Nesta sexta-feira (3) recheada de lançamentos, Dua Lipa trouxe ao mundo seu mais novo álbum, o aguardado Radical Optimism. Das 11 faixas inéditas, três já eram conhecidas e adoradas pelo público, que ouviu o lead single “Houdini” pela primeira vez em novembro do ano passado.
A sonoridade do novo projeto da cantora é um tanto… peculiar. Para os fãs do pop retrô e dançante que encantou o mundo no Future Nostalgia (2020), o novo álbum da artista pode parecer um completo marasmo.
Vale ressaltar que partes da fórmula que fez sucesso na pandemia aparecem aqui de novo, mas as canções não são nem de perto tão viciantes quanto “Physical”, “Hallucinate” ou “Levitating”, por exemplo.
Dua continua com seu vozeirão em dia, mais confiante e potente do que nunca. Porém, as músicas soam monótonas e confusas demais para alguém que, desde as primeiras entrevistas sobre o álbum, prometeu um projeto mais psicodélico, centrado na cultura rave do Reino Unido e com elementos do britpop.
A sensação que fica é que, infelizmente, todo o brilho da cantora se perdeu em meio à nova proposta. As promessas estão lá, só que cabe ao ouvinte procurá-las – de tão raras que são. Além dos três ótimos singles já lançados, poucas faixas tornam Radical Optimism um disco entusiasmante quando pensamos no potencial de Dua Lipa.
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Isso sim que é ilusão
Dos pouquíssimos momentos gloriosos do álbum, este aqui merece, sim, ser lembrado. “End Of An Era” é uma música extremamente convidativa, que joga as suas expectativas em relação ao novo trabalho lá nas alturas. A batida e letra são divertidas, casando perfeitamente com os vocais de Dua.
Além da ótima produção de Danny L Harle e Kevin Parker, o que se destaca é a capacidade da artista de brincar com as palavras. Os highs and lows na voz da albanesa tornam o hit super dançante, fazendo surgir uma vontade indescritível de flutuar rumo a uma nova paixão em um fim de tarde com céu alaranjado.
Porém, logo após o embalo da faixa de abertura e das ótimas “Houdini” e “Training Season”, parece que entramos em uma proposta completamente diferente. As próximas três canções do álbum até têm elementos interessantes, mas logo caem no esquecimento.
A guitarra em “These Walls”, os suspiros em “Watcha Doing” e os trechos em francês de “French Exit” não são suficientes para nos fazer delirar e aproveitar todo o otimismo que exala do disco. A verdade é que você não vê a hora da sétima faixa, “Illusion”, chegar logo.
Nadando em círculos
O toque psicodélico marcante que tanto esperávamos volta a aparecer no segundo e último grande destaque do álbum, a muito bem construída “Falling Forever”. Só de ouvir Dua Lipa cantando a plenos pulmões, com sua voz rasgada e intensa, já sabemos que essa será uma das faixas mais contagiantes na próxima turnê da cantora. A música te transporta para um show num estádio lotado, onde curtir o momento é a única coisa que importa – mesmo a letra não sendo a mais otimista do álbum.
Assim como na primeira metade, as músicas finais também apresentam elementos marcantes – como o tom amistoso em “Anything For Love”, que traz Dua conversando e rindo com amigos; ou os gritos desesperados em “Maria”, nome atribuído à atual namorada do ex da cantora. Só que o marasmo se repete.
As faixas estão longe de serem totalmente descartáveis, mas parece que, de um modo geral, o maior deslize do Radical Optimism acabou sendo a falta de tempo para que as ótimas ideias de Dua e seus produtores fossem desenvolvidas de forma mais refinada.
Alguns elementos soltos ao longo das músicas, como os passarinhos em “Happy For You”, mais nos afastam do que aproximam da proposta do álbum. Parece que eles foram jogados ali aleatoriamente, para dar um contraste nas letras que falam sobre as desilusões amorosas da artista.
Ela bem que tentou
A princípio, a ideia de mostrar seu lado mais otimista em meio a um oceano de preocupações soa bastante criativa. Afinal, todos nós buscamos doses de otimismo quando estamos quase afogando nas cobranças e instabilidade da vida adulta, não é mesmo?
Mas, ao ouvir o morno Radical Optimism, entendemos que as letras não passam de um grande desabafo de Dua Lipa. As preocupações da artista parecem rasas demais para quem tem grana de sobra e pode experimentar o melhor dessa vida terrena.
Se antes estávamos sedentos pela dança frenética do Future Nostalgia, agora nos vemos desamparados pela calmaria não tão positiva e empolgante assim do Radical Optimism. A proposta em si é boa, mas parece que saiu do forno crua.
Ouça abaixo o novo projeto de Dua Lipa, que já está disponível em todas as plataformas digitais, e tire suas próprias conclusões:
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