O novo longa da Netflix, A Grande Entrevista, chegou ao catálogo perto da comemoração do Dia do Jornalista, celebrado no dia 07 de abril. Dirigido por Philip Martin, o filme biográfico narra a história por trás da entrevista da BBC em 2019 com o príncipe Andrew, Duque de York, sobre o envolvimento e amizade com Jeffrey Epstein, magnata de Nova York acusado de tráfico sexual de meninas.
Sinopse
Em 2010, o membro da realeza foi fotografado por um paparazzi, Jae Donnely (Connor Swindells), saindo da casa de Jeffrey Epstein. Que foi acusado de tráfico de meninas menores de idade e exploração sexual envolvendo milhares de famosos e festas em ilhas particulares. Associado ao magnata, uma das vítimas acusa Andrew de ter abusado dela quando tinha 17 anos de idade durante eventos de Epstein.
Ao mesmo tempo, em meio a esse escândalo, a jornalista produtora do programa Newsnight da BBC, Sam McAllister (Billie Piper) responsável por agendar pautas e entrevistas, encontra uma maneira da emissora ser a primeira a ter a declaração do príncipe da Inglaterra. Nisso o filme se desenvolve em explorar os meios que a jornalista usou e como essa oportunidade afetou sua carreira.
Problemas de execução
Créditos: IMDb
A trama acompanha Sam McAllister que corre o risco de ser demitida quando o caso Epstein surge como um milagre. Por meio de contatos e fontes externas, Sam tem o único objetivo de conseguir essa entrevista. Só que no meio dessa história ela tenta se mostrar uma profissional competente igual aos colegas que a subestima e é aí que o filme desanda.
O roteiro levanta esse drama da jornalista, mas não o desenvolve corretamente mudando para outro arco, como o personagem de Andrew que fica raso e as questões com Epstein também. Essa divisão de pontos de vistas da história, dificulta a compreensão da importância do encontro desses personagens. Tirando todo o peso da dramaturgia.
Além disso, a interpretação de Rufus Sewell como o príncipe deixa um pouco a desejar. Ele era o nome mais presente na lista das festas e viagens de Jeffrey Epstein, onde levava as garotas. Sendo um dos amigos mais próximos de Epstein e muito argiloso, a interpretação de Duque de York o apresenta como um bobo e infantil. Enquanto na entrevista original é possível observar que o filho preferido da Rainha Elizabeth II é o oposto.
Comparação inevitável
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Assim também, ao citar filmes biográficos e jornalísticos sobre o tema, vai se lembrar do ganhador do Oscar de Melhor Filme ‘Spotlight: Segredos Revelados’ de Tom McCarthy. Há diversas semelhanças entre eles, é possível ver uma inspiração do diretor Philip Martin em trazer o drama do caso e da responsabilidade de comunicá-lo da maneira correta ao público. Sutilmente é possível ver que a intensão de A Grande Entrevista era ter o mesmo efeito de Spotlight.
No entanto o que difere o resultado da direção dos dois é a execução de todos os elementos apresentados. Philip Martin conseguiu, mesmo envolvendo a vida pessoal dos jornalistas, manter o foco da narrativa no caso e trazer uma conclusão objetiva. Já no filme da Netflix essa linha entre drama pessoal e profissional não é bem definida, prejudicando o resultado do filme desperdiçando uma história com o mesmo potencial do ganhador do Oscar.
A Grande Entrevista
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Mas em compensação, com uma visão jornalística, o filme é deslumbre do intenso, incerto dia a dia de um jornalista. A preocupação com as informações e o tom abordado nas entrevistas, como uma palavra ou pergunta errada pode mudar todo o rumo da história sendo contada. É uma parte empolgante e muito bem executada. O clímax com a entrevista é impecável e Gillian Anderson se transforma na própria Emily Maitlis, apresentadora do Newsnight. Uma performance brilhante.
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Vale a pena assistir?
Com certeza. Mesmo prometendo muito e entregando metade do potencial, “A Grande Entrevista” é um ótimo filme na parte de retratar uma apuração jornalística. Porém, para quem não conhece bem a história, sugiro que pesquise um pouco para entender melhor o filme e a experiência que ele proporciona.
