Falando de Clássicos: Conheça mais sobre Top Gear

Top Gear, conhecido como Top Racer no Japão, marcou seu lugar na história dos jogos eletrônicos de corrida quando foi lançado pela Gremlin Graphics e publicado pela Kemco para o Super Nintendo Entertainment System (SNES) em 1992. 

O clássico transporta os jogadores para uma emocionante jornada ao redor do mundo, com percursos espalhados por oito países. A missão é clara: alcançar a posição entre os cinco primeiros para desbloquear o próximo desafio. Marcado pelos “vários momentos difíceis” em seu desenvolvimento, vai ser o clássico abordado hoje.

Mais sobre Top Gear

Top Gear foi o pioneiro da renomada série de oito jogos. Conquistou seu lugar na história dos jogos eletrônicos ao oferecer aos jogadores uma experiência emocionante de corrida. O desenvolvimento do jogo demandou de três a cinco meses, enfrentando diversos obstáculos e momentos desafiadores, especialmente devido à documentação escassa do Super Nintendo Entertainment System (SNES).

A trilha sonora, elaborada em apenas uma semana, incorporou significativas influências da série Lotus Challenge, destacando a habilidade da equipe em criar uma atmosfera musical envolvente para o jogo.

Apesar dos contratempos, Top Gear foi recebido positivamente pela crítica, destacando-se como um jogo rápido e divertido. Seu modo multijogador recebeu elogios, proporcionando uma experiência social envolvente. Entretanto, algumas críticas surgiram em relação aos gráficos.

Internacionalmente, Top Gear acabou sendo esquecido em alguns círculos, mas no Brasil, deixou uma marca. O jogo inspirou covers da trilha sonora e jogos inspirados no mesmo, destacando a importância da música no sucesso da obra. 

Desenvolvimento

A criação do jogo da Gremlin Graphics representou um grande desafio, demandando entre três e cinco meses de dedicação intensa. Ritchie Brannan, o programador por trás do projeto, revelou que o processo foi repleto de momentos desafiadores, chegando ao ponto de algumas pessoas na equipe dormirem em suas mesas para atender aos prazos apertados.

Apesar da experiência prévia com o NES e do acesso ao kit oficial da Nintendo, a equipe optou por forjar seu próprio caminho no desenvolvimento do Top Gear, criando seu próprio kit de desenvolvimento (dev kit). Brannan não poupou elogios ao SNES, descrevendo-o como uma “máquina excepcional para trabalhar” e destacando suas semelhanças notáveis com o lendário Commodore 64.

A documentação disponível sobre o SNES era lamentavelmente limitada, forçando a equipe a embarcar na aventura da engenharia reversa para desvendar os mistérios da plataforma. Além disso, um dos desafios mais marcantes durante o desenvolvimento foi o controle da memória ROM, pois isso impactava diretamente os custos de produção dos cartuchos, adicionando uma camada extra de complexidade ao processo criativo.

Jogabilidade

A dinâmica do jogo é simples, mas envolvente: quatro percursos em cada país, com a necessidade de atingir o top 5 para avançar e ganhar uma senha que possibilita retomar o desafio a partir do ponto em que se parou.

A tela dividida em dois, seja no modo solo, com um carro controlado pelo computador exibido na tela inferior, ou no modo multijogador.

O jogo inicia com uma interessante mecânica: três turbos carregados no início de cada corrida, conferindo ao jogador a oportunidade estratégica de aumentar significativamente a velocidade do veículo. 

A gestão desses recursos torna-se crucial, uma vez que seu uso impacta diretamente no desempenho durante a competição. Ademais, a introdução de pit stops, dependendo da condição do carro ou da duração da corrida, adiciona uma camada adicional de estratégia e realismo ao jogo, considerando que o seu carro pode ficar sem gasolina, fazendo com que você perca a corrida. 

A escolha entre quatro carros – vermelho, azul, magenta e branco – cada um com suas características distintas, acrescenta uma dimensão estratégica à jogabilidade. Além disso, há possibilidade de optar entre transmissão manual ou automática, além dos três níveis de dificuldade – “Amateur”, “Professional” e “Championship”.

Trilha Sonora

Barry Leitch, renomado por sua contribuição à série Lotus Challenge no Amiga, foi convocado para compor a trilha sonora do jogo Top Gear. A escolha foi motivada pela sua experiência prévia e bem-sucedida nesse campo. 

Surpreendentemente, Leitch recebeu o desafio de criar a trilha em apenas uma semana, um prazo que imediatamente o colocou diante de um desafio considerável.

Ao iniciar o projeto, ele deparou-se com o desconhecido ambiente de trabalho do Super Nintendo. Sua primeira incursão no manual do console revelou uma barreira linguística, com o conteúdo apresentado em chinês. Apesar dessa adversidade, Leitch mergulhou de cabeça.

O resultado inicial desse esforço árduo foi a criação da música “Mad Racer”, que se tornou a envolvente trilha sonora da primeira fase do jogo. No entanto, o tempo era escasso, e Leitch enfrentava dificuldades para compor diretamente no console. Nesse cenário desafiador, ele tomou uma decisão criativa e eficaz: adaptou músicas que já havia composto para a série Lotus, otimizando-as para a plataforma do Top Gear.

Ao reutilizar elementos de suas composições prévias, ele incorporou pequenos ajustes, como adicionar arpejos, para criar uma atmosfera sonora única e emocionante para o jogo Top Gear.

Assim, Barry Leitch não apenas enfrentou os desafios impostos pelo curto prazo e pela novidade do Super Nintendo, mas também demonstrou sua habilidade em adaptar sua expertise musical a uma nova plataforma, garantindo o sucesso da trilha sonora do Top Gear que é lembrada por muitos até hoje. Como por exemplo “a música da fase de noite”.

Impacto no Brasil

Em uma entrevista feita pela equipe do Memória Bit, o próprio programador Ritchie Brannan disse: “”Fora brasileiros, raramente encontro pessoas que se lembram de Top Gear!”.

Com toda a certeza o jogo realmente ficou marcado como um clássico lembrado com carinho, principalmente por causa da trilha sonora marcante, sendo reconhecida como uma das mais marcantes no mundo dos games pelo TechTudo. Além de um fenômeno entre os gamers, é possível encontrar o instrumental das músicas em diversas composições de músicas brasileiras ao redor do Brasil.

No cenário brasileiro, a trilha sonora de Top Gear tornou-se um fenômeno tão notável. Na edição de 2010 do evento Video Games Live, Tommy Tallarico, organizador do evento e compositor renomado, revelou que sempre recebeu insistentes pedidos para apresentar as músicas do jogo. A edição de 2016 do mesmo evento contou com a presença do compositor da trilha sonora, Barry Leitch, e na edição seguinte, Tommy Tallarico retornou para executar as icônicas músicas ao vivo.

A influência duradoura de Top Gear no Brasil também se manifestou em 2018 com o lançamento do jogo Horizon Chase, desenvolvido pelo estúdio gaúcho Aquiris. Claramente inspirado por Top Gear, o jogo contou com a participação de Barry Leitch, o compositor original do Top Gear, para criar novas composições musicais. Esse vínculo entre as duas obras demonstra como Top Gear deixou uma marca na cultura de jogos brasileira.