Nesta nova temporada de animes, um em especial vem fazendo sucesso com o gênero apocalipse zumbi. Zom 100: Bucket List of the Dead resgatou a temática com muito humor e ação. Seguindo a onda de seu sucesso, a Netflix lançou em sua plataforma a versão live-action de Zom 100.

Mas antes de falar sobre o filme, vamos lembrar rapidamente sobre o gênero e no atual cenário no mundo geek pop. Afinal, depois de muitas tentativas, seja em animes ou em filmes e séries, muitas produções saturaram o tema, levando o mesmo a perder aquele toque especial que tinha até então. Inclusive, o tema ficou de lado por um momento, voltando a ganhar os devidos holofotes recentemente, com produções como The Last Of Us e o atual anime Zom 100.

Dessa forma, surge a pergunta: o que faz com que Zom 100 ser tão especial? Bem, vamos conferir a sinopse do live-action:

Intimidado pelo chefe, Akira Tendo era só mais um funcionário explorado na empresa. Mas tudo o que ele precisava para finalmente se sentir vivo era uma invasão de zumbi.

Agora, com o sentimento de liberdade a flor da pele, Akira monta sua lista de 100 coisas para se fazer antes de virar um zumbi.

Como a sinopse sugere, o live-action promete uma forma diferente de encarar o gênero apocalipse zumbi. O anime tem chamado a atenção com seus primeiros episódios, mas será que o live-action de Zom 100: Bucket List of the Dead também se destaca?

Apocalipse X Liberdade: uma perspectiva diferente

Zom 100: Bucket List of the Dead
Imagem: Reprodução

Antes de tudo, é importante ressaltar que assistir o live-action, sem se lembrar do anime, é quase que impossível. Isso porque ambos caminham e se desenvolvem de maneira bem parecida, principalmente na introdução. Apesar do anime ainda ser mais ousado, principalmente pela liberdade que o formato da animação lhe permite, o live-action não fica muito para trás.

Com isso em mente, o filme consegue apresentar um roteiro inovador e coerente a sua proposta. Isso é, apesar de ter um tom à la apocalipse zumbi, com um cenário caótico e de terror, ainda assim, a trama apresenta uma narrativa que vai de frente ao habitual.

Em outras palavras, se de um lado temos pessoas correndo e gritando por socorro, em um tom mais denso e desesperador, do outro lado temos um protagonista que proporciona leveza e alívio cômico, ao mesmo tempo em que apresenta um tom mais esperançoso a trama. E, claro, respeitando o contexto da história e do momento. É importante ressaltar aqui como o elenco, tanto do núcleo principal até a própria figuração, conseguiu transmitir muito bem tamanha ambivalência.

Aliás, por falar em contexto, essa construção narrativa e o desenvolvimento do filme pelo roteiro e pela direção, são pontos marcantes e de qualidade. Dessa forma, podemos dizer que temos produção que entendeu a obra original em que se baseia, ao mesmo tempo em que “surfa” em ideias de outros filmes que misturam a temática a comédia, como Todo Mundo Quase Morto (2004) e Zumbilandia (2009).

Por fim, é diante desta conversa entre o humor e o terror, que a direção trás questionamentos importantes sobre a sociedade. Afinal, o que é felicidade? Até que ponto vale se sacrificar em busca dela? Dentre tantas perguntas, uma persiste do começo ao fim de maneira sutil: quem são os zumbis?

Quem é zumbi?

zumbi
Imagem: Reprodução

Ao longo da história, o público se depara com zumbis de várias formas, gêneros e tamanhos. Contudo, o que era dito no começo como pessoas infectadas, logo perde tal significado. Isso porque o próprio longa trás de maneira explicita o comparativo entre zumbis usados em trabalhos e empregados que dão sua vida para um salário.

A transição e o questionamento atravessa o filme e pode muito bem ser aplicado no dia-a-dia do telespectador. Afinal, por que se sacrificar tanto para uma empresa que as vezes nem reconhece seu sacrifício, para um salário que muitas vezes você não tem nem tempo para aproveitar devido ao desgaste do próprio trabalho e o tempo perdido?

Tempo. A ideia de o quão o tempo está em falta na atualidade e a necessidade de combatê-lo é a principal ideia por trás do longa, uma vez que o protagonista reconhece que possui pouco tempo de vida e precisa aproveitá-lo ao máximo, para então realizar seus maiores sonhos e desejos.

Voltando a pergunta, o que é ser zumbi? A pergunta não tem necessariamente uma resposta, mas serve como uma analogia a quem está preso numa rotina que não lhe traz satisfação. Ou melhor: sacrifica tempo de vida, mas não pode aproveitar as recompensas pela falta do próprio tempo que fora gasto.

SPOILER: Ao final do filme, há o ápice da crítica a tal sistema, quando até morto, ainda é colocado para trabalhar, e afirmando explicitamente que o trabalhador bom, é igual àqueles zumbis: produz muito e não reclama.

Portanto, Zom 100: The Bucket List of the Dead é um longa que retrata diversas reflexões da atualidade, em um cenário que não foge a realidade de muitos.

Afinal, Zom 100: The Bucket List of the Dead vale a pena?

De modo geral, o filme retrata a ambivalência entre o desespero da sociedade e a esperança e liberdade do protagonista. Apesar do live-action não alcançar a ousadia do anime, ainda assim permanece como uma obra bem elaborada e um desenvolvimento simples.

A narrativa da história faz transição de cenas interessantes, ao mesmo tempo em que apresenta a construção dos personagens de modo carismático. Porém, apesar de um desenvolvimento coerente dos personagens, o que mais chama a atenção mesmo é na forma como a figuração se comporta diante ao terror e o desespero.

Outro ponto importante está em como a fotografia se comunica com a história. Ou seja, como ela reage através de mudanças de tons para apresentar as mudanças da perspectiva do protagonista. Assim, quando está infeliz e insatisfeito com o serviço, há o uso de tons mais frios, cenas com menos iluminação. Quando finalmente se livra do trabalho, há a transição e cores mais quentes tomam espaço, juntamente do maior aproveitamento da iluminação.

Zom 100: Bucket List of the Dead
Imagem: Reprodução

Por fim, tudo isso só enfatiza e enaltece a grandes reflexões que o longa propõe sobre a vida e a sociedade atual.

O final da trama se perde um pouco no ritmo de sua narrativa. Seu clímax é bom, mas não se compara ao restante da trama. Ou melhor, o clímax não é ruim, mas soa artificial, com diálogos e falas forçadas, cenas e coreografias que não batem ao restante da trama. É através da artificialidade que ocorre a queda do nível, infelizmente.

Entretanto, apesar de tudo, o mesmo consegue resgatar aquele gostinho que conquistou o telespectador até aqui. Como disse, o final é bom, mas deve se ter em mente que a produção não o elaborou conforme o resto do filme.

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Agora, de modo mais pessoal: tenho que dizer que fazia tempo que eu não me sentia bem assistindo um live-action. Quando muitas obras adaptam animes ou mangás, infelizmente, muitas não acertam o tom ou falham em construir a história. Logo, os erros constantes fazem com que muitos (eu incluso) tenham receio em assistir live-actions de animes. Contudo, o live-action de Zom 100 me fez repensar sobre o gênero e, de certa forma, me dar esperança para/com futuras produções do tipo, como o live-action de One Piece.

Logo, sem mais delongas, para a pergunta “vale a pena dar uma chance ao novo live-action de Zom 100: The Bucket List of the Dead?“, a resposta só poderia ser: Sim! O filme com aproximadamente 2 horas de duração já está disponível na Netflix. Confira abaixo o trailer do longa: