Que filmes de ação com muita explosão, carros em alta velocidade, pirotecnia e grandes nomes do cinema caindo de alturas inimagináveis são instigantes por natureza, já estamos carecas de saber. Mas que a maioria absoluta dessas cenas é realizada por pessoas que sequer são lembradas nos créditos principais, pouca gente se lembra. O Dublê (The Fall Guy) é a mais nova obra de David Leitch que traz às telas o protagonismo de quem é orientado a esconder o rosto das câmeras.

Esforço escondido

O Dublê se centra na história de Colt Seavers (Ryan Gosling), o dublê de um dos maiores nomes do cinema atual, Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson), que se afastou do trabalho no cinema após um acidente no set. Um ano depois, ele é convidado a voltar às telas como o dublê de Ryder no filme de direção de sua ex, Jody Moreno (Emily Blunt), o que dá um giro de 360º no que ele estava vivendo.

Ryan Gosling e Emily Blunt nos bastidores de O Dublê Crédito © Universal Studios
Ryan Gosling e Emily Blunt nos bastidores de O Dublê | Crédito © Universal Studios

No entanto, o que parecia ser um trabalho com o qual ele já tinha maestria se transformou em algo com proporções completamente contrárias. Isso porque Ryder está desaparecido e Seavers se vê em um emaranhado de mistérios e confusões para descobrir o paradeiro do ator. Tudo isso enquanto se vê em contato com Jody depois de ficarem o período de recuperação inteiro de Colt sem se falarem.

Produção recheada de metalinguagem

O filme apresenta uma característica para quem ama os bastidores de uma grande produção cinematográfica. Por uma grande parte da trama se passar durante as gravações do filme de Jody Moreno “Metalstorm”, muito do cenário é uma metalinguagem de um cenário cinematográfico. Assim, o filme tem o diretor próprio enquanto retrata uma diretora em ação e tem atores representando atores no filme. Ainda, tem dublês representados que têm os próprios dublês, como é o caso do personagem de Ryan Gosling.

Ryan Gosling e equipe de dublês Crédito © Universal Studios
Ryan Gosling e equipe de dublês | Crédito © Universal Studios

Uma cena que ilustra bem a proposta metalinguística da produção é a primeira cena do longa. Isso porque se trata do próprio diretor, David Leitch, e o ator principal, Gosling, conversando diretamente com quem assiste ao longa, em um diálogo no qual Leicth deixa claro seu amor pela profissão em que já atuou e que “The Fall Guy é uma carta de amor aos dublês”.

Ainda, vale um destaque para a produção artística e a fotografia do filme. Todas as cenas são bonitas de se ver, com planos sequência que não deixam o ritmo cair. O filme é repleto de cenários e enquadramentos tão visualmente bonitos que não deixam nenhuma cena a desejar.

Roteiro instigante

Durante todo o desenrolar do filme, o roteiro de Drew Pearce não apresentou falhas. Do início ao fim, todos os aspectos de diálogos, situações e cenários se encaixaram de maneira mestre na direção de Leitch e nas atuações do elenco. Assim, o espectador se vê acompanhando uma vida movimentada de Colt, que precisa se esforçar da mesma maneira em três cenários distintos: as cenas perigosas de Metalstorm, na reconquista de Jody e na busca por Ryder, em um cenário tão perigoso quanto as cenas em que dubla.

Aqui, vale a lembrança de que o diretor já foi dublê no início da sua carreira no cinema. Assim, a atuação da equipe de dublês foi retratada de acordo com a vivência na profissão e na direção. O diretor Leitch sabia exatamente o que retratar pela experiência tanto pelas cenas de ação em que já atuou, quanto pela direção de filmes como Trem Bala (2022) e Deadpool 2 (2018).

Performances envolventes

Ryan Gosling se destaca como Colt, um personagem tão complexo quanto sua profissão. Após a vivência de um trauma, o personagem se vê na necessidade de reconstrução de si enquanto a vida a vida não para de se movimentar. Isso que faz com que ele seja bastante identificável com pessoas comuns que não têm o luxo de parar quando algo de ruim acontece. Assim, ao mesmo tempo em que ele precisa saltar de um prédio de 10 andares, ele também vai aos prantos ouvindo All Too Well da Taylor Swift.

Emily Blunt e David Leitch nos bastidores de O Dublê Crédito © Universal Studios
Emily Blunt e David Leitch nos bastidores de O Dublê | Crédito © Universal Studios

O par romântico protagonizado por Emily Blunt também não deixa de ser destaque. A personagem Jody se mostra uma pessoa com coração partido que decidiu superar e levar um outro rumo para a vida. Aqui, a performance de Blunt apresenta vulnerabilidade e força. Além disso, a atuação de Hannah Waddingham, como a produtora de Tom Ryder de caráter duvidoso, e a de Winston Duke, como o inteligente e esperto chefe da equipe de dublês, são de extrema distinção.

Vale a pena assistir “O Dublê”?

Com toda a certeza do mundo. De tirar o fôlego, “O Dublê” é o filme perfeito para amantes de cinema e quem está no caminho de ser também. É sensacional para fazer a audiência compreender o que se passa por trás de cenas grandiosas do cinema. Além disso, é essencial e para nos lembrar que nem sempre o galã daquele renomado filme de ação fez as cenas sozinho. Ou sequer fez aquela cena épica.

Ah! O filme tem uma cena pós-crédito essencial para o fechamento da história, então não se apresse fora da sala de cinema!


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