A Academia Goiana de Letras (AGL) comemora 85 anos no dia 29 de abril. Durante esse tempo a entidade preservou sua tradição e o objetivo, que é difundir a literatura de Goiás e brasileira. Além disso, em sua existência, contou com a presença dos mais ilustres escritores goianos, dentre seus membros. A iniciativa de criar a AGL partiu do advogado e professor Colemar Natal e Silva.

A Academia Goiana de Letras foi fundada em 29 de abril de 1939. Os patronos escolhidos foram personalidades históricas, que contribuíram não apenas para a literatura, mas também para o desenvolvimento da educação e cultura de Goiás. A instalação e a definição do estatuto aconteceu no mesmo estilo das demais academias brasileiras. Para conhecer a AGL, é preciso retomar outra história interessante que aconteceu no início do século XX, e envolve diretamente o professor Colemar.

Essa academia que existe hoje, não foi a primeira de Goiás. Por isso é impossível contar a história dela, sem voltar a fundação da “primeira Academia Goiana de Letras” no início do século XX. Essa reportagem vai contar a história das duas iniciativas de criar uma sociedade literária, em uma história que envolve mãe e filho.

A “primeira” Academia

Eurídice Natal e Silva | Crédito: Aflag Goiás | Colemar Natal e Silva| Crédito OAB Goiás

No ano de 1904, na antiga capital Vila Boa; um grupo de intelectuais se reuniu na tentativa de fundar a Academia de Letras de Goiás. Outras capitais já tinham tomado essa iniciativa, e nesse sentido, os escritores goianos queriam seguir a mesma direção. Uma reunião na casa do juiz Joaquim Natal discutiu os termos da instalação da academia. A filha de Joaquim Natal, Eurídice, uma jovem de 19 anos, era escritora de contos. Eurídice foi escolhida como a primeira presidente da academia.

Três dias depois, uma cerimônia no Palácio Conde dos Arcos, oficializou a criação da Academia de Letras de Goiás. Na mesma noite aconteceu um baile em homenagem a Eurídice, contando com a presença de políticos e outras figuras ilustres. No início do século XX, outras jovens goianas buscavam protagonismo no mundo da literatura. Naquela época, várias escritoras se destacaram na literatura goiana. Entre elas Alice Sant’Anna, Consuelo Caiado e a famosa poetisa Cora Coralina.

No entanto, A Academia de Letras de Goiás foi extinta em 1908. Segundo o acadêmico e escritor Ubirajara Galli, apesar de sua curta duração, o legado histórico é inquestionável por ser sido a primeira academia de letras de Goiás.

A “segunda academiae a consolidação

Inauguração da sede da Academia Goiana de Letras. Da esquerda para direita: Colemar Natal e Silva, José Mendonça Teles e Rosarita Fleury | Crédito: Acervo da AGL

Cerca de 35 anos depois do baile de Eurídice, o filho dela, Colemar Natal e Silva, decidiu que iria fundar novamente a academia, agora renomeada Academia Goiana de Letras. Colemar conseguiu o apoio de personalidades não apenas da literatura, mas também da política e do jornalismo. O apoio da sociedade foi grande, uma vez que nessa época, praticamente todos os estados brasileiros já tinham uma entidade voltada para a literatura regional.

Desde 1988, a sede da AGL funciona na antiga casa de Colemar Natal e Silva. Segundo Ubirajara Galli, a casa é uma das que ainda hoje preserva o estilo Art Decó, da década de 1930, sendo assim, um exemplo de resistência a modernização do centro de Goiânia. A casa é parte do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual desde 1988.

Hoje a AGL conta com 40 cadeiras, tendo como patronos grandes nomes da literatura goiana e nacional. A sede da Academia Goiana de Letras é a antiga casa de Colemar Natal e Silva, sendo assim um dos endereços mais famosos de Goiânia. Quem deseja mais informações sobre as atividades da AGL, pode acessar o perfil oficial no Instagram.

Galeria dos Acadêmicos | Crédito: Academia Goiana de Letras

Outras informações

Eurídice Natal e Silva se casou e mudou para o Rio de Janeiro. Retornou a Goiás muitos anos depois. Não há registros de tenha tido alguma participação na AGL. Apesar disso, ela sempre foi lembrada como a presidente da primeira academia, e uma referência no movimento das escritoras de Goiás. Suas obras se limitam a publicação de contos e apenas um livro. Em 1970, ela entrou para a Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Eurídice Natal e Silva faleceu ainda em 1970, aos 86 anos, em Goiânia.

Colemar Natal e Silva foi um dos fundadores e o primeiro reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG). Como homenagem, um dos campus da universidade leva seu nome. Também foi presidente da OAB Goiás. Colemar Natal e Silva faleceu em 1996, aos 88 anos, em Goiânia.


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