No dia 22 de fevereiro de 2021 por volta das 14h30 a jogadora profissional de E-sport da equipe FBI conhecida como “Sol” foi assassinada a facadas por Guilherme Alves Costa (conhecido como Flashlight) também jogador profissional de jogos digitais pela equipe GAMERS ELITE.

Sol, registrada como Ingrid Oliveira Bueno da Silva de 19 anos, teria conhecido seu assassino um mês antes do ato online onde jogavam juntos uma série de jogos, dentre eles COD mobile. Segundo o Guilherme (18 anos) ele já planejava o crime a duas semanas. O homicídio aconteceu na casa de Guilherme em Pirituba, bairro da zona norte de São Paulo.

Segundo a matéria do portal R7, essa era a segunda vez que a vítima teria se encontrado com Guilherme e informou que ninguém teria escutado nenhum grito de socorro durante o período que o crime ocorreu.

Guilherme teria filmado seu feito e postado em redes sociais do grupo da organização que representa. A GAMERS ELITE demonstrou repúdio ao comportamento de Guilherme e notificou as autoridades assim que tomou conhecimento que as postagens do assassino não eram brincadeira. Segue nota de repúdio:

Fonte: GAMERS ELITE

Trinta minutos após do delito, Guilherme supostamente tinha intenção de cometer suicídio porem seu irmão o convenceu a se entregar. Ao ser questionado sobre o crime falou: “Minha sanidade mental está completamente apta” e “Eu quis fazer isso”. O caso foi registrado como homicídio qualificado. Flashlight também divulgou fotos imagens do corpo de Sol em grupos do whatsapp.

Em vídeos divulgados pelo portal R7, Guilherme teria agido com frieza e rido logo após o crime, “Olha só que maravilha! (risos) É…isso aí. Agora, bom, partiu.” disse Guilherme. Depois em um vídeo disse “Vocês estão achando que é tinta, montagem ou algo do tipo, mas não é. Eu realmente matei ela, entendeu?”.

Guilherme divulgou que seu objetivo está em um livro no qual ele relata quais seriam os motivos para cometer tal ato. O celular e o livro dele foram apreendidos pela polícia.

A organização onde Sol trabalhava expressou seus sentimentos:

Fonte: FBI E-sport

A mãe de Guilherme relatou que esse não é o filho que ela criou e que não entende o que aconteceu, que todos da comunidade gostavam dele.

MISOGINIA

A comunidade que se criou em volta dos jogos eletrônicos há anos é acusada de ataques constantes a mulher. Direcionado tanto às jogadoras, quantos as desenvolvedoras afetando até as personagens. Mulheres são objetificadas, sexualizadas, assediadas e muitas vezes violentadas fisicamente e psicologicamente no meio.

O meio e-sport tem um ínfimo incentivo a mulher, mesmo que no Brasil mulheres contabilizam mais do que 53,8%, maioria dos jogadores.

Personagens femininas são criadas para o homem e não para a mulher, gerando atrito na comunidade quando mudanças lógicas acontecem. Um exemplo disso foi quando o corpo da personagem Lara Croft foi alterado para refletir a realidade de um corpo de mulher que constantemente tem atividades físicas, deixando de ser mais “sexy” e se tornando mais atlético ou quando personagens femininos vestem roupas.

Antes de ser aprovado pela Square-Enix o jogo Life is Strange passou por varias outra publicadoras que se recusaram a publicar o jogo a menos que a protagonista mudasse para o sexo masculino, A modelo básica da personagem Abby de The last of Us Part 2 recebeu vários ataque pela sua personagem. Escândalos de abuso e coesão sexual de funcionários da Ubisoft de alto escalão a suas funcionárias.

Jogadores femininas constantemente precisam fingir serem homens para não sofrerem algum tipo de assédio ou serem respeitadas.

Jogos não são causadores ou estimulantes para o sexismo, porém a cultura das pessoas em torno dele pode ser. Se esse for o caso cabe à comunidade assumir responsabilidade pelas consequências dos hábitos que ela semeou. O que se passou com Sol, pode não ter sido um reflexo dessa cultura, mas independente disso, ela se tornou mais um número para as milhares de mulheres que sofrem por esse comportamento.

Fontes: Portal R7 , extra.globo , ESPN