Nesta sexta-feira (3), a cantora e compositora australiana Sia fez seu aguardado comeback com o álbum Reasonable Woman, o décimo da carreira. O projeto chega ao mundo oito anos após o This is Acting, de 2016, que contou com os hits “Alive”, “Unstoppable” e “Cheap Thrills”.

Com seu mais novo trabalho, Sia engata uma sequência de três discos muito bons. E é claro que, aqui, é necessário incluir o aclamado 1000 Forms of Fear (2014). O álbum trouxe a artista de volta aos holofotes com o hino atemporal “Chandelier”.

O projeto natalino de 2017, o disco como integrante do supergrupo LSD em 2019 e as canções feitas para o filme da própria cantora, “Music” (2021), podem ficar escondidos na fan base, porque Sia e Reasonable Woman merecem todo o espaço do mundo.

É tudo uma questão de equilíbrio

Sia, ao contrário das atuais superestrelas da música pop, não tem grandes filtros quando o assunto é a própria sonoridade. Ela grava o que der na telha e, de certa forma, consegue manter trabalhos coesos que trazem ótimas músicas comerciais, que vez ou outra você ouve no rádio enquanto se desloca pela cidade grande.

Com Reasonable Woman, nada muda: algumas músicas são sucessos instantâneos, já outras são somente boas canções. Mas o que realmente faz a diferença nos quase 50 minutos do projeto, com certeza, é a capacidade da cantora de mostrar toda a sua força e otimismo em meio às desavenças amorosas.

Primeiro, ela diz o quanto está arrasada com mais um relacionamento que não deu certo ou não correspondeu às expectativas. Depois, suas letras revelam um alto-astral que faz o ouvinte se sentir a pessoa mais incrível, resiliente e completa do mundo.

E talvez esse seja o grande segredo da vida, né? Relevar os maus momentos e seguir buscando a felicidade – algo que Sia faz extremamente bem, acompanhada de sua voz que, mesmo aos 48 anos de idade, continua sendo uma das melhores que essa geração já teve o privilégio de ouvir. Ela solta o gogó como ninguém!

Do poço ao pódio

Uma prova dessa mescla pode ser atribuída às obras de arte que são “I Had A Heart” e “I Forgive You”, sendo essa segunda um clássico que não precisa de nada além da voz de Sia e um piano afinado.

Ao acompanhar as letras, você sente que a cantora chegou ao fundo do poço mesmo depois de ter dado tudo de si em um relacionamento. As associações são simples, sem muita licença poética, mas passam perfeitamente a mensagem:

Oh, I had a heart
As bright as the stars
And you had an arm
You kept me in the dark
And I had a laugh that you broke in half
And I had a heart
That I thought you would stop

Trecho de “I Had A Heart”

I, I forgive you, you know not what you have done
Oh, I, I forgive you, now it’s time for me to move on
Oh, I, I forgive you, you could not see right from wrong
Oh, I, and I’ll love you always in my heart, you’ll live on
You will live on

Trecho de “I Forgive You”

E mesmo com a presença de canções tão íntimas, o sol volta a brilhar nas divertidas e encorajadoras “Champion”, parceria com Tierra Whack, Kaliii e Jimmy Jolliff, e “Go On”. Toda a potência vocal de Sia se transforma num verdadeiro culto à autoestima, o que torna a narrativa ainda mais especial para aqueles que conhecem partes da história de vida da cantora.

Foi a gente que pediu, sim

Como se tanta emoção reunida em um disco com 15 faixas não fosse suficiente, Sia volta a surpreender ao convocar Chaka Khan e Kylie Minogue para o projeto. As colaborações são dois dos grandes acertos do álbum, que ganha uma camada ainda mais especial ao lado de artistas tão importantes para a história da música pop e do R&B.

Chaka faz jus ao seu legado em “Immortal Queen”, como o próprio título da faixa sugere. Os vocais das divas se entrelaçam num hino empoderador, cheio de notas que jogam a empolgação do ouvinte lá nas alturas. O feat com Kylie, por sua vez, tem uma pegada mais dançante, que deixa qualquer noitada intimista mais animada.

Uma artista acima da média

Reasonable Woman está longe de ser o maior ato pop que esse mundo já viu. Porém, continua sendo um álbum justo, coeso e emocionante na medida certa. Ele não promete mais do que entrega e consolida Sia como a grande artista que ela realmente é.

O título do disco é propício para a mensagem que passa, mas de razoável Sia não tem nada. Ela está muito acima da média e merece tanto sucesso quanto as faixas que escreveu para outras estrelas do pop. Afinal, quem é que não lembra de “Diamonds”, da Rihanna, e “Pretty Hurts”, da Beyoncé?

A sonoridade do álbum pode até assustar os ouvintes que só conhecem os grandes sucessos da artista, mas cada verso cantado faz a experiência valer a pena. Por mais despedaçado que o coração de Sia pareça, musicalmente falando ela sempre encontra espaço para encorajar seus fãs a desafiarem os próprios limites e encontrarem formas de se reerguer. E isso não tem preço.

Ouça Reasonable Woman, o décimo álbum da carreira de Sia, e tire suas próprias conclusões:


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