Geeks, deveríamos voltar a ter eventos presenciais?

Desde o dia que as restrições de atividades coletivas foram estabelecidas pelo governo à nível municipal, estadual e federal (mais ou menos), uma pergunta é feita e refeita por todo cidadão brasileiro.

“Quando podemos voltar a viver normalmente?”

Essa pergunta é de difícil resposta, pois exige dos médicos, cientistas e líderes de diferentes áreas do governo alguns conhecimentos:

1 – Prever o futuro: Embora a resposta “não sei” não dê segurança à população e justamente por isso políticos evitam ela ao máximo, a verdade é que o vírus é novo para todo mundo, tudo estava sendo estudado, descoberto e revelado à medida que tudo estava acontecendo e não terminou.

2- Cooperação nacional: Com o atual estado político brasileiro é difícil ver o Brasil unido, mas a cooperação e compartilhamento de informações poderia ser um diferencial inestimável. Infelizmente, o Brasil vive em um estado em que, se São Paulo estiver com baixo nível de infecção e acontecer um “show”, por lei brasileira, o estado do Rio de Janeiro não pode bloquear seus cidadãos mesmo que o estado esteja com a transmissão alta. Infelizmente a descoordenação e divisão do poder cria um estado de “estarmos andando no escuro”.

3- Cooperação da população: De fato, pessoas de influência podem ser culpadas por influenciar cidadão a abandonarem conceitos de cidadania, segurança pública e consciência social. Mesmo que o influenciar de tal ato seja o líder do poder executivo, é factual que não existe apoio e nem respeito da população para que normas simples sejam postas em prática.

Dentre outros atos e acontecimentos que um vez foram passíveis de se tomar providências e hoje infelizmente são imutáveis e irreversíveis.

Reprodução: KJZZ, CDC, Storyblocks

Mas isso não responde a pergunta. Quando que o nerd poderá fazer seus cosplay, ou tirar foto com gente famosa que só nerd sabe o nome, ou tirar foto com um desconhecido fazendo cosplay de um personagem conhecido , ver estandes de novidades geek e nerd, ir no cinema lotado, teatro, shows, comprar itens de colecionadores e usufruir dos hábitos consumistas dos quais estamos tão acostumados?

Para responder essa pergunta recorremos ao Lucas Zanandrez, biomédico formado pela UFMG que tem criado conteúdo sobre o assunto no canal do youtube “Olá, Ciência!” e os últimos boletins da Covid sobre vacinação.

Eventos de grande porte, como por exemplo a BGS 2021 que supostamente terá acesso digital, assim como presencial encontram alguns problemas. 

Reprodução: BGS 2019

Imagine um aglomerado grande de pessoas de diferentes regiões e estados se locomovendo para tais locais. Sabemos que o vírus está em constante mutação e levar diferentes mutações para diferentes regiões costuma ser um problema, pois o vírus se adequa a um ecossistema diferente e entra em contato com pessoas que não estiveram expostas com aquela variante. As mutações e reações em cadeia que isso pode causar são imprevisíveis e infelizmente possivelmente incontroláveis.


Agora vamos supor que o evento seja grande, mas apenas de repercussão local. Nesse caso o vírus local provavelmente vai circular com maior facilidade e segundo a ciência, isso é um problema, pois estamos em uma situação de falsa segurança.

Observe esse gráfico abaixo que informa o número de mortes de Covid por idade. Por favor desconsidere tudo que está após as barras cinzas no final, pois é resultado da falta de dados computados.

A tabela nos mostra que o número de mortes e consequentemente de internações no hospital diminuíram, no entanto essa queda livre que observamos nos números não é porque o vírus não está mais circulando, mas sim porque as pessoas com idade mais vulnerável já estão respondendo à vacinação. 

Fonte: capyvara

Quando se trata de covid desde o começo as pessoas de maior idade eram as que mais sofriam, porém essas pessoas estão vacinadas agora. Isso significa que a queda dos óbitos e internações dessa faixa etária está puxando os números para baixo. Quase que despercebidamente os números de óbitos de pessoas com idade abaixo dos 40 anos começaram a aumentar.

Mesmo que com menos frequência, pessoas com idades mais baixas também precisam de internação, isso significa que se o vírus continuar a circular normalmente por pessoas estarem desrespeitando as políticas de saúde pública e distanciamento social, podemos chegar novamente a um nível de lotação de leitos, tanto de enfermaria quanto de UTI e repetir o desastre do colapso da saúde pública do início do ano.

Recentemente essa tabela parece estar entrando em declínio novamente, mas essa nova resolução só está em vigor a duas semanas, muito pouco tempo para tomar decisões de liberação das restrições.

Outro dado importante é que embora os números de óbitos e infecções estejam diminuindo, apenas 43,49% estão vacinadas com uma dose e 16,82% estão totalmente imunizados com duas doses ou dose única. Isso significa que boa parte da população não está protegida, tanto contra infecção como contra reinfecção. 

Cidades grandes como Belo Horizonte ainda estão vacinando pessoas de 40 anos com a primeira dose. Embora os dados não sejam o que gostaríamos de ouvir, nós da GeekPop News acreditamos que ainda não é hora de tirar o cosplay do armário.

Fontes: Capyvara | Olá Ciência! | G1


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