparece em várias tradições mitológicas e religiosas ao longo da história. Sua origem remonta à mitologia mesopotâmica, onde ela era vista como uma deusa da noite e da fertilidade. No entanto, ela também é conhecida pela sua intimidade na tradição judaico-cristã.

Na tradição judaica, Lilith é frequentemente considerada a primeira esposa de Adão, criada igualmente a ele a partir do barro. Segundo algumas interpretações de textos antigos, Lilith decidiu-se submeter a Adão e foi expulsa do Jardim do Éden. Após sua expulsão, ela se transformou em uma figura maligna associada à sedução, à morte de crianças e aos ataques noturnos a homens.

Lilith não está presente na Bíblia hebraica (Antigo Testamento), mas sim em textos apócrifos e na tradição oral judaica. Sua história se desenvolveu em textos posteriores, como o “Alfabeto de Ben-Sira” e outras obras.

Lilith
Lilith. Imagem: Divulgação

Lilith também aparece em algumas tradições místicas e ocultistas, símbolo de feminilidade selvagem, independência e poder.

Na tradição demonológica, Lilith é um demônio feminino. Essa interpretação da figura de Lilith tem suas raízes em textos antigos e em tradições folclóricas, especialmente na mitologia judaica e em algumas correntes da demonologia cristã.

Essa representação de Lilith como um demônio feminino está em diversas obras literárias, mitológicas e culturais ao longo dos séculos. Ela é muitas vezes vista como um símbolo de tentação, luxúria e rebeldia feminina, e sua história foi reinterpretada em diferentes contextos culturais e religiosos.

Um filme mediano com reflexão importante

Lilith e Eva - Lilith
Lilith e Eva. Imagem: Divulgação

Os cenários são muitos bonitos. As gravações acontecerem em uma cadeia de montanhas entre Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), além de cenas em Saquarema, na Argentina e em Israel.

Lilith busca exaltar o feminino, e para isso o diretor escalou um elenco que conseguiu trazer com muita força todo esse ideal. Isabél Zuaa entregou uma perfomance maravilhosa interpretando Lilith. Ela consegue entregar a imagem de uma mulher forte, empoderada, que não se subjuga à Adão, interpretado por Renato Góes.

É lógico que a produção utiliza de uma liberdade criativa para construir a história. Cenas como Adão utilizando uma pá, além dos personagens estarem usando tecidos e roupas que só existiriam muitos anos depois. Entretanto, isso não prejudica tanto a produção.

Vale a pena assistir “Lilith”?

Lilith é uma experiência interessante, não é uma produção comercial. O filme consegue trazer com profundidade todo um empoderamento feminino e uma reflexão sobre o patriarcado. Entretanto, em determinados momentos o filme é lento, e com demasiadas cenas sobrepostas, o acaba prejudicando alguns cenários que são muito bonitos.

Com 80 minutos de duração, Lilith às vezes parece se arrastar, com cenas bastantes lentas. Mas isso não prejudica em si experiência. Acredito que na verdade até as cenas mais lentas servem para fazer com que o espectador fique atento, esperando que aconteça algo espetacular.

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