São Jorge, ou Jorge da Capadócia, é um dos santos mais queridos e possui devotos em várias religiões, incluindo a Igreja Católica, Igreja Ortodoxa e religiões de matrizes africanas. “Jorge da Capadócia” é o filme que retrata a história do santo guerreiro São Jorge, uma figura amada e venerada por muitos no Brasil.

A produção cinematográfica dirigida por Alexandre Machafer é épica e emocionante, explorando a fé, a bravura e o legado de São Jorge. A história se passa no contexto do Império Romano, durante a era das perseguições aos cristãos. Jorge, um soldado romano de fé inabalável, desafia o poder do imperador Diocleciano ao se recusar a renunciar sua crença. Sua jornada o leva a enfrentar desafios épicos, incluindo a batalha contra um terrível dragão.

Uma Jornada de Fé e Coragem

O roteiro, escrito por Matheus Souza, tece com maestria a narrativa da vida de São Jorge, desde sua juventude até seu martírio. A trama acompanha sua ascensão como soldado romano, já convertido ao cristianismo, e que se vê perante um dos desafios morais mais difíceis de sua vida. Negar a sua crença ou seguir as ordens do imperador Diocleciano.

Diocleciano no filme, interpretado por Roberto Bomtempo, mostra a escalada em 303 D.C. do império romano frente ao cristianismo. Além disso, o filme deixa muito sutilmente a ideia do medo do império, um medo político, de que o cristianismo possa atrapalhar os planos dos imperadores em conquistar mais territórios.

Mas, ao mesmo tempo, deixa claro, pelo lado de Jorge dos cristãos, a fé inabalável e o desejo de poder exercer essa crença em paz. Nem que para isso seja necessário pegar na espada e lutar bravamente contra a tirania.

É importante dizer, entretanto, que o filme toma algumas liberdades criativas em relação à história real de São Jorge, que com certeza poderão gerar dúvidas e até mesmo certa oposição dos fiéis.

Outra questão negativa e uma das piores é a localização histórica do roteiro. Muitos diálogos seriam impossíveis para a época, palavras que não existiam ainda ou modernas demais. O filme não consegue se decidir, se fica no épico ou se fica no simples entendimento. Esse limbo acaba prejudicando a capacidade da história de ser o mais fiel possível. Detalhes sobre a vida na Roma Antiga e as tensões religiosas poderiam ter sido mais aprofundados.

Um filme religioso épico

Filmado na Turquia, o filme consegue nos transportar para e época de Jorge, usando como pano de fundo os terrenos sinuosos e cheio de cavernas da região Turca. A produção investiu na pós-produção, criando cenas impressionantes. O voo do dragão e a luta de Jorge são momentos que nos prendem à tela, lembrando grandes produções internacionais.

A estética cuidadosamente trabalhada nos faz sentir presentes na época, com figurinos, cenários e efeitos visuais que nos fazem mergulhar na história e sentir o que Jorge sentiu.

Através de uma mise-en-scène impecável e de uma cinematografia rica em detalhes, Alexandre Machafer cria um universo visual grandioso. As cenas de batalha, em particular, são de tirar o fôlego, com coreografias complexas e efeitos especiais de última geração que contribuem para a imersão do público na narrativa. As cenas das torturas lembrando muito o filme “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson. Porém, embora algumas cenas tenham efeitos visuais impressionantes, outras parecem menos polidas. Isso pode quebrar a imersão do espectador.

Mas o grande defeito do filme é o ritmo lento em alguns momentos, com histórias paralelas que não agregam tanto a história, ao mesmo tempo, em que outras são contadas de maneira superficial.

Elenco de destaque eleva potencial do filme

Alexandre Machafer teve a proeza de não só dirigir, mas também produzir e atuar no filme, no papel principal. Entrega atuações impecáveis, dando vida aos personagens com paixão e convicção, transmitindo a força, a fé e a determinação do santo guerreiro. Roberto Bomtempo também tem uma atuação consistente, apesar do roteiro não beneficiar seu personagem. Faltou coragem de deixar Diocleciano mais carrasco, mais nefasto, como a história nos conta.

Já o elenco coadjuvante, leva esse título a sério, sem nenhuma grande surpresa ou alguma grande atuação. Enquanto Jorge é o foco central, os personagens secundários não recebem a mesma atenção. Suas motivações e histórias poderiam ter sido mais exploradas.

Vale a pena assistir?

“Jorge da Capadócia” é uma obra que brilha em sua mensagem de fé e coragem, mas não está isenta de defeitos. No entanto, essas imperfeições não diminuem sua relevância como uma homenagem ao santo guerreiro e à luta pela liberdade religiosa.

É um filme épico e inspirador que vale a pena ser visto.


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