O filme “segundo tempo” conta a história de dois irmãos que precisarão deixar suas diferenças de lado para poderem encontrar respostas sobre seus passados.
Dirigido por Rubens Rewald, o filme vai percorrer os mais variados aspectos da história de vida de Ana e Carl, dois jovens adultos que moram em São Paulo e que perdem subitamente o pai. Essa perda vai mudar completamente a maneira como ambos enxergam a sua própria ancestralidade, já que descobrem que seu pai guardou um segredo deles. durante a vida toda.
Ana (Priscila Steinman) é uma jovem estudada, que trabalha em uma biblioteca tem uma vida pacata, sem grandes emoções, sem grandes relacionamentos, vivendo basicamente para sua família. Por outro lado Carl (Kauê Telloli), é um jovem, que trabalha escondido como garoto de programa, e que passa boa parte do seu tempo jogando futebol com os amigos na praça em frente de casa, é dessa situação inclusive, que nasce o principal drama do filme. Carl não se comporta como um membro da família, inclusive, é bem diferente de sua irmã e de seu pai. Nesse ponto em diante do filme A História dos dois irmãos acabam se entrelaçando de uma maneira que nem eles mesmos gostariam que acontecesse.
Ao encontrar recordações de seu pai, Carl descobre que ele é muito bom em matemática mas que esconde um passado em seu país de origem, a Alemanha. O que será que seu pai guardou durante tanto tempo a ponto de que nem mesmo sua irmã, a mais próxima do pai, soubesse do que se tratava. Óbvio, a primeira coisa a se fazer é ir procurar respostas para todos esses dilemas e é nesse ponto em que eles viajam para o país de origem da família.
Roteiro mostra a complexidade dos temas de forma leve e curiosa
O roteiro toma muito cuidado em preservar esses dilemas durante todo o filme para que somente no último ato fosse possível compreender o que de fato aconteceu para Que tal segredo fosse guardado. É um filme que trata de dramas bem complexos a relação entre a família. Além de todos os temas principais do filme, o roteiro também aborda as questões históricas relativas à Segunda Guerra Mundial, ao nazismo, a perseguição aos judeus e o acolhimento desses refugiados na América do sul.
Além disso, toda essa atmosfera criada em cima das descobertas a respeito da vida do senhor Helmut, serve de pano de fundo para que os irmãos Ana e Karl pudessem descobrir mais sobre suas próprias vidas. a história de seu pai na verdade ilustra bem como que a relação familiar, de alguém que mantém um segredo tão importante, pode ser problemática.
As atuações são muito boas gostei bastante da maneira como ambos os atores se entregaram para o os papéis aos quais estavam designados, sendo possível ver no semblante de cada um o sofrimento, a angústia que eles carregam. O destaque grande para mim aqui fica com elenco da Alemanha, que apesar de falarem, né? Tanto o inglês quanto o alemão interagem muito bem com as cenas. Parece de verdade, uma mistura de documentário com um filme de longa-metragem.
Fotografia nos coloca dentro do filme
A fotografia também é um caso à parte, você realmente consegue imaginar que está em São Paulo ,imaginar que está na Alemanha, passando por todas aquelas cidades históricas, passando por aqueles lugares em que o próprio senhor Helmut realmente viveu. o diretor de fotografia escolheu usar das cores mais escuras quando o assunto ele é mais obscuro, no sentido de que a vida de cada um tinha as suas obscuridades. Mas ele também escolhe o uso das lentes mais vivas para os momentos em que as descobertas sobre o passado do seu realmente iam abrindo os olhos dele para o que de fato aconteceu como por exemplo quando descobrem que eles também são judeus.
Por fim é preciso dizer que é um filme bem complexo, com uma dramaticidade muito profunda e que você precisa realmente prestar bastante atenção para entender as sutilidades de alguns algumas informações que são colocadas para o espectador. E além disso você precisa compreender um pouco de como foi a história de todos esses imigrantes que o nazismo expulsou da Europa e que o nosso país, assim como todos os outros da América do sul, os receberam de braços abertos.