Anatomia de Uma Queda foi o grande vencedor do Oscar de Melhor Roteiro Original. Diretamente da Sala de Entrevistas da Academia, os roteiristas Justine Triet e Arthur Harari falaram mais sobre os desafios do filme.
Pergunta: assisti ao filme em inglês e em francês e acho que, muitas vezes, quando ele é traduzido, pequenas nuances podem ser perdidas. Sua história é muito sobre percepção, interpretação e equívoco. Você já se preocupou com a possibilidade de que, com a tradução, essa mensagem pudesse se perder e não ter esse tipo de impacto que teve em todo o mundo?
Justine: Acho que fomos muito controladores na tradução. Escrevemos em francês e depois de traduzirmos é claro que não podemos manter as expressões exatas. Quer dizer, penso na cena da discussão quando falo sobre isso. Porque a cena da discussão foi escrita em francês e haviam muitas expressões engraçadas e foi muito complicado, mas tentamos.
Os roteiristas ainda falaram sobre o fato de que o que está em jogo nesse filme tem muita relação com os problemas de um relacionamento internacional, entre pessoas que falam idiomas diferentes. Então, essa dinâmica se perderia em um filme 100% dublado em uma língua só:
Arthur: Acho que o filme deveria ser visto no idioma original. Não consigo imaginar como poderia ser dublado. Quero dizer, o que acontece quando ela [Sandra] muda para o inglês se ela já está falando em inglês? Nem sei se existe essa versão, mas parece complicado.
Justine: É um filme muito europeu em certos aspectos, mas ver a amplitude que isso pode ter é muito, muito feliz. Já faz alguns anos que vimos como os filmes em língua estrangeira começaram a encontrar mais público na América e o quanto histórias diferentes podem ressoar culturalmente e é uma coisa muito bonita de se testemunhar.
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