Goiás é um estado muito importante culturalmente para o Brasil. Um exemplo forte é a quantidade de artistas, principalmente na música que se destacam, e se tornam conhecidos tanto no cenário nacional, quanto internacional. Mas a literatura também é uma das maiores manifestações culturais do Estado, onde se destacam a poesia, e os livros de ficção que buscam retratar as características e aspectos regionais de Goiás.

A seguir, conheça cinco escritores que em diferentes gêneros literários, descreveram o contexto histórico e social de Goiás, muitas vezes trazendo diversos componentes culturais e personagens encantadores:

Cora Coralina

Cora Coralina | Crédito: Reprodução | Instagram (@museu_casa_de_cora_coralina) | Capa de Poemas dos Becos de Goiás | Crédito: Editora Global

Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, ou simplesmente Cora Coralina, é certamente é o nome mais famoso da literatura goiana. Nascida em 1889, na Cidade de Goiás (antiga capital do Estado, que se chamava Vila Boa), começou a escrever seus versos ainda muito jovem. Nessa época publicou vários poemas nos jornais da cidade. Anna viveu sua infância e juventude em uma casa as margens do Rio Vermelho (hoje um museu dedicado à ela). Aos 15 anos decidiu mudar seu nome para Cora Coralina, e passou a publicar sua poesia com esse nome. Tudo isso no início do século XX, quando a então capital de Goiás, era um centro cultural, com diversos escritores e artistas.

Cora trabalhou grande parte da vida como doceira para sustentar os filhos. Em 1965 quando Cora já tinha 75 anos, finalmente seu grande sonho foi realizado e seu primeiro livro “O Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais” foi publicado. A partir daí, Cora foi reconhecida e seu trabalho considerado um marco da literatura goiana. Cora foi membro da Academia Goiana de Letras e recebeu título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Goiás (UFG). Cora Coralina faleceu em 10 de abril de 1985, em decorrência das complicações de uma pneumonia.

Hugo de Carvalho Ramos

Hugo de Carvalho Ramos | Crédito: Reprodução | Instagram (@peixeboi) | Capa de “Tropas e Boiadas”| Crédito: Editora Kelps

É um dos principais escritores goianos do início do século XX. Hugo de Carvalho Ramos nasceu na Cidade de Goiás em 1895, e demonstrou gosto pela literatura desde muito cedo. Eventualmente conviveu entre muitos escritores famosos da época, com Cora Coralina. Em 1917 publicou o livro de contos “Tropas e Boiadas”, onde descreve as características do sertão goiano, como o coronelismo, a escravidão, assim como, a paisagem da época. O livro é um dos maiores clássicos da literatura goiana, por registrar o contexto social e econômico de Goiás, no final do século XIX e início do século XX com riqueza de detalhes.

Porém, apesar das ótimas críticas e da recepção positiva do trabalho do escritor, Hugo de Carvalho Ramos viveu boa parte de sua juventude com uma forte depressão, ocasionada pela morte do pai. Infelizmente isso levou o escritor a um final trágico. Ele foi encontrado morto em sua casa no Rio de Janeiro, no dia 12 de maio de 1921 aos 25 anos. Apesar da carreira breve, Hugo de Carvalho Ramos é considerado um dos maiores escritores da literatura de Goiás.

Bernardo Élis

Posse de Bernardo Élis na Academia Brasileira de Letras | Crédito: Arquivo Nacional | Capa de “O Tronco” | Crédito: Editora José Olympio

Primeiro e único goiano a entrar na Academia Brasileira de Letras. Bernardo Élis Fleury de Campos Curado foi não apenas escritor, mas também advogado e professor. Nascido em uma das famílias mais poderosas de Goiás, se mudou da cidade natal Corumbá de Goiás, para a antiga capital e estudou no principal colégio da cidade. Anos depois, concluiu seus estudos na nova capital, Goiânia, onde se formou em Direito.

Foi escrivão, secretário, entre outras funções na administração pública. Em 1944 publicou seu primeiro livro “Ermos e Gerais: Contos Goianos”. A obra traz uma série de contos com personagens regionais e casos típicos da cultura goiana. Outro livro importante de Bernardo Élis é “O Tronco“, lançado em 1956, mostra uma história fictícia de conflitos entre coronéis e o governo, no norte de Goiás. Em 1975, Bernardo Élis foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras. O escritor morreu 22 anos depois, em 30 de novembro de 1997 aos 82 anos.

José J. Veiga

José J. Veiga | Crédito: Acervo Estadão | Capa de “Os Cavalinhos de Platiplanto” | Crédito: Editora Companhia das Letras

Autor de histórias de realismo fantástico, José Jacinto Veiga procurava usar esse recurso literário para realizar diversas críticas sociais. José Jacinto Veiga, ou apenas José J. Veiga, nasceu em 1915 na cidade de Corumbá de Goiás, onde passou sua infância e juventude. Formado em direito no ano de 1941, passou a trabalhar no serviço público. No entanto, na década de 1940, se tornou tradutor e comentarista. Trabalhou na BBC de Londres, O Globo e Tribuna da Imprensa. Publicou seu primeiro livro “Os cavalinhos de Platiplanto”, em 1959. O livro, assim como os demais trabalhos do escritor, narram uma história regional, fantasiosa com uma crítica social.

José J. Veiga ganhou o Prêmio Jabuti três vezes, nos anos de 1981, 1983 e 1993. O escritor morreu em 19 de setembro de 1999 aos 84 anos.

Bariani Ortêncio

Bariani Ortêncio | Crédito: Reprodução | Instagram (@barianiortencio) | Capa de “Medicina popular do Centro Oeste” | Crédito: Editora Thesaurus

Waldomiro Bariani Ortêncio, ou apenas Bariani Ortêncio, é um dos maiores escritores e pesquisadores sobre cultura e folclore de Goiás. Nascido em 1923 em São Paulo, se mudou para Goiás aos 15 anos de idade. Foi um grande comerciante, e além disso trabalhou como professor, compositor, e na área industrial. Por outro lado sempre se dedicou à literatura, escrevendo para vários jornais de Goiânia. Publicou seu primeiro livro “O que foi pelo Sertão” em 1956.

O principal trabalho de Bariani Ortêncio sempre foi pesquisar e retratar as principais características da cultura de Goiás, tanto da própria literatura, quanto da culinária, folclore e religião. Entre os mais de 50 livros publicados, alguns de maior destaque são: “A Cozinha Goiana” (1967), “Dicionário do Brasil Central” (1983), Medicina Popular do Centro-Oeste (1994) e Crônicas e outras Histórias (1998). Bariani Ortêncio foi uma figura extremamente importante para a cultura de Goiás. Ele morreu em 15 de dezembro de 2023, aos 100 anos de idade.

Redatora em experiência sob supervisão de Giovanna de Souza