Dirigido por Paul King, a mais recente versão da clássica história de Roald Dahl traz uma nova perspectiva à Fantástica Fábrica de Chocolate de Willy Wonka.

Roald Dahl concebeu sua primeira versão de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” em 1964 nos Estados Unidos, resultando em duas adaptações cinematográficas. A icônica versão de 1971, estrelada por Gene Wilder, inicialmente não conquistou o sucesso esperado, mas ao longo dos anos ganhou reconhecimento como um filme de médio impacto. A segunda versão, protagonizada por Johnny Depp e dirigida por Tim Burton, destacou-se pela abordagem sombria e bizarra.

Ambas as adaptações exploram a obra original de Dahl, cada uma com suas peculiaridades. No entanto, o filme de Paul King, estrelado por Timothée Chalamet como Willy Wonka, empreende a tarefa de explorar a origem do renomado criador de chocolates antes de sua jornada com Charlie e a ascensão à posição de maior chocolateiro do mundo.

Suavizando a Narrativa Original

Um dos elementos distintivos da obra original de Roald Dahl eram as excentricidades de Wonka e sua fábrica, intensificadas na versão de Tim Burton. Agora, sob a direção de Paul King, testemunhamos uma abordagem mais suave da origem de Wonka. O filme retrata um jovem chocolateiro que acredita na bondade humana de maneira quase infantil e sonha em distribuir chocolates pelo mundo.

Esta é uma diferença crucial em relação às versões anteriores, uma vez que os Wonkas anteriores não compartilhavam dessa mesma gentileza. O filme também explora a origem familiar de Wonka, introduzindo uma mãe que o iniciou no ofício, em contraste com a versão de Depp, onde Wonka tinha problemas sérios com seu pai, um dentista avesso a doces.

O roteiro incorpora novos personagens, como Noodle, uma jovem inteligente aprisionada na lavanderia da Senhora Scrubbit, com um passado misterioso. Outros prisioneiros da lavanderia, como a telefonista, o contador, um comediante e uma mecânica, tornam-se rapidamente amigos de Wonka.

A jornada de Wonka, rumo à cidade e à Galeria Gourmet, o local mais cobiçado pelas lojas de chocolates, é marcada pela presença dos inimigos de Wonka, o Cartel dos Produtores de Chocolates.

Wonka: Uma Doce Reimaginação Cinematográfica
Cortesia da Warner Bros. Pictures

Enfoque na simplicidade do roteiro tem efeito Positivo

A única extravagância (se é que podemos chamá-la assim) do filme está nas cores, longe de ser um problema. No entanto, em relação ao roteiro, Simon Farnaby e Paul King adotam a abordagem do “quanto menos, melhor”. Em alguns momentos, a ausência de explicações detalhadas sobre a origem de Wonka, de Noodle, e do Cartel pode causar desconforto. A pressa em entregar informações parece ser uma estratégia para facilitar a compreensão por parte de um público diversificado. Trata-se de um filme familiar, capaz de agradar a todas as idades e gerações.

Um dos pontos altos do filme são as canções, apresentando um musical bem elaborado, com composições poderosas e significativas para a trama, harmonizando-se perfeitamente com a paleta de cores vibrantes. Os diversos cenários, embora não se conectem de maneira exata, evocam a grandiosidade das peças teatrais mais relevantes. A troca de cenários é deslumbrante e longe de se tornar cansativa.

As atuações também são um espetáculo a parte. Timothée Chalamet parece muito a vontade ao interpretar Wonka, e se diverte ao cantar, dançar, pular, relembrando filmes antigos, como “Dançando na Chuva”. Olivia Colman também está muito boa no papel da rabugenta Sra. Scubbit, ao lado de Tom Davis, que vive o Bleacher. Quem de fato rouba a cena aqui é a pequena Calah Lane, que vive Noodles, encantadora e com muita presença em tela. Senti falta de ter mais de Sally Hawkins, que vive a mãe de Wonka, ela aparece muito pouco. Agora, Keegan-Michael Key é hilário no papel do Chefe da Policia, sinceramente, o alivio cômico certo que esse filme precisava.

Vale a Pena Assistir?

“Wonka” é um filme belamente concebido e bem elaborado, ainda que peque ao não dedicar tempo suficiente às narrativas que propõe, relegando alguns personagens ao destaque apenas nos créditos finais. O resultado final, no entanto, é uma obra bonita, divertida e emocionante que redefine nossa percepção sobre Willy Wonka e sua história. Recomendo assistir no cinema, preferencialmente em uma sala com excelente qualidade de áudio e vídeo para valorizar a experiência cinematográfica.

Foto de capa: Jaap Buittendijk