Escrito e dirigido por Ruth Olshan, o filme alemão ‘Uma Vida Quase Normal’ (Raspberries with Mustard) traz uma história da superação do luto, a descoberta do amor e os imprevistos da vida. Com reflexões mostrando que a jornada da existência pode ser tão feliz quanto triste. Olshan entrega, mesmo com tantos erros de execução, um filme sensível e adorável.

Sinopse

Meeri Ehrlich, 13 anos, tem três problemas. Primeiro: ela está apaixonada – pela pessoa errada – e sente borboletas na barriga. Segundo: a mãe dela faleceu e ela sente muita falta dela. Terceiro: o pai dela – dono de uma funerária – está em busca de um novo companheiro. Mas Meeri tem algo que é só dela, algo muito especial – ela pode voar para além da sua realidade.

Erros de execução

Crítica Um Vida Quase Normal
Meeri Ehrlich em cena de Uma Vida Quase Normal
Crédito: IMDb

Mesmo com uma ótima premissa, o longa deixa desejar quando se trata da finalização dos elementos narrativos. Há problemas graves de roteiro, atuação e continuidade que são difíceis de ignorar.  Certamente os principais erros estão no roteiro. Os diálogos são rasos e inconclusivos, por sorte a proposta não é complexa e com esforço é possível compreender o momento e contexto.

Por outro lado, acaba facilitando a performance dos atores. Por ser um elenco de maioria adolescente, os atores não demonstram tanta habilidade para contracenar. Com isso, monólogos extensos ou complexos relacionados ao tema seriam duramente prejudicados pela falta de intensidade das atuações.

A atuação da protagonista Meeri (Lani Deschner), é uma das mais complicadas de assistir. Com uma postura travada e sem expressão, a menina não consegue fluir no personagem, trazendo a tela as transformações que passa internamente. Por exemplo, sobre aceitar que o pai e o irmão superaram a morte da mãe e quando se apaixona e se decepciona na mesma medida.

Do mesmo modo, a personagem Grete (Inge Maux) que apresenta uma relevância para a história é tirada de cena de uma maneira brusca e infeliz. Esse ato quebra o clímax da história e descarta a importância da personagem, banalizando a figura de sabedoria que ela representava.

Personagens destaque

Crítica Uma Vida Quase Normal
Meeri e Klara na igreja / Créditos: IMDb

No entanto, nem todos tiveram péssimas performances. O irmão de Meeri, Luk, interpretado pelo pequeno Benedikt Jenke, dá um show de carisma e traz uma diversão em todas as conversas que inicia. Um menino que perdeu a mãe muito cedo, ajuda o pai com a preparação de cadáveres e a vida amorosa da irmã mais velha, entrega uma estranha maturidade e sabedoria para a idade que tem.

Juntamente, Klara (Sophie Zenit), amiga de Meeri é uma das personagens mais interessante em tela no contexto inesperado. A menina sonha em transformar o sistema religioso de dentro para fora sendo a primeira mulher alcançar o episcopado. Além também de ser uma peça importante na história, levando sabedoria aos dilemas da família da amiga.

Encantos de ‘Uma Vida Quase Normal’

“Pode haver caminhos errados e caminhos certos. Pode haver trevas ou haver luzes. Mas se tenho certeza de uma coisa, vai ter amor”

Mesmo com os problemas perceptíveis, o longa leva a uma suave compreensão dos dilemas da vida gerados pela morte e pelo amor na vida das pessoas. Como o luto pode ser amargo e difícil de esquecer, mas ao mesmo tempo descobre que o amor, seja familiar, romântico e até de amizade – é capaz de adoçar a vida.

Além disso, mesmo que a história seja da perspectiva de Meeri enfrentando e descobrindo esses dilemas. Todos os personagens passam pela mesma vereda. O pai que deseja ter uma companhia, mesmo sofrendo com a partida da esposa. Os meninos que perdem a vó. A dor de uma mãe solteira encontrando alguém que possa amá-la.

Com uma fotografia e uma trilha sonora encantadora, Ruth Olshan consegue concluir a moral da história em ‘Uma Vida Quase Normal’ te levando a se identificar com os processos de Meeri.

“A vida pode ser boa, ou pode ser triste, as vezes os dois juntos. Assim como a framboesa e a mostarda”

Vale a pena assistir ‘Uma Vida Quase Normal’?

Dessa forma, o longa é para o público infanto-juvenil e não para quem busca algo refinado para assistir. Considerando o público-alvo, ele cumpre o propósito de o levar a uma reflexão acerca dessa fase da vida adolescente. E mesmo que tenha defeitos que não dá para ignorar, a experiência do filme é agradável e não deixa a sensação de tempo perdido.