O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que irá impor tarifas de 100% sobre as importações de filmes produzidos em outros países. A medida é uma tentativa de impedir que cineastas e estúdios norte-americanos produzam seus projetos internacionalmente.
Em suas redes sociais, Trump publicou: “A indústria cinematográfica americana está MORRENDO muito rápido. Outros países estão oferecendo todos os tipos de incentivos para atrair nossos cineastas e estúdios para longe dos Estados Unidos. Hollywood e muitas outras áreas dos EUA estão sendo devastadas. Este é um esforço conjunto de outras nações e, portanto, uma ameaça à segurança nacional. Isso é, além de tudo, propaganda! Portanto, autorizo o Departamento de Comércio e o Representante Comercial dos Estados Unidos a iniciar imediatamente o processo de instituição de uma tarifa de 100% sobre todos os filmes que chegam ao nosso país e são produzidos em terras estrangeiras. QUEREMOS FILMES FEITOS NA AMÉRICA, NOVAMENTE!”
Como isso impactaria as produções?
Há algum tempo, representantes sindicais e executivos de estúdios nos Estados Unidos vinham buscando incentivos fiscais federais mais robustos para aumentar a produção nacional. Isso porque grandes estúdios de Hollywood passaram a depender de incentivos estrangeiros de países como o Reino Unido, Canadá e Austrália, como forma de tentar reduzir os custos de produção.
Até o momento, não está claro como essas tarifas funcionariam na prática. Outra preocupação dos estúdios é com relação a produções que precisam filmar partes no exterior e outras nos Estados Unidos, ou realizar a pós-produção nos EUA. Também não sabemos se essa tarifa se aplicaria a filmes que já estão em produção no exterior.
Algumas produções que poderiam ser impactadas pelas tarifas de Trump são “A Odisseia”, de Christopher Nolan, cujas gravações estão acontecendo no Marrocos, Grécia Itália; “Vingadores: Doomsday“, que está sendo filmado no Reino Unido; e “Duna: Messias”, que deve começar a ser filmado na Hungria em setembro.
Se não houverem incentivos fiscais domésticos para compensar as tarifas, o aumento dos custos de produção nos EUA também pode implicar em filmes mais digitais, utilizando ainda mais recursos de tela verde, CGI e IA em suas produções. A medida também deve impactar na distribuição de filmes estrangeiros nos Estados Unidos, dificultando o trabalho das distribuidoras no país.
Além disso, caso a medida seja realmente implementada, os consumidores também podem pagar o preço. Especialistas levantam a possibilidade disso refletir em aumentos nos preços dos ingressos e das assinaturas de streaming, por exemplo.
Trump tem autoridade para impor essas tarifas?
Em declarações para a imprensa, Donald Trump atacou o governador da Califórnia, Gavin Newsom, e afirmou que os incentivos fiscais de outros países aos estúdios são uma ameaça aos Estados Unidos:
“Outras nações têm roubado a capacidade de produção cinematográfica dos Estados Unidos. Eu perguntei a algumas pessoas: ‘O que vocês acham?’. Fiz uma pesquisa muito aprofundada na última semana e estamos fazendo pouquíssimos filmes agora. Hollywood está sendo destruída. Agora temos um governador extremamente incompetente que permitiu que isso acontecesse, então não estou culpando apenas outras nações, mas outras nações, muitas delas, roubaram nossa indústria cinematográfica. Se eles não estão dispostas a fazer um filme dentro dos Estados Unidos, deveríamos ter uma tarifa sobre os filmes que chegam. E não só isso, os governos estão, na verdade, dando muito dinheiro. Eles os estão apoiando financeiramente. Então, isso é uma espécie de ameaça ao nosso país, em certo sentido.”
Bob Salladay, assessor sênior de comunicações do governador da Califórnia, disse ao Deadline: “Acreditamos que ele não tem autoridade para impor tarifas sob a Lei de Poderes de Emergência Econômica Internacional, uma vez que tarifas não são listadas como uma solução sob essa lei”.
Tudo indica que a questão irá parar nos tribunais. Até o momento, o presidente ou outros representantes do governo dos Estados Unidos não se pronunciaram novamente sobre os detalhes da implementação da medida.
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