Mariana Soares e Bruno Mazzoco dirigem o filme que retrata a ausência do Carnaval no Recife durante a pandemia e o exibem em dois festivais de cinema
O documentário O Ano em que o Frevo Não Foi Pra Rua foi selecionado para o Cine PE, em Recife, e o In-Edit Brasil, em São Paulo. Ambos estão entre os principais festivais de cinema do país. O filme será exibido em diferentes sessões ao longo do mês de junho. A primeira exibição ocorre hoje (10), às 10h, no Cinema do Teatro do Parque, no Recife, com entrada gratuita mediante inscrição pelo Sympla.
Na capital paulista, o filme integra a programação do In-Edit Brasil com três sessões. A primeira será na Cinemateca Brasileira, no dia 13 de junho (sexta-feira), às 18h. A segunda ocorre no CineSesc, no dia 16 (segunda-feira), às 15h, com ingressos a R$ 10. A última exibição será no Centro Cultural São Paulo – Spcine Sala Paulo Emílio, no dia 22 (domingo), também às 15h, com entrada gratuita. A presença do documentário em ambos os festivais evidencia o alcance nacional da obra e sua contribuição para a preservação da memória cultural do Brasil.
A ausência do Carnaval Pernambucano na pandemia
A narrativa parte do impacto da pandemia da Covid-19 sobre a festa de rua mais emblemática de Pernambuco. Sem carnaval por dois anos consecutivos, o frevo, que é um patrimônio imaterial brasileiro, deixou de ocupar as ladeiras de Olinda e as avenidas do Recife.
Dessa forma, o documentário registra esse hiato, marcado por silêncio, expectativa e saudade. Em vez do som das orquestras e da multidão, as ruas vazias ganham protagonismo, revelando a ausência como elemento narrativo central.
“Esse filme, para mim, é um registro histórico. Quem viveu a pandemia não esquece, e quem não a viveu vai saber que ela aconteceu e suas consequências. Para mim, esse filme conta isso”, afirmou Mariana Soares, diretora e roteirista do documentário.

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Silêncio e resistência: o frevo no centro da pandemia
Sendo assim, o documentário reúne depoimentos de figuras icônicas do carnaval pernambucano, como o maestro Spok, Fernando Zacarias, porta-estandarte do Galo da Madrugada, e Lúcio Vieira da Silva, maestro da Orquestra Henrique Dias. Assim, essas vozes constroem um painel afetivo e político que reflete sobre a suspensão da festa.
Artistas, músicos e foliões compartilham suas impressões sobre o vazio deixado pela paralisação da folia. Ao mesmo tempo, refletem sobre a importância do cuidado coletivo que levou à interrupção do Carnaval.
“A nossa ideia era mostrar as ruas vazias, a falta, a dor, a saudade, o amor pelo carnaval que toda aquela circunstancia estava trazendo. Pensamos que filmaríamos o primeiro ano e voltaríamos no ano seguinte para filmar a festa. Mas ela acabou sendo cancelada mais uma vez”, afirmou Bruno Mazzoco, diretor e roteirista.
Nesse sentido, o filme retrata a perda e a resiliência de quem vive o Carnaval como parte essencial da vida. Ao fazer isso, discute temas como memória, pertencimento e o papel da cultura popular em tempos de crise. Desse modo, o reencontro com a festa, após o retorno gradual às ruas, encerra a narrativa com imagens que reforçam o sentido coletivo e simbólico da celebração.
Selecionado em um festival que valoriza a produção audiovisual ligada à cultura brasileira (Cine PE) e em outro voltado à música e seus desdobramentos sociais (In-Edit Brasil), O Ano em que o Frevo Não Foi Pra Rua se afirma como um registro necessário de um período em que o silêncio também falou alto.
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Redator em experiência sob supervisão de Levi Gois Pires