Dizem que mineiro é desconfiado, e de fato é! Após todas as polêmicas envolvendo os filmes da DC e o futuro do universo cinematográfico da empresa, Shazam estava em um patamar de desconfiança muito grande. Essa desconfiança é justificada, afinal de contas, não temos mais como saber o que será do futuro desses personagens.
Shazam! Fúria dos Deuses, da New Line Cinema, traz a continuação da história do adolescente Billy Batson que, ao invocar a palavra mágica “SHAZAM!”, transforma-se no seu álter ego adulto, o super-herói, Shazam. Dessa vez ele e seus irmãos deverão lutar contra as “Filhas de Atlas”, deusas poderosíssimas que querem reestabelecer seus poderes e salvar o seu universo.
História da continuação é melhor que do primeiro filme
O primeiro filme de Shazam gerou muita expectativa no público, a ponto de ser comparado aos grandes lançamentos da Marvel. Pois bem, parece que as coisas não aconteceram dessa forma. O filme agradou mas não marcou e não gerou todo o retorno possível.
Anos depois Adão Negro, um anti-herói ligado diretamente ao Capitão Marvel estreia e decepciona mais ainda. Os olhares agora estão todos voltados para como o filme dirigido por David F. Sandberg irá se sair nas bilheterias. O que podemos dizer é que a história empolga um pouco mais, apesar de ter um roteiro extremamente fraco e bagunçado.
Aqui é preciso separar o filme em duas porções de pesos diferentes. A tentativa de trazer um cenário um pouco mais obscuro e sério para a história começa bem, e desanda do meio pro fim. Isso porque as Filhas de Atlas não representam nem metade do que Dr. Silvana foi para o primeiro filme. Lucy Liu que interpreta Kalypso fica sobrecarregada em ser a vilã mais perigosa, enquanto Helen Mirren, a Hespera fica em cima do muro. Agora, a personagem da atriz Rachel Zegler, essa está totalmente deslocada por aqui. Anthea é uma das irmãs que menos tem sentido nessa história toda.
Eu fiquei me perguntando onde estava a Fúria dos Deuses nessa história, já que o que nos é apresentado é uma mistura entre quero aniquilar todo mundo com quero amar vocês. Não faz sentido.
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Narrativa que desliza
A dinâmica narrativa em vários momentos parece andar em circulo, sem potência para de fato fazer jus ao que se espera do contexto histórico desses personagens. Ora, o perigo das Filhas de Atlas fico resumido a um fragmento dentro da cidade de Filadélfia, dentro de uma doma mágica, e tudo acontece em um minúsculo espaço. Que perigo mortal é esse? A título de comparação, vilões do Homem-Aranha causam mais estrago em Nova Iorque que as poderosíssimas Filhas de Atlas em 8 quarteirões da cidade. Isso é extremamente decepcionante.
Nem mesmo a narrativa mais sentimental, a respeito da família de Billy é bem disposto em tela. Nenhum dos dramas que foram trazidos a tona tem uma evolução consistente. A questão do amadurecimento, questões sobre como se comportar na chegada da maioridade sendo uma criança adotada, a sexualidade na adolescência, tudo é tão superficial que fico me perguntando se valeu mesmo a pena trazer temas importantes e descarta-los no meio do caminho.
E a cereja do bolo é o crossover com a Mulher-Maravilha. Vou resumir, é decepcionante e desnecessário.
Shazam é um filme divertido… nada além disso
Mas tudo tem um lado bom, não é mesmo? Em uma coisa esse filme acerta, e é na diversão. Já que você não pode leva-lo a sério, você pode ao menos se divertir bastante. Dessa forma, o espectador de fato consegue ter bons momentos de risada e entretenimento. Seja pelas trapalhadas de Ross Butler como o super-herói Eugene, e claro Jack Dylan Grazer (Freddy), que está bem divertido. A pequena “Super Darla” também encanta e traz momentos de fofura pra tela.
A interação entre os atores agora, na fase adulta deles, é maior e com isso podemos conhecer melhor seus podres e suas personalidades. A sensação que fica no final é que apesar de todos os problemas, esse longa tem mais cara de filme de super-herói.
Zachary Levy entrega uma atuação muito melhor agora, mais centrada nos deveres e justificando sua escolha. Shazam agora já sabe usar seus poderes, porém, enfrenta problemas com maturidade e autoconfiança. Essa dualidade de emoções é importante pra história.
Por fim, o filme é bem divertido. É o que eu esperava dele, um filme sem pretensão de ser sério, mas que tivesse uma atmosfera de filme de super-herói.
Uma das coisas que mais gostei foi que de fato dessa vez o Billy precisou agir como um herói, mas é aquela coisa, o roteiro não ajuda muito, e fica parecendo que algumas coisas simplesmente não se encaixam. Mas com certeza é um filme que eu assistiria no cinema pra me divertir.