O Retrato de Norah” ocorre numa pequena aldeia remota da Arábia Saudita na década de 90

O filme retrata quando a expressão artística era proibida, e um novo professor chega a uma pequena comunidade. Ele conhece a jovem Norah, que tem o sonho de ter um retrato igual das capas de revista. O longa dirigido por Tawfik Alzaidi e selecionado para a mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2024.

Assim, acompanhamos a chegada do professor e ex-artista Nader (Yagoub Alfarhan) para ajudar a pequena comunidade, mas parece que não é apenas isso que traz ele até o local. Bem como, somos apresentados a jovem Norah (Maria Bahrawi), que vive com sua tia no vilarejo.

O Retrato de Norah - Nader (Yagoub Alfarhan)
Imagem: Pandora Filmes/Nader (Yagoub Alfarhan)

A arte é o caminho para sermos nós mesmos

“O Retrato de Norah” é a vivência de como a Arabia Saudita modificou a presença artística das pessoas, principalmente daqueles que tinham o sonho de trabalhar na área. Nesse sentido, o filme é uma crítica aqueles tempos, e como isso pode afetar a sociedade, e quem pode ser atingido com tudo isso.

A protagonista Norah tem o sonho de ver seu rosto na arte, e Nader queria estar presente no mundo artístico. Assim, os dois buscam juntar seus sonhos para se conhecerem nesse mundo perdido sem arte. Além disso, também é uma crítica a quem não consegue ver a arte como um ponto importante da sociedade.

Dessa forma, a arte encaminha para nos conhecermos e nos entendermos, mas também é uma forma de acesso para novas vivências. O longa tem esse enfoque, mesmo que tenha outras questões importantes, a falta da arte é o ponto principal e o que o diretor queria discutir.

Faltou coragem para “O Retrato de Norah”

Como disse acima, o filme apresentou outras discussões importantes, mas não pareceu se importar muito com elas. Assim, demonstrou uma falta de coragem e sensibilidade para a história, ficou a sensação de não querer tocar em assuntos problemáticos da época. Mesmo com a discussão sendo a repressão contra artistas, um dos pontos principais da arte é a indignação, mas não quiseram tocar no assunto.

Desse modo, o longa pareceu ter medo de tocar em feridas, e adentrar realmente no sentido da arte e como é ser artista. Nesse sentido, demonstrou uma crítica pequena para um ponto tão grande no nosso mundo, principalmente referente a Arábia Saudita. Mesmo demonstrando olhares para pontos críticos, “O Retrato de Norah” não quis problematizar alguns assuntos ficando superficial a discussão.

Querer discutir arte, não é somente dizer o que é belo ou o que não é. Não podemos deixar que seja só uma questão de gosto, arte é para ser incomodativa e cheia de perguntas. Contudo, o filme não quis nem pensar no assunto, só apresentou os problemas sem de fato conversar e delatar.

Vale a pena assistir “O Retrato de Norah”?

Mesmo não querendo ser mais incisivo nas críticas, o filme tem pontos bem importantes na discussão sobre proibir a arte. Entretanto, você precisará ir com a mente aberta para saber que não irá encontrar críticas fortes, mas uma demonstração do problema que aconteceu na Arábia Saudita. Assim como, verá detalhes que poderiam ser mais discutidos e passaram superficialmente para não correrem riscos ou só não quiseram conversar sobre no filme.

“O Retrato de Norah” mostra os anos 90, mas poderia facilmente ser algo ambientado em 2025. A falta de discussão sobre temas importantes ou querer controlar as artes são enredos que encontramos em diversos lugares da sociedade, e não seria nenhum absurdo termos o filme ocorrendo ainda nessa década.

Imagem de capa: Divulgação/Pandora Filmes

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