Não são os heróis queríamos, mas são o que temos
Quando Kevin Feige anunciou, em 2022, que o grupo Thunderbolts ganharia um filme dentro do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), a reação do público foi, na maioria, cética. Comparações com Esquadrão Suicida surgiram rapidamente, e muitos questionaram se essa era realmente a prioridade, considerando a ausência de novidades sobre os X-Men. No entanto, contra todas as expectativas, Thunderbolts surge como um dos projetos mais ousados e emocionalmente profundos da nova fase do MCU.
Desde o início da campanha de divulgação, ficou claro que os Thunderbolts não são heróis convencionais do Universo Marvel. A equipe formada por Yelena Belova, John Walker, Fantasma, Treinadora, Guardião Vermelho e Bucky Barnes carrega passados marcados por escolhas difíceis, traumas e erros irreparáveis. São personagens quebrados, que ainda enfrentam as consequências das decisões que tomaram.
O roteiro mergulha nesses históricos dolorosos e propõe uma pergunta essencial: é possível recomeçar mesmo após tantas falhas? A resposta vem na forma de uma equipe disfuncional, cujos dilemas morais e conflitos internos se tornam o centro emocional do filme.
Culpa, redenção e o poder da rede de apoio

O grande acerto de Thunderbolts está em como trata temas densos, como culpa, redenção e a importância do apoio emocional. Ao reunir personagens que inicialmente parecem difíceis de simpatizar, o filme consegue tocar o público justamente por suas vulnerabilidades. Afinal, todos enfrentam momentos de queda, e o longa mostra que há força em compartilhar a dor.
Um dos pontos altos da narrativa é o confronto entre Yelena e o Guardião Vermelho. Após suportar seus traumas em silêncio, a personagem explode emocionalmente em uma cena intensa e bem dirigida, revelando toda a carga que carregava. É a partir desse momento que o grupo começa a agir com mais empatia e heroísmo, mesmo que em sua versão imperfeita. A sequência reforça que, apesar da ação e do humor, ainda estamos diante de um filme de super-herói.
Um grupo de anti-heróis com cicatrizes profundas

A atriz Florence Pugh, vencedora do Oscar, entrega uma atuação poderosa como Yelena Belova. Mais madura e decidida, sua personagem demonstra fragilidade emocional com autenticidade, tornando-se o pilar dramático da trama. É dela a responsabilidade de carregar boa parte do peso narrativo, e ela o faz com naturalidade.
O restante do elenco também tem seus momentos. Ainda que funcionem como um grupo disfuncional, demonstram lealdade quando realmente importa. A única exceção é a personagem de Geraldine Viswanathan, que começa com aparente importância, mas perde espaço ao longo da história. Fica a dúvida se isso foi intencional ou reflexo de cortes na pós-produção, ou talvez uma preparação para algo maior no futuro.
Outra presença de destaque é Lewis Pullman, que interpreta o Sentinela. Os fãs atentos da Marvel já haviam identificado sua presença desde os primeiros trailers. O ator consegue equilibrar as duas facetas do personagem, Sentinela e Vácuo, com eficácia, sem recorrer à caricatura. Essa dualidade serve como ponto de conexão entre os demais integrantes do grupo, agregando complexidade à narrativa.
As origens do personagem são inspiradas nos quadrinhos, mas adaptadas com liberdade criativa para se integrar ao MCU. O resultado é um arco convincente, que adiciona nuances ao desenvolvimento do grupo como um todo.
Thunderbolts*: o veredito

Embora não reinvente o gênero de super-heróis, Thunderbolts representa um passo importante da Marvel rumo a histórias mais maduras, emocionais e realistas. O filme acerta ao investir em personagens menos idealizados, mostrando que mesmo aqueles considerados “falhos” podem encontrar um caminho de redenção.
Apesar de pequenos tropeços no equilíbrio entre humor e drama, o longa consegue entreter, emocionar e provocar reflexões. É, sem dúvida, um dos títulos mais relevantes do MCU desde Vingadores: Ultimato, e merece ser visto nas telonas.
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