Um conto de fadas sempre tem lugar cativo no cinema, e em “Sra. Harris Vai a Paris“, a emoção fica por conta dos detalhes. Estreia essa semana nos cinema o longa dirigido por Anthony Fabian e que vai contar a história de uma faxineira que sonha em usar um vestido da alta costura francesa.
A primeira coisa que me chamou atenção nesse filme foi o fato da protagonista ser uma mulher mais velha. Sim, eu sei, vários outros filmes do gênero também tinham mulheres com mais idade, mas em quantos ela de fato é protagonista? Aqui, o diretor Fabian não tem medo de emponderar a Sra. Harris, mesmo em um tempo onde isso era quase nulo.
Esse é outro ponto que me encantou, é um filme que se passa na década de 50, mas com uma uma história atemporal, e que não se prende aos preceitos da época (apesar deles estarem lá). Sra. Harris ousa desafiar o status quo da época, e isso fica muito bem definido na tela. Ela, que é interpretada pela excelente atriz Lesley Manville, consegue conquistar todos a sua volta com seu jeito simples, recatado e emponderado.
Elenco impecável ajuda o filme a ter ares de sucesso
No elenco temos vários atores e atrizes de muita qualidade, como por exemplo a atriz luso-brasileira Alba Baptista, que interpreta uma modelo da “Dior“, e que sonha em ser muito mais que um rosto bonito em Paris. Ela que é apaixonada por André, o contador da Dior, e que tem planos modernos para a empresa, e ele, que também é apaixonado por ela e nunca teve coragem de expor seus sentimentos e suas ideias.
O elenco ainda tem nomes bem conhecidos como Jason Isaacs, Isabelle Huppert, Lambert Wilson, e Ellen Thomas. No papel de Cristian Dior, está Philippe Bertin.
A história passa por altos e baixos
O roteiro assinado por Carroll Cartwright e Anthony Fabian ousa adaptar a obra de Paul Gallico publicado em 1958, e que conta ainda com outros 3 volumes que acompanham a faxineira de Londres. Sra. Harris é uma faxineira de Londres que divide seu tempo entre limpar a casa dos ricos e os momentos de lazer com sua amiga “Vi” e seu admirador secreto “Archie”. Seu dom para fazer costuras invisíveis já dão a dica do amor dela pela alta costura, e quem conhece costura sabe que esse tipo de acabamento é muito requintado. Em determinado momento Sra. Harris descobre que seu marido faleceu na guerra, e que ela herda uma quantia em dinheiro, que seria suficiente para ajuda-la em seu sonho. vestir um vestido desenhado por Cristian Dior em Paris.
Ela começa a juntar dinheiro, passa por problemas, mas consegue juntar a quantia desejada. Após sua viagem para a capital francesa, sua vida muda completamente. Lá, ela se vê ao mesmo tempo humilhada e exaltada. Isso porque a sua presença incomoda a das pessoas ricas da cidade que enxergam na marca Dior um amuleto que as separam do baixo clero. E por outro, os empregados da confecção que passam admirar essa senhora, faxineira, que juntou dinheiro e sonhos para estar lá.
Porém, preciso dizer, o filme te deixa muito apreensivo em vários momentos. Isso porque logo de cara a gente se apega a essa senhora, ela nos conquista ali, bem no começo. E o roteiro é uma montanha russa de emoções, dessa forma, não é incomum nos pegarmos torcendo por ela nos momentos de maior tensão. Sofrer com ela nos momentos de maior decepção. E claro, vibrar com ela nos momentos de felicidade.
O resultado final é impecável
Ou seja, esses elementos somados a todo o final da trama, que vocês precisarão assistir para entender, tornam esse conto de fadas muito mais próximo da realidade. Todos os detalhes, e as sutilezas desse roteiro, aliadas a uma direção ousada e inspirada, fazem de “Sra. Harris Vai a Paris” um bom filme para se apaixonar a primeira vista.
Além disso, é muito inspirador ver como essa mulher consegue superar todas as dificuldades. Sempre com elegância, simpatia, humidade mas sem perder o poder em suas decisões.
Por fim, defino esse longa como uma obra em construção, já que cada espectador com certeza irá depositar ali seus sonhos e desejos. Tal qual Sra. Harris, irá trazer uma breve e inconsciente reflexão: Até onde podemos ir para realizar nossos sonhos?