A Blumhouse não joga pra perder e já lançou seu primeiro terror de 2023, “M3GAN”. Com produção de James Wan e Jason Blum, o filme já entra no cenário com essas referências. Como é possível perceber, investiram bastante no marketing do filme, principamente nas redes sociais. O rosto da boneca está estampado em vários posts, dancinhas no tiktok, publicidade em grandes portais. Será que o investimento se justifica?

M3GAN é uma boneca incrivelmente inteligente, baseada em inteligência artificial e criada por Gemma (Allison Williams), uma pro uma projetista de uma companhia de brinquedos avançados que precisa entregar um novo sucesso de vendas ao seu chefe. Paralelo a isso ela vive um drama pessoal, a morte prematura de sua irmã e seu cunhado, que deixam uma filha de 8 anos orfã para ela cuidar. Cady é uma criança da geração que vive no tablet ou celular e possui poucas habilidades sociais. É nesse cenário perturbador que a ideia de colocar M3GAN em ação brota na cabeça de Gemma. O que poderia dar de errado né?

Precisamos ser justos desde o inicio, essa não é nem de longe uma história que traz novidade. Bonecos assassinos dominam o cinema a décadas, inclusive, com essa mesma premissa de serem companhia para crianças orfãs ou abandonadas. A diferença agora se dá na maneira como o diretor Gerard Johnstone à partir de um roteiro de Akela Cooper conseguiu criar um enredo que agrada até quem não gosta de terror. E não é um roteiro de ouro, na verdade é bem mediano e cheio de buracos.

M3gan

Mas o que é M3gan então?

Megan não é possuída ou não se torna maléfica por um defeito. Se a gente precisasse traçar um paralelo, ela está mais pra Ultron do que pra Chucky. Isso porque ela aprende as coisas, ela aprende na internet, ela aprende na convivência, ela consegue interpretar os dados que observa nos seres humanos a sua volta. Então, como sua missão é proteger sua criança, ela acaba levando essa missão a sério. Até demais!

Aqui precisamos dar créditos pro roteiro, que acaba não sendo chato nem massivo. O enredo simples, como haveria de ser, não deixa criar tantas expectativas, o que garante bons sustos com os clássicos jumpscares que não podem faltar nesse tipo de filme. Não é um terror gratuito, existe certa coerência com os absurdos que eles mesmos criaram.

A história é interessante, apesar não ser nenhuma novidade. O roteiro consegue ser consistente na parte do terror, mas derrapa feio nos dramas, aprofundando em histórias que não levam a lugar nenhum, e em alguns momentos até apressa demais as mortes. As atuações são convincentes, principalmente de Violet McGraw, a Cady. Allison Williams que interpreta Gemma também se sai muito bem dentro das limitações do roteiro. Ambas tem experiência com filmes de terror de baixo orçamento, então sabem que tem que fazer muito com pouco. A boneca é feita em CGI, mas parece que em algumas cenas usaram dublê para deixar mais realista, o que é um ponto positivo.

M3gan

O filme é um terror de baixo orçamento com boas doses de humor e até dancinha

O resultado final disso é um filme com suspense, alguns jumpscares legais, o clichê que não pode faltar e até humor, a boneca consegue ser hilária às vezes. É possível morrer de susto e de rir, o que já garante bons momentos no cinema. Agora, não foi feito para quem leva o cinema a sério demais, ou que espera um clássico de Stanley Kubrick. Aqui a cartilha Blumhouse está presente do começo ao fim. E olha, eu até poderia falar das mensagens sociais envolvidas no filme, sobre infância, sobre o luto, sobre o futuro da robótica, mas nada disso faz muito sentido no filme, então, cada um poderá tirar uma lição diferente.